Por Edwin Hounnou
A Frelimo mudou muito e mudou muito para mal. Vai de mal a pior a muito pior. Os que esperavam por melhorias na sua actuação, podem tirar o cavalinho da chuva porque isso não vai acontecer nos próximos tempos.
O Partido Frelimo virou um grupo de malfeitores, de perigosos assaltantes do futuro do povo. Um navio à deriva.
A Frelimo compara-se com um navio que, no alto-mar, afunda os sonhos do povo de Moçambique. E os que pegaram em armas para expulsar o colonialismo não fizeram para substituir o colono branco por outro colono de cor preta porque, se assim fosse, não teria valido a pena expulsar um colono para, no seu lugar, vir um outro da pior espécie que rouba o futuro do povo e compromete o desenvolvimento . Vale mais um feiticeiro conhecido, que um que não se conhece. Se a independência tinha em vista fazer o povo sofrer, então, a sua luta foi em vão.
Ninguém pegou em armas para ter uma bandeira, uma moeda nacional e um presidente preto na Praça da Ponta Vermelha.
A Frelimo "desconseguiu" dar volta à neocolonização. Permitiu que a corrupção fosse instalada em toda a linha da administração pública, o calote fosse a marca que fechou as portas do país e o partido no poder fosse tomado como governo.
A discriminação com base no pensar diferente continua uma prática corrente. As nossas eleições são uma ilusão para enganar porque os resultados são fabricados. Não são reais. Os vencedores são, antecipadamente, conhecidos. Não anima pertencer a um grupo de malfeitores. Não honra estar associado a bandidos e ladrões de votos.
Caçadores furtivos para se livrarem da justiça, às pressas, se proclamam membros da Frelimo e, assim, ficam impunes. Os corruptos quando procurados pela justiça, tudo fazem para se parecerem membros da Frelimo, produzem vídeos e lançam-nos ao ar para intimidar ou enfraquecer a justiça. Mobilizam amigos para as fileiras do partido a que dizem pertencer. Fazem entrega de cartões a supostos novos membros que conseguem enganar e aparecem associados a outros que se fazem de militantes de longa data, principalmente, em tempos eleitorais. Assim, o tempo vai correndo e seus processos ficam engavetados nos gabinetes dos magistrados que defendem um regime apodrecido.
Aqueles que se acharem perseguidos pela justiça por terem roubado, matado uma palapala ou apoderado de algo de outra pessoa, procura filiar-se à Frelimo para que possa levar uma vida tranquila e seja temido pela justiça.
Os caçadores furtivos, quando surpreendidos pela polícia a abater animais, para terem paz, declaram-se que são do partido no poder e por ele morrem de amores. Os exemplos são aos montes. O partido no poder virou um refúgio de bandidos e malfeitores. Os que se pretendem esquivar-se da justiça, têm na Frelimo um porto seguro.
Os que cometem fraudes eleitores frequentes o fazem com base de que são da Frelimo e nada lhes acontecerá. Fazem enchimentos de urnas com votos falsos, os presidentes de mesa de voto não assinam os editais e continuam imunes e os tribunais, o Conselho Constitucional vão na onda de reprovações massivas das reclamações alegando falta de impugnação prévia para, de forma intencional, favorecer o partido no poder. É um jogo da máfia. Um jogo de bandidos lutando pela sobrevivência.
Mais do que em qualquer outro momento, nas eleições de 11 de Outubro de 2023, ficou demonstrado que a Frelimo nunca deixará o poder por voto. As eleições têm um significado profundo em democracia.
Em países democráticos, o povo decide por quem deseja ser governado, escolhe pelo voto e a sua vontade é respeitada. Em sistemas antidemocráticos - sejam autoritários, híbridos ou ditatoriais - como é o nosso caso, as eleições são uma brincadeira de adultos jogando batota, um simples passatempo, uma brincadeira para entreter e ludibriar os mais distraídos.
As eleições, entre nós, não mudam nada e são manchadas pela parcialidade da polícia, pela falta de independência dos órgãos eleitorais. Os tribunais fazem o jogo do partido no poder e negam ao povo a justiça eleitoral. As eleições, entre nós, não servem para nada.
O Conselho Constitucional é o grande tribunal do partido no poder. Ninguém acredita nas eleições que confirmam bandidos, corruptos e caloteiros, apoiados por caçadores furtivos e outros fora-de-lei que pululam na nossa praça politica.
As eleições são um instrumento legítimo de defesa, em democracia. Os gatunos têm medo do povo na rua, protestando pelos seus direitos. Não têm medo do voto nem do pobre porque são eles que contam o voto - podem subtrair, deitar fora, jogar para o fundo mar ou queimar.
O antigo ditador soviético, Joseph Stálin dizia que o votante não conta para nada. Quem conta é quem conta. Isso é verdade insofismável entre nós. É o que vem acontecendo. Eles determinam quem deve vencer uma eleição e quem deve perdê-la, independentemente de votos.
As nossas eleições têm um vencedor antecipado, a seguir a isso é o cumprimento de meras formalidades burocráticas. As nossas eleições deixam toda a gente confundida porque os que dizem que ganharam, nada ganharam e os que perderam, não perderam.
CANAL DE MOÇAMBIQUE 08.11.2023