Quando comecei a pensar em escrever o livro resisti à sugestão de alguns editores para que me debruçasse sobre uma história geral de Angola durante os últimos dez anos. Isso, creio eu, é uma tarefe impossível quando a guerra civil ainda grassa. Por esse mesmo motivo mantive o meu plano original de contar a história de Angola tal como tinha sido vista e vivida
por um dos principais actores no drama. É, por conseguinte, uma história parcial, e eu próprio não sou imparcial, se bem que tenha procurado ser intelectualmente tão rigoroso quanto possível. A minha opinião pessoal só é exposta no último capítulo do livro, mas não há dúvida que os leitores vão descobrir os meus preconceitos em passagens onde julguei estar a ser modelo de objectividade e imparcialidade.