Por Edwin Hounnou
Grupos do partido no poder estão, ao nível de todas as autarquias, a recolher cartões de eleitor. Em troca, pagam entre de 200 a 300 meticais por cada cartão. É uma campanha política que visa impedir que uma larga camada de cidadãos sejam impossibilitados de exercer o seu direito de votar, reduzindo, desse modo, o número de votantes.
A redução do número de votantes só beneficia o partido Frelimo, por isso, os mobiles andavam sempre avariados e as mesas de voto foram reduzidas nas autarquias governadas pela oposição e naquelas que suspeita haver alguma simpatia com a oposição.
A redução máxima do número de votantes beneficia, antes de mais, o partido no poder, por isso, a forma da campanha de recenseamento fala por si. Havia instruções expressas para que o número a recensear fosse o mais reduzido possível que isso daria largas vantagens ao partido no poder e assim se fez. Ninguém foi admoestado, nem preso, nem indiciado por esse tipo legal de crime.
Assim, o número de mesas nas autarquias "problemáticas", ou seja, governadas pela oposição e/ou suspeitas de terem simpatias com a oposição viram as mesas de votação, drasticamente, reduzidas. As máquinas, os mobiles, passavam a maior parte do tempo "avariados" para que o número a recensear fosse o mais reduzido possível.
O atrevimento do director distrital do STAE (Secretariado Técnico de Administração Eleitoral) da Beira de instruir os seus subordinados para não registarem os macacos, antipatriotas e inimigos, como foram designados os suspeitos de que não votariam no partido Frelimo era uma táctica combinada.
Depois de denunciada a maquinação, o seu autor continuou sem nenhumas escoriações e até ao presente momento continua nas mesmas funções.
Daqui se pode concluir de que a recolha fraudulenta de cartões de eleitor, ora em curso, se trata de uma acção criminosa complementar à discriminação/exclusão de potenciais eleitores no recenseamento que deixou milhares cidadãos de fora e muitos não poderão votar nestas eleições de 11 de Outubro próximo.
Os mentores da exclusão do recenseamento são os mesmos que comandam a operação da recolha de cartões. Têm o mesmo comando político e eles visam vencer as eleições de forma fraudulenta, pois, a abstenção - voluntária ou forçada - beneficia a quem esteja a governar. Não venda nem ofereça o seu cartão seja a quem for.
Quanto menor for o número de eleitores a votarem, no dia 11 de Outubro, isso vai conferir vantagem ao partido Frelimo, que tem vindo a destruir do futuro dos moçambicanos.
O esforço que se nota tanto de excluir cidadãos suspeitos no recenseamento quanto nos impedidos de votar por terem vendidos os seus cartões, obedece a mesma lógica que se chama fraude eleitoral para manter no poder um grupo de bandidos e mafiosos.
Portanto, vender o seu cartão de eleitor aos malfeitores que lhe induzem por dinheiro ou bebida alcoólica, ou se deixar enganar por charlatães que andam a prometer paraísos que não conseguiram construir em cerca de 50 anos que estão à frente dos destinos do país, dá vantagem ao partido no poder. Não aceite que seja enterrado ainda vivo. O cartão de eleitor é sua arma para mudar o que anda mal no seu município.
Não venda a sua arma que lhe permite mudar a sua vida e construir o seu futuro! Apelamos aos cidadãos para denunciarem à policia ou às autoridades mais próximas do seu local de residência os malfeitores que lhe pedirem o seu cartão de eleitor.
O seu cartão permite-lhe escolher o futuro dos seus filhos. Não o venda nem o ofereça a ninguém. O seu cartão é a chave que abre a porta do futuro, pois, nenhum partido pode substituir a decisão do cidadão.
O seu cartão pode ajudá-lo a livrar-se de malabaristas que vivem de esquemas. Se deseja mudanças no seu município, não aceite vender o seu cartao de eleitor nem se deixe enganar!
Se deseja que os seus filhos não continuem a estudar ao ar livre e encurvados ao chão, não venda o seu cartão nem permita que lho tirem. Se deseja ver o seu posto de saúde com ambulância e medicamentos, não venda o seu cartão. Mande à fava os apóstolos da desgraça que batem à porta a pedir-lhe comprar o seu cartão.
O seu cartão é a sua única arma para eleger os bons e dedicados autarcas ou para expulsar os bandidos que comprometem o seu futuro e dos seus filhos. É a sua arma política que pode produzir milagres. Não ofereça a sua arma!
Denuncie aos que lhe pedem para vender o seu cartão! O seu cartão é uma poderosa arma para díspar contra os corruptos, malandros e ladrões que pretendem assaltar o poder sem o merecer
A recolha de cartões pela Frelimo é sinal claro de que o partido governamental não quer paz nem reconciliação nacional. Essa prática é ausência de tolerância. É não aceitar o pensar diferente. É passar por cima dos acordos e entendimentos alcançados. Recolher cartões de eleitor é desprezar a vontade soberana do povo. É impedir que os cidadãos decidam como querem ser governados.
A Frelimo quer ficar com todos os municípios, a qualquer preço. Quer continuar a comer sozinho e isso está a empurrar o país para a guerra. Nunca sairemos do beco onde se joga no duro porque é lá onde os duros se entendem.
Quem manda recolher cartões de eleitor quer guerra por saber que tira vantagem das guerras e conflitos por que o país tem passado. É um criminoso. É um incendiário.
Se essa "brincadeira" de andar a recolher cartões não terminar, o retorno aos conflitos pode ter um movimento irreversível e não vale a pena andar a chamar de belicista a este ou aquele porque, de facto, o belicista é quem manda recolher cartões de eleitor. É quem mandou fazer um recenseamento discriminatório e selectivo.
As guerras resultam de injustiças e a recolha de cartões visa perpetuar a injustiça. Governar sem ser eleito é crime. Não recensear os cidadãos é um sinal grave de injustiça. Quer vencer as eleições de maneira fraudulenta.
A injustiça impera quando um partido quer continuar no governo sem o merecer. A paz não pode resultar de empolgados discursos políticos.
A paz é inclusão. É tolerancia. Despartidarizar o estado será um passo gigantesco rumo à pacificação e reconciliação dos moçambicanos e a não instrumentalização da PRM será um gesto decisivo.
VISÃO ABERTA – 29.09.2023