A Frelimo ainda não indicou o futuro Presidente da República.
A indicação do candidato à Presidência da República há poucos meses ou semanas das eleições, acarreta riscos de se levar à Ponta Vermelha, um Presidente totalmente despreparado e sem cultura de estadista e de nação.
À Ponta Vermelha tem de ir alguém que já tenha bebido um pouco da cultura de que Moçambique começa do Rovuma e termina em Maputo, que Moçambique não se circunscreve a uma etnia, nem a um triangulo distrital de origem. Para isso, é preciso que o futuro presidente tenha tempo de aprender, com tempo, o que é ser presidente de um país vasto, como Moçambique pois, se isso não for equacionado, de repente chega à Ponta Vermelha um presidente que pensa que alí é o distrito dele de origem ou é o lugar para, a partir dele, servir a sua etnia de origem.
Não se pode viver ou repetir os mesmos erros pois, até as virtudes, também mudam, apesar de serem boas.
Igualmente, se digo que o próximo Presidente da República advirá da Frelimo, é por razões óbvias pois, nessa matéria de ser inquilino da Ponta Vermelha, não posso contar com Ossufo Momade ou Lutero Simango pois, ambos são Presidentes dos seus partidos mas, não são presidenciáveis.
A Marca Ossufo Momade ou Lutero Simango, diferentemente da Renamo ou MDM, não vendem, não têm carisma, não são marcas aceitáveis para serem levadas a uma disputa de nível nacional, são marcas maioritariamente locais ou regionais.
Uma marca presidenciável, para vender, tem de ter carisma de índole nacional ou contar com uma máquina para fazer essa imagem.
Veja-se, por exemplo que o candidato da Renamo, em todos os pleitos eleitorais, disputa com algum equilíbrio, a sua eleição nas regiões Norte e Centro mas quando atravessa o Save, amealha goleadas ou seja, se a Renamo quiser fazer algo diferente, terá de encontrar um candidato que dispute o eleitorado "radical" do Sul do Save e depois, ir navegar mais à vontade no Centro e Norte, diferentemente do candidato da Frelimo que, devido a máquina que o sustenta, consegue manter os equilíbrios necessários no Centro e Norte e terminar a missão em grande, no Sul.
A Renamo vale-se mais, por ser Renamo mas não por causa de Ossufo Momade.
O mesmo se diz de MDM, também vale mais por ser MDM mas não por causa de Lutero Simango.
Se a Renamo quiser que o seu candidato às presidenciais esteja em condições de dar luta, alguma luta ou espectáculo animado, esse não terá de ser Ossufo Momade.
O mesmo se diz em relação ao MDM.
Diferentemente das Eleições Autárquicas, as gerais e presidenciais, não são susceptiveis de muita disputa quanto ao seu vencedor no que à Ponta Vermelha diz respeito ou seja, com mais ou menos luta, são eleições com um vencedor anunciado.
As eleições autárquicas foram renhidas porque os votantes foram as pessoas da cidade, pessoas informadas e inconformadas, diferentemente do voto do campo e da maioria do povo não alfabetizado.
Não sei se Ossufo Momade terá a humildade e coragem necessária para assumir que ele não é presidenciável, que tem ou pode manter a presidencia da Renamo, se essa for a vontade do seu partido ou dos militantes mas terá de encontrar um candidato mais carismático para ser apresentado para concorrer à presidência.
Que fique claro que com Ossufo Momade, a Ponta Vermelha deve ser esquecida e a Renamo concentrar-se na Assembleia da República onde tem muitas chances de ganhar acentos e tornar-se uma bancada verdadeiramente audível.
Com Lutero Simango, pior ainda. Ele só pode vender em zonas bem restritas, o MDM tem mais possibilidades de disputar lugares na Assembleia da República, em todo o território nacional, do que o Lutero Simango à presidência.
A Frelimo, por razões históricas, tem a obrigação de não repetir o erro de 2014 mas antes, a Frelimo deve ter a coragem necessária para se livrar de mafiosos que deram causa ao divórcio com a população urbana e não só.
É um facto notório que a Frelimo está assaltada e tomada por gangs de mafiosos de toda a espécie.
Todos só querem o partido para poderem ter acesso às oportunidades, enriquecer, bem ou mal, gritarem o nome do partido, de boca para fora mas dentro deles, o propósito é totalmente pessoal.
É direito soberano da Frelimo escolher se prefere continuar a deixar-se guiar por contrabandistas ou celebrar a paz e reunificação com o povo.
A Frelimo não pode, nem deve continuar a ganhar eleições à moda das autárquicas deste ano.
A grandeza da Frelimo deve advir dos seus feitos e não das máfias das pessoas que hoje tomaram conta dela.
O Partido Comunista Chinês, anualmente faz limpeza no partido, varre os mafiosos e, não é por acaso que a China é o que é, em matéria de desenvolvimento. O desenvolvimento de um país não compadece com a corrupção ou com o egoismo.
Na China, qualquer dirigente do partido ou estado, escolhe se quer estar do lado da honestidade ou do lado do tráfico ou do crime.
Se escolher estar do lado do crime, tem de rezar para que Deus lhe acompanhe toda a hora pois, em caso de falha, já sabe o que lhe espera.
Já agora, o que faz com que a Frelimo não mande embora os infiltrados de sempre se fala o partido estar infestado? Graça Machel, Fernando Faustino, Tomás Salomão e já agora, Samora Machel Junior, já os ouvimos falarem publicamente de o partido estar infiltrado. Que medo a Frelimo tem de começar a limpeza interna. É que mesmo nós que não andamos nas entranhas do partido conseguimos ver e sentir de que esta Frelimo de hoje, não é aquela de ontem, muito menos de anteontem. É outra.
Na China, os corruptos fogem do partido, em Moçambique, os corruptos fogem para o partido e, quando lá chegam, fugindo de qualquer coisa, são aplaudidos, tal como aplaudimos os corredores, quando cortam a meta, em competições de Atletismo.
Damião Cumbana