No dia em que arranca a caça ao voto para as eleições autárquicas em Moçambique, o líder do maior partido da oposição denuncia "manipulações" da FRELIMO e pede vigilância aos eleitores.
No começo da campanha eleitoral para as autárquicas, o maior partido da oposição, a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) acusa a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) de manipulações.
O líder da RENAMO, Ossufo Momade, aponta o dedo ao partido no poder: "A FRELIMO não desarma dos esquemas [...] da fraude eleitoral", denuncia o político no Facebook.
"Durante o recenseamento eleitoral, assistimos à manipulação do processo, desde o impedimento de inscrição de eleitores, discriminação na base da cor político-partidária até à realização de um recenseamento eleitoral paralelo nas casas dos secretários dos grupos dinamizadores", afirma Momade. Agora, segundo o político, a FRELIMO "recrutou cidadãos residentes em distritos não autárquicos para alocar nas mesas de votação nas próximas eleições".
Além disso, diz o presidente da RENAMO, "há um plano de recrutar supostos observadores eleitorais, em número de mais de 7.000, que na verdade são membros do partido FRELIMO e terão como missão fazer o enchimento de urnas nas autarquias de Cuamba, Nampula, Milange, Alto Molocué, Quelimane, Beira e Matola".
Apelos e ameaças veladas
Ainda no seu comunicado, o líder da RENAMO exorta o partido no poder que se abstenha "desses artifícios que perigam a paz e promovem o descontentamento nacional". Todos os que cometerem fraude eleitoral, alerta Ossufo Momade, devem "assumir as consequências dos atos que irão praticar, e os moçambicanos os têm bem identificados".
Os apelos de Momade estendem-se ao eleitorado: "Apelamos a todos os moçambicanos a manter a vigilância e a denunciar qualquer ato que visa manipular as eleições e promover a fraude eleitoral".
O Consórcio Eleitoral "Mais Integridade", composto por sete organizações moçambicanas, anunciou, entretanto, que tem no terreno quase 500 pessoas a observar e acompanhar a evolução da campanha eleitoral para as sextas eleições autárquicas em Moçambique. A caça ao voto termina a 8 de outubro.
"Além da campanha, o Consórcio irá também observar a votação, o apuramento e a promulgação dos resultados pelo Conselho Constitucional", lê-se num comunicado.
Mais de 11.500 candidatos de 11 partidos políticos, três coligações de partidos e oito grupos de cidadãos iniciam esta terça-feira (26.09) a campanha eleitoral.
O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, apelou na segunda-feira a uma campanha sem "discursos incendiários e intimidatórios" ou violência contra militantes de partidos distintos.
Mais de 8,7 milhões de eleitores moçambicanos estão inscritos para votar nas autárquicas de 11 de outubro, de acordo com a Comissão Nacional de Eleições (CNE). Os moçambicanos vão escolher 65 novos autarcas, incluindo em 12 novas autarquias.
DW – 26.09.2023