Por: Fernando Mabica
Senhores Presidentes: Joaquim Alberto Chissano e Armando Emílio Guebuza;
É com muita preocupação que escrevo esta carta, com a esperança de que a mesma possa chegar aos demais leitores e os respectivos destinatários.
Excelências, o País está a ser fustigado com uma onda de protestos em quase todos os locais onde ocorreram as eleições autárquicas de 11 de outubro passado, movidos ou encabeçadas pelos políticos da oposição, depois da Comissão Nacional de Eleições (CNE) ter divulgado os resultados que deram vitória ao partido Frelimo nas 64 autarquias.
Senhores Presidentes, são membros seniores do Partido Frelimo e já foram presidentes do mesmo. Apesar dos resultados até aqui anunciados terem conferido vitória também ao Movimento Democrático de Moçambique (MDM) na Cidade da Beira, partido este liderado por presidente Lutero Simango. Entretanto, a Renamo e a Nova Democracia (ND) reivindicam vitórias em determinadas autarquias, mas debalde, graças acção “maléfica e antipatriótica da ‘team CNE/STAE’”.
Excias, não sei se é do vosso conhecimento, mas a verdade é que os vossos membros estão a passar por momentos muito tenebrosos, andam com medo de se identificar como frelimistas, sob pena de sofrer agressões por parte das pessoas que já se sentem fartas da liderança do vosso partido.
O alto nível de pobreza, corrupção, falta de oportunidades para quase todas as faixas etárias, já está criando fadiga aos moçambicanos no geral, sendo assim, com estas eleições autárquicas que acabam de ocorrer, as pessoas tentaram fazer o contrário, votaram noutros partidos políticos com a esperança de experimentar uma nova liderança, e deve ficar claro, as pessoas não só votaram na oposição por amor nesses partidos, mas sim, por desespero e com esperança de que pelo menos estes possam fazer algo um pouco diferente e, agora com essa falta de verdade eleitoral, a população viu negadas suas vontades por um grupo de gente que não quer que a democracia tenha espaço neste País.
Senhores presidentes será que não acham que no meio desta turbulência toda, têm o dever de dar o vosso contributo face a este problema que o País está atravessando? Porque cada dia que passa, está se tornando mais crítico, tomando em conta, que Sua Excelência Presidente Chissano é visto como obreiro da paz no mundo e aqui no País estamos em constantes conflitos – porque esta contrariedade? Então por favor, Senhor Presidente, não fique no silêncio, faça alguma coisa para salvar o seu País, não só a Frelimo, mas sim, toda a nação moçambicana porque se em 1976, o seu governo travou uma guerra civil contra a Renamo, hoje é quase todo o povo moçambicano que se nada for feito, terá que ser combatido por exigir a verdade eleitoral. Se a situação prevalecer, isso será desastroso porque o povo continuará a sofrer.
Por favor, senhores presidentes usem a vossa engenharia de conhecimento para salvar o país desta eminente confusão, porque estamos a viver como se estivéssemos numa situação de “Relógio bomba” que a qualquer momento pode explodir e criar um “tsunami social” jamais visto em Moçambique.
Por favor salvem o nosso País, não deixem que isto chegue a outros extremos.
O Presidente Armando Emílio Guebuza disse durante uma palestra realizada no espaço Galeria do Porto de Maputo, no dia 19 de janeiro, aquando da celebração do seu 80º aniversário natalício, denominada “Armando Emílio Guebuza, uma história de autoestima”. Guebuza disse que, “o povo não morre, o povo é forte”.
E é exactamente este ‘povo forte e imortal’, que viu a sua liberdade eleitoral a ser negada por uma CNE, liderada por um religioso de nome Dom Carlos Matsinhe.
E quero terminar a minha missiva, dizendo que a paciência dos votantes e do povo está esgotando a cada dia que passa e a Frelimo virou um partido sem dignidade e sem respeito, se que tinha antes, é preciso dizer aqui, que os seus membros andam escondidos e sem paz, por temer violência, por aqueles que uma vez decidiram mudar o xadrez político nacional, tentando trocar a liderança através do voto, por favor seja reposta a verdade eleitoral, vença quem realmente mereceu a confiança dos moçambicanos, e nada de desviar a verdade popular, porque o povo é forte e o povo não morre, deixem a vontade do povo expressar-se, para evitar convulsões sociais, ódio e divisão entre os moçambicanos.