Dom Carlos Matsinhe, presidente da Comissão Nacional de Eleições, absteve-se, na noite desta quarta-feira, de votar contra ou a favor da deliberação que aprova todos os resultados das eleições autárquicas de 11 de Outubro, tal como foram anunciados pelas comissão distritais de eleições das 65 autarquias, que, entretanto foram marcadas por graves irregularidades.
A deliberação, não consensual, foi votado favoralvelmente pelos oito membros da Frelimo, dos 15 membros da CNE presentes na sessão. Os outros cinco membros, em representação da oposição, votaram contra e dois (Dom Carlos Matsinhe e Salomão Moyana) abstiveram-se. Não estiveram presentes na votação dois membros da Renamo, nomeadamente Fernando Mazanga, que teria saído antes por problemas de saúde, e Anastâcia Xavier, também por se encontrar doente.
Dom Carlos Matsinhe foi aconselhado a abster-se de votar quando a Frelimo percebeu que tinha a maioria para aprovar a deliberação. Primeiro, a Frelimo defendia voto secreto, mas a oposição queria voto aberto porque pretendia ver a tendência do voto dos membros da CNE provenientes da Sociedade Civil, cooptados pela Frelimo. Durante as discussões, os membros da CNE provenientes da oposição declararam que iriam optar por voto aberto, o que criou embaraços para o bispo porque não tinha como evitar manifestar a sua tendência de voto.
Os membros da Frelimo solicitaram um encontro rápido com o bispo onde lhe foram orientar a abster-se de votar como forma de lhe proteger porque “tinham membros suficientes para aprovar a deliberação”. E assim foi.
Votaram a favor os seguintes membros da CNE: Carlos Cauio, Paulo Cuinica, Rodrigues Timba, Mário Ernesto, Eugénia Chimpene, Daud Dauto Ussene Ibramogy, Focas Mauvilo e Alice Banze. Pela oposição, votaram contra Alberto Sabe, Bernabé Ncomo, Apolinário João, Abílio Baessa e Rui Cherene.
Ao abster-se de votar, Dom Carlos Matsinhe ignorou o conselho dos seus colegas bispos anglicanos que, em carta escrita a 22 de Outubro, apelaram para que observasse a “Lei Eleitoral e a prática de verdade” nas suas decisões na CNE.
O processo, que iniciou quarta-feira, de manhã, só terminou esta quinta-feira. Em princípio, os membros da oposição não estarão presentes hoje na cerimónia de divulgação dos resultados. (TEXTO: CIP Eleições)