Por Edwin Hounnou
Em regimes democráticos, as eleições são para o povo julgar o governo, autoriza-lo a prosseguir ou condená-lo e substituí-lo por outro. As eleições servem para dar a oportunidade ao povo de expressar a sua vontade. A vontade do povo só pode ser respeitada se os órgãos eleitorais (Comissão Nacional de Eleições e Secretariado Técnico de Administração Eleitoral) forem livres das amarras político-partidárias.
Enquanto os órgãos eleitorais estiverem sujeitos a um partido, todos os seus podem ser bispos, padres e freiras em nada vai mudar o seu modo de funcionar - carimbar fraudes. Podem fazer missas todos os dias que isso não vai salvar a CNE do pecado original. Jamais obedecerão a vontade do povo. Eles disseminam a vontade de quem os criou, os mantêm e os alimenta, recheando-os de mordomias e invejáveis salários. Ficou demonstrado que a CNE e o STAE estão ao serviço da Frelimo e não do país.
Em regimes antidemocráticos, as eleições não servem para o povo decidir sobre nada. Constituem um ritual sem nenhum significado na vida dos cidadãos. Aí quem nenhuma ganha uma eleição não é o povo mas aquele que mantém o controle dos contam. Quem vota não é muito importante e o povo vai ficando cada vez mais convencido de que está a perder seu tempo saindo de madrugada para a fila de votação ou permanecer na sua assembleia de voto porque o seu voto não é importante para vencer uma eleição.
É assim como decorrem as eleições em regimes ditatoriais e nos que se fingem democráticos. O voto do eleitor não muda nada. Os regimes antidemocráticos não caem em função de uma eleição, muito pelo contrário, eles se sentem legitimados pelo seu voto. Os regimes antidemocráticos caem quando o povo acordar furioso e ocupar as ruas, jardins e passeios. Os ditadores têm medo do povo consciente e não do voto.
Em Moçambique, desde que foram introduzidas eleições autárquicas, estas de 11 de Outubro, foram as piores de sempre. Para os que duvidavam sobre que rumo o país estava a tomar, agora tudo ficou cristalino - está instalado um regime ditatorial e corrupto. O regime da Frelimo não respeita a vontade popular. Assim como as coisas andam, não vale a pena participar da farsa. Partimos da base de que o vencedor das nossas eleições é conhecido com antecedência, logo, é perder tempo meter-se nesse tipo de jogo sujo. Se as eleições já têm um pre-vencedor, é uma tolice participar do jogo.
Uma competição anima quando tiver uma arbitragem independente e o vencedor é conhecido no fim do jogo. Vamos às eleições com o vencedor já conhecido e isso não se deve à fraqueza dos adversários. Andamos nisso desde que as eleições multipartidárias começaram e insistimos em nos rotular de país democrático. Estamos nos enganando. De democracia nada temos. Domina o país um partido com espírito de partido único que, para se prevalecer no poder, não precisa esconder que faz fraudes. Desta vez, apesar de um estrondoso NÃO popular, o ladrão pulou o muro para adulterar os resultados eleitorais. A Frelimo é, claramente, contra o povo.
Nenhuma guerra nasce do nada e nós pouco fazemos para preservar a paz, concórdia e reconciliação. Todas as eleições que se realizam só servem para alimentar guerras e nos deixam à beira do fogo das armas. Alguns políticos da Frelimo ainda não assumiram a ideia de que pertencemos ao mesmo país e temos os mesmos direitos e deveres. O país é da Frelimo. É sua propriedade. Os demais são párias, gente sem importância. A Frelimo não é democrática. A Frelimo violenta e arranca o poder.
Fazer enchimento de urnas é comprar a guerra. Distribuir boletins de voto fora do circuito normal é convidar a guerra. Andar a recolher cartões de eleitor pelos bairros é bombardear a reconciliação. Aliciar eleitores com 500 MT de crédito é viabilizar a paz. Prender delegados de candidatura de outras formações políticas é ser inimigo da paz. O Partido Frelimo é contra a paz. É contra a reconciliação dos moçambicanos.
O povo está cansado do banditismo e golpes baixos que a Frelimo vem protagonizando. Os concorrentes - Renamo e MDM - não deveriam aceitar os resultados da Frelimo por serem falsos e contra a vontade popular. Aceitar esses resultados é trair o povo. É aliar-se a bandidos, corruptos e fraudulentos.
Pesando bem as nossas palavras : 1. Estas eleições foram ganhas pela Oposição. 2. As guerras por que temos passado nunca nasceram na Rodésia nem na Africa do Sul. 3. As guerras que nos têm dilacerado foram paridas, movidas e alimentadas pela Frelimo.
CANAL DE MOÇAMBIQUE – 25.10.2023