Por: Egidio Vaz | egidiovaz.com
No dia da solenidade de inauguração da Estrada Macia-Chokwe, presidida pelo Chefe de Estado, Presidente Filipe Nyusi, o jornalista Vasco Dava, representante da TV Sucesso, realizou uma entrevista com o Ministro das Obras Públicas, Carlos Mesquita. A inquirição versou sobre a iminente reabilitação da EN1 e a correspondente disponibilidade de recursos financeiros. Notoriamente, a questão incitou desconforto no Ministro, haja vista que a matéria já é de conhecimento público.
O Banco Mundial ainda não concretizou o desembolso dos fundos previamente acordados.
Estão em curso negociações entre o Governo moçambicano e os Emirados Árabes Unidos, visando um aporte financeiro na ordem de 800 milhões de dólares.
O Executivo moçambicano, por sua vez, não se encontra inerte; empreende intervenções focadas nos segmentos mais críticos da mencionada estrada.
É crucial observar que "quem não comunica, se prejudica", conforme reza o adágio popular. Vasco Dava, ao rotular o Ministro como arrogante em plataformas digitais, aparentemente personalizou uma questão que exigiria uma abordagem profissional. Cumpre lembrar que a comunicação é o cerne de qualquer empreendimento, e nessa instância, identificou-se um notório desalinhamento por parte da TV Sucesso, se não vejamos:
Em 16 de agosto, a Vice-Ministra das Obras Públicas inaugurou uma estrutura metálica sobre o Rio Kaichane. Quando indagada sobre a EN1, direcionou a questão ao Ministro Mesquita, que naquele instante realizava uma inspeção à EN1. Este caso ilustra uma comunicação eficiente e bem orquestrada pelo governo, onde cada porta-voz detinha uma mensagem específica para veicular.
A deficiência comunicativa da redação da TV Sucesso poderia ter sido prontamente sanada mediante uma coordenação editorial mais afinada. Isso nos remete ao ditame, "um grão não faz um celeiro, mas ajuda o companheiro". Se a redação fosse mais coesa, a questão pendente direcionada ao Ministro Mesquita em Gaza teria sido esclarecida, uma vez que ele já havia se pronunciado anteriormente sobre a matéria aos jornalistas que o acompanharam na visita à EN1 entre os dias 16 e 17 de agosto. As gravações em vídeo podem elucidar tal contexto.
O que é irremissivelmente reprovável é a conduta de Vasco Dava ao expor a questão em suas redes sociais, desrespeitando princípios jornalísticos fundamentais. "A língua resiste porque é mole; os dentes cedem porque são duros," aforisma este que sublinha a necessidade de manter a ética jornalística íntegra em quaisquer circunstâncias.
Para concluir, a EN1 está em fase de reabilitação de emergência, concentrando-se nos trechos mais críticos e financiada através de verbas do orçamento estatal. Em paralelo, o Banco Mundial encontra-se em etapas de desembolso e as tratativas com os Emirados Árabes Unidos prosseguem. O que mais poderia ser dito, conhecido ou questionado? A informação está ao alcance de todos; resta apenas que seja procurada e tratada com o rigor e a seriedade que merece. Ademais, para os atentos e que acompanham a informação de órgãos idôneos irão se lembrar de que a mesma informação já foi apresentada e discutida em sede da Assembleia da República e amplamente debatido na Rádio Moçambique, no programa Cartas na Mesa; porquanto, amplamente difundida. Não existe falta de informação quanto a esse assunto.
Em memória dos princípios enunciados por Tom Rosenstiel e Bill Kovach em "The Elements of Journalism: What Newspeople Should Know and the Public Should Expect", é imperativo recordar que o jornalismo deve sempre buscar a verdade, funcionar como um vigilante independente do poder, oferecer uma voz pública para o debate, e permanecer imparcial, entre outros mandamentos essenciais ao exercício da profissão. Nesse específico caso, parece-nos que a distração na comunicação e alinhamento noticiosos implicou na difusão de meias-verdades, o que já é perigoso e nocivo à saúde informativa, já que nesse caso, atendeu ao expediente da desinformação.