Quase um mês e meio depois das VI Eleições Autárquicas de 11 de Outubro1, e cerca de um mês depois da proclamação dos resultados dessas eleições pela Comissão Nacional de Eleições2 (CNE), o país continua mergulhado numa crise pós-eleitoral devido à fraude que consistiu, essencialmente, na desvirtuação da vontade do povo expressa nas urnas. Desde o dia 12 de Outubro, o povo está nas ruas, faça chuva, faça sol. Nessa luta, o povo parece estar disposto a enfrentar tudo e todos, incluindo a Polícia que se tem mostrado um instrumento ao serviço da fraude, reprimindo as manifestações com violência, tendo já provocado 15 mortos3 e dezenas de feridos. O desfecho desta crise é de previsão hercúlea. Mas há dois cenários possíveis: transcender para um caos generalizado ou retomar-se à normalidade. Tudo depende do Conselho Constitucional, qual tribunal de última instância, a quem cabe a última palavra em matéria eleitoral. A Renamo, que está a liderar as manifestações, rejeita os resultados apresentados pela CNE. Diz que venceu as eleições em 15 municípios e tem provas, por isso, só aceita a vitória ou a repetição das eleições.