Os bancos, seguradoras e outras instituições financeiras são as únicas empresas que nunca são afetadas pelas crises cíclicas que afectam os países em africanos e o mundo. Mesmo em contexto de COVID 19, das cheias e ciclones, tsunamis devastadores, crises eleitorais e insurgências internas e guerras na Ásia/ Oriente Médio (Ucrânia, agora Faixa de Gaza) conseguem abalar a lucratividade e rentabilidade dos bancos. Apesar dessas crises e catástrofes, os lucros dos bancos continuam a crescer em flecha, aos mil porcento. Até pelo facto, ouvimos recentemente os empresários (o CTA) a sugerir que o Governo devia tributar mais os bancos para compensar esses lucros astronómicos.
Mas porque será? Deve haver conluio silencioso entre os bancos comerciais e o banco central. Com que base o banco central aceita os preçários cobrados nas diferentes transações bancárias? Se esses preçários permitem os bancos fazerem lucros bilionários e as respectivas margens astronómicas, não seria motivo para o banco central avaliar até que ponto essas taxas afectam negativamente os clientes (sobretudo as famílias as empresas privadas, etc.)? Qual é a taxa máxima de retorno aceitável por exemplo, num investimento de instalação de uma ATM por um banco? Se uma ATM, após as cobranças de comissões de transações, o banco fica com lucros astronómicos e margens de rentabilidade de mil porcento, quer dizer que os clientes é que estão a sofrer com essa ganância. Os bancos comerciais devem mandar no Banco Central a ponto de se aceitar tais comissões absurdas de transações que só beneficiam os bancos e lesam o já miserável cliente e inviabilizadas empresas privadas, sobretudo as pequenas e médias (PMEs), sem pestanejar. Não haverá algum cartel ou sindicato para indicação e controlo/ manipulação dos administradores do banco central e mesmo do próprio governador pelos bancos comerciais ou seus accionistas principais?
Outro jogo que nunca ficou claro são os critérios objectivos para os agravamentos constantes do Prime Rate, a taxa de juro de referência no sector bancário, que acaba determinando o custo do dinheiro ou dos empréstimos que financiam a economia. Com as taxas de juro proibitivas e tem sido agravadas de tempos em tempos, contribuindo para empobrecer ainda mais as famílias e inviabilizar as PMEs, era altura para o Banco Central parar para reflectir para determinar quanto concretamente precisam os Bancos Comerciais de nível de Prime Rate para recuperarem os seus investimentos. Se isso desemboca nos lucros astronómicos que temos assistido, então nem é preciso fazer cálculos e nem precisa de ser bancário ou financeiro para perceber que essas taxas de juro são excessivas. As taxas de juro e as comissões de transações deviam estar a certo nível que permite recuperar os investimentos (justos) feitos pelos bancos e geraram lucros e margens de lucros modestos e socialmente responsáveis e não essa agiotagem que temos vindo a assistir de margens de mil porcento e lucros diabólicos e draconianos, até nos tempos de crises.
Os Bancos Comerciais devem estar a mandar no Banco Central. Vimos recentemente o Standard Bank Moçambique a ser suspensa do Mercado Cambial Interbancário por manipulações e certas contraversões. Apesar de ter sido autuada pelo Banco Central. A questão que fica é que como é que o Standard Bank ousaria em entrar em tais aventuras? Quantas vezes fizeram a mesma coisa no passado em benefício próprio e prejuízo dos clientes e da economia e ninguém fez nada? Quantos outros bancos estão envolvidos em esquemas, sonegações e roubo aos clientes e nada acontece? Não seria motivo para pensarmos que algumas multas que se tem publicado aplicadas contra os bancos comerciais é feito para o inglês ver? Para encobrir muito mais trafulhices e concluo entre os Bancos Comerciais e o Banco Central? Na semana passada (notícia fresquinha da silva), o mesmo Standard Bank (junto com outros 17 bancos) foi acusada e admitiu ter manipulado o Rand (de novo, o mercado cambial) na África do Sul e vai pagar cerca de 43 Milhões de Multa ao Governo da África do Sul através da Comissão de Concorrência. Portanto, estamos perante um fenómeno continental! E porque uma multinha irrisória? Porquê o Governo não suspende ou nacionaliza de vez tal banco perante actos criminais e suicidas contra a economia e o custo de vida dos cidadãos, sobretudo os mais pobres?
Estes factos e outras dúvidas vão nos levar a mergulhar numa meticulosa investigação dos milionários ou mesmo bilionários lucros dos bancos comerciais. Os resultados dessa investigação/ análise irão ser publicados de quando em vez neste espaço, como forma de chamar a quem de direito para investigar o casamento bancos comerciais e banco central, que pelo que se depreende, é tóxico para a economia e factor de agravamento da situação de pobreza e custo de vida que afecta as famílias moçambicanas e inviabiliza as PMEs que são as maiores empregadoras e se permitidas funcionar num economia transparente, podem constituir um verdadeiro motor de crescimento e desenvolvimento da economia moçambicana.
(Recebido por email)