ten-coronel Manuel Bernardo Gondola
Thomas Sankará é considerado uma das grandes figuras políticas africanas do século [XX] tal como Patrice Lumumba, Amílcar Cabral, Nelson Mandela. Thomas Sankará, hoje é 'recordado' como um grande defensor não só do seu povo como, também de todos os africanos o seu objectivo era lutar contra o imperialismo e o neocolonialismo.
E...hoje para todos vocês o discurso 'irrepreensível' do jovem revolucionário, Capitão Thomas Sankará.
“Em nome do antigo sistema de dominação Norte-Sul, eu gostaria que essa Conferência declarasse, que não podemos pagar a dívida não com espírito bélico, sim para evitar ser assassinado individualmente. Se, Burkina Faso for única em negar a divida eu estarei na próxima Conferência; ao contrário, com o apoio de todos e quando decidirmos que não vamos pagar esta dívida não estamos negando nossa responsabilidade ou descumprindo nossa palavra é apenas, porquê não temos os mesmos princípios morais que os outros, entre os ricos e os pobres, não pode haver a mesma moral.
A Bíblia, o Corão não pode servir para aqueles que exploram os povos e para os explorados da mesma maneira, deveríamos ter duas edições da Bíblia e duas do Corão.
Irmãos, com o apoio de todos poderemos ter pás em casa, poderemos usar todo o potencial da África para desenvolver a África, porquê nossa terra é rica, temos suficiente potencial humano e temos grande mercado do Norte ao Sul, do Leste a
Oeste, temos capacidade intelectual suficiente para criar ou ao menos aprender a ciência e a tecnologia onde possa ser aprendida.
Senhor Presidente, apresentamos uma frente comum contra a dívida aqui em Addis Abbeba, assegurando de que esta Conferência decida limitar a carreira armamentista entre os países pobres e débeis, as marretas e facas que compramos são inúteis.
Asseguraremos que o mercado africano pertença aos africanos, produzamos na África, transformemos na África, consumamos na África, produzamos o quê necessitamos e consumamos o quê produzimos.
Burkina Faso, veio aqui para mostrar nosso algodão produzido em Burkina Faso, tecido feito em Burkina Faso e costurado em Burkina Faso para vestir nosso povo.
Eu, junto com minha Delegação, estou vestido por nossos alfaiates, nossos fazendeiros. Não há um só fio que veio da Europa, ou da América não estou fazendo um desfile de moda aqui, simplesmente eu gostaria de dizer que devemos aceitar viver da maneira africana é a única maneira de viver em liberdade e com dignidade.
Obrigado senhor Presidente,
Pátria ou Morte. Venceremos!”
Tradução e arranjos do texto: Manuel Bernardo Gondola
Maputo, aos [02] de Setembro, 20[23]