Por Edwin Hounnou
A democracia, em Moçambique, está a escassos metros do tipo da democracia que se vive e se faz na Koreia do Norte do pankista, Kim Jong - Un. Lá, é o incontestável líder que determina a percentagem com que deseja vencer uma eleição é sempre ganhou todos os p.eitos eleitorais com 100 porcento dos votos, tanto na disputa pela liderança do partido quanto pelas presidenciais, na chefia do estado. A Frelimo dos dias que correm não só se espelha assim como se inspira nas práticas da democracia da Koreia do Norte.
Ainda nos recordamos dos tempos de Samora Machel em que os deputados eram presos em plena sessão dos trabalhos da Assembleia Popular, por ordens do líder.
O último congresso do partido Frelimo elegeu Filipe Jacinto Nyusi com 100 porcento de votos o que, à partida, era bastante suspeito para quem sempre acreditou que aquela organizou se diz democrático e respeitar as diferenças de pensamento e de opinião.
Em democracia não há eleições que se vencem com 100 porcento de votos. Não há diferença de opinião nem de ponto de vista entre 3 mil a 5 mil delegados ao congresso? Como se pode ver que a ausência da liberdade de opinião e de pensamento seja um facto real. A tal democracia que tanto se fala, no seio da Frelimo, não passa de uma falácia. Uma mentira. Um artifício para enganar a atenção do público mais distraído.
Nas presidenciais de 2019, Filipe Nyusi venceu as eleições com 73 porcento, o que era muito suspeito por ter havido enchimentos de urnas e violência policial para favorecer o partido no poder, como sempre tem sido.
A tendência de ficar com 100 porcento prosseguiu. Agora nas eleições autarquias, de 11 de Outubro 2023, em 65 autarquias, a Frelimo "venceu" em 64, portanto, subindo, desse modo, a fasquia para 98,46 porcento, o que é impossível e inaceitável. Poderia ser compreensível se esses resultados ocorressem logo a seguir à independência, quando todos sonhavam com a independência e todos queriam ver o fim do colonialismo.
Ao longo dos longos 48 anos que leva no poder, a Frelimo cometeu muitos erros e crimes que deixaram o povo muito revoltado.
A Frelimo tornou-se intragável, virou o principal responsável pelos problemas por que o país passa e, em tais condições, é impossível pretender vencer uma eleição com 100 porcento de votos.
O que o povo deseja é ver a Frelimo no caixote de lixo da História. Os moderados dizem que o lugar da Frelimo deveria ser no banco da oposição enquanto os radicais gostariam de vê-la no banco dos réus para pagar pelos crimes que vem cometendo contra o povo tais como fuzilamentos, assassinatos, corrupção endêmica nas instituições públicas, raptos narcotráfico que se suspeita que esteja a ela associada e fraudes eleitorais.
É ingenuidade pensar que a Frelimo domina o cenário político do país. Durante anos se pensou que a oposição era preferência no Centro e Norte, à excepção de Cabo Delgado, mas estas eleições demonstram que,a região Sul, também, já não quer a Frelimo, incluindo Chókwe e Xai-Xai. Acabou a hegemonia que a Frelimo gozava no Sul que até julgava poder dispensar fazer campanha para vencer uma eleição. Ouvíamos, igualmente num passado recente, que a Renamo poderia dispensar a campanha na Beira, que qualquer um bastava vestir-se da Renamo para vencer. O tempo tem demonstrado a falsidade dessa suposição.
Na medida em que o tempo passa, as vontades também mudam e alguns políticos que não enxergam esta dinâmica.
Daviz Simango, em 2008, sem suporte formal de um partido, fez descarrilar a Renamo e a Frelimo na Beira, quando concorreu como independente. Os dirigentes da Frelimo continuam agarrados a velhos paradigmas de sobrevivência política, socorrendo-se da máfia e fraude eleitoral.
A classe dirigente da Frelimo como não consegue se ver fora do poder, por isso, ensaia manobras políticas de cariz criminoso tais como enchimentos de urnas com votos falsos, alteração e rasura de editais, violência policial e a cooptação dos órgãos eleitorais, designadamente, a Comissão Nacional de Eleições e Secretariado Técnico de Administração Eleitoral. Desta vez, o rei vai em pijamas de Adão na praça pública. Jogou o país caiu na lama. A Frelimo mostra que não ideal político. O seu ideal é somente o dinheiro. Vergonha da cabeça aos pês!
Os dirigentes da Frelimo querem comer, encher os seus bolsos de fundos públicos. Quanto a nós, a Frelimo está cansada e a comprometer o futuro do país e a arrastar o país para o matope.
Os partidos que levaram os povos dos seus países para um beco sem saída, acabam sendo varridos. Por onde andam os partidos comunistas dos países do leste europeu, congêneres da Frelimo? - foram varridos da História. A Frelimo terá o destino igual se prevalecer a ganância de governar sem legitimidade.
A Frelimo que se acautele enquanto é tempo! Os ventos da História sopram fortes que partem a coluna vertebral dos que se posicionam contra a vontade dos seus povos.
CANAL DE MOÇAMBIQUE – 15.11.2023