EUREKA por Laurindos Macuácua
Cartas ao Presidente da República (155)
Vou ter que concordar com aquele que um dia disse que os moçambicanos são destruidores de heróis. Toda vez que aparece um individuo moçambicano a destacar-se em qualquer coisa, todo mundo em Moçambique joga pedra.
Somos invejosos por natureza!
Não sei porquê, mas os moçambicanos são os primeiros a criticar um compatriota. Somos
detonados pelos nossos próprios concidadãos! O moçambicano é um narciso às avessas, que cospe na própria imagem. Eis a verdade: não encontramos pretextos pessoais ou históricos para a auto-estima!
Vejamos o seu caso, Presidente: está a governar muito bem, mas há quem tenta deita-lo abaixo, detonar a sua governação.
Os moçambicanos têm três refeições- a gosto por dia. O SUSTENTA está a correr as mil maravilhas que até distribui dinheiro para quem quer. Encerrou-se todas bases da Renamo de maneiras que este partido já não tem como exigir nada com recurso ao cano de uma Kalashnikov. O exército matou o líder dos terroristas que dizimam Cabo Delgado. Daqui a pouco o gás vai fluir e os dinheiros resultantes disso serão distribuídos a cada moçambicano. Não temos os nossos “My Loves” para nos transportarem para onde quisermos? Não temos a TSU? A selecção nacional de futebol não se qualificou para o CAN- 2023? Afinal, o que é governar bem?
Os médicos e outros profissionais de saúde entraram em greve por causa de agitação. Foi uma mão externa que possibilitou aquilo. Mas voltaram todos aos seus postos de trabalho porque o amam, Presidente. Viram que não é preciso greve. Se querem um aumento salarial, é só pedir que o
Presidente, benevolente como é, sempre vai dar!
Mesmo o Feizal Sidat, que anda a dar voltas com os dinheiros do prémio pela qualificação dos “Mambas” ao CAN-2023, só faz aquilo porque o Presidente ainda não lhe ligou. Basta uma chamada para o dinheiro cair nas contas dos jogadores. Ao invés de 300 e poucos, até pode ser mais...
Nunca na história de Moçambique houve um Presidente inteligente, bem articulado, visionário, preocupado com o bem-estar do povo, do que o senhor. Portanto, todos os que dizem mal do Presidente, são invejosos. Invejam-lhe a carreia, o brilho, o ser bem-sucedido.
O Jean Boustani apareceu, no julgamento de Nova Iorque, com os seus pronunciamentos de que o Presidente e a Frelimo receberam algum dinheiro do calote. Seguir-lhe-iam outros invejosos que foram condenados na BO a dizer o mesmo.
Agora é a defesa de Manuel Chang, nos EUA, que diz que foi o Presidente, quando era ministro da Defesa, quem o instruiu para assinar as garantias dos empréstimos. Não é isso querer detonar-lhe?!
O Ministério Público, o nosso, nunca apurou nada disso. Até o juiz da BO, por ver que o Presidente é inocente, negou para que fosse chamado a depor como testemunha naquela indigna tenda. O Presidente até podia ter recebido qualquer coisa de Jean Boustani, mas seria desculpável, tamanha é a sua obra. Um Presidente que manda construir um aeroporto e coloca o seu nome não merece palmas?
Não ofusca qualquer crimezito relacionado com as dívidas ocultas? Que Presidente de Moçambique emprestou o seu nome a um empreendimento vistoso como o aeroporto de Gaza?!
O povo moçambicano o ama, Presidente.
Muito! Como o norte-coreano que ama o seu Kim Jong-un. E mesmo este, se fosse moçambicano, jamais seria eleito com essas percentagens de 100 por cento. Em primeiro lugar estaria, inequivocamente, o nosso Presidente.
Sucesso, em Moçambique, é a pior das ofensas pessoais. Quando o Presidente diverte-se em esplanadas em Cabo Delgado- ou quando dança, porque os “Mambas ” qualificaram-se para o CAN-, sempre haverá algum invejoso a criticar, como se comer camarão na praia do Wimbe fosse um crime capital.
Definitivamente, Moçambique não é um País para amadores!
DN – 15.09.2023