ten-coronel Manuel Bernardo Gondola
Novembro de 19[89], uma inesperada aceleração na história finalmente fez o bloco soviético já em crise sofrer um colapso. A multidão de berlinenses cruzando o muro entre os dois Estados alemãs, simbolizará eternamente esse acontecimento. Quem poderia imaginar que menos de [2] anos depois os cidadãos eles novamente derrubariam a estátua de Lénine, o próprio berço do Comunismo, esse outro símbolo estará para sempre ligado a desintegração da União Soviética [US]. Entre essas duas datas ouve uma série de acontecimentos que alguns achavam imprevisíveis e outros inevitáveis.
[02] de Dezembro de 19[89] o primeiro acontecimento dessa série teve lugar a 4.000 quilómetros de Moscovo, em dois navios assolados pela tempestade de mediterrâneo, ao lado da Costa de Malta era a primeira reunião entre Mikhail Gorbatchev, Secretário-geral do Partido Comunista [PCUS] da US e George Bush o Presidente dos Estados Unidos [EU], recentemente eleito.
[Stephan Cohen-Estudioso Liberal da União Soviética] - “Foi muito engraçado porque havia uma tempestade enorme e os barcos não puderam se aproximar e Bush ficou enjoado e Gorbatsove também ficou, todos ficaram enjoados”.
Os dois homens, que navegavam ao encontro um do outro, naquele mar tumultuado eram os líderes das duas maiores superpotências do mundo. George Bush, Presidente dos EU, a menos de um ano sucedera a Ronaldo Reagan o homem que se referia a US como um Império do mal e que havia levado a um clímax o confronto nuclear com o bloco Soviético. Bush continuaria com a política do seu antecessor.
Mikhail Gorbatchev, era Secretário-Geral do PCUS desde 19[85]. Na época ele tinha [54] anos. Trouxe o espírito jovem a liderança do Partido e deu iniciou a reforma radicais. Nos assuntos exteriores ele, levantou a cortina de ferro, permitindo que países satélites da US tais como; a Polónia, a Hungria, Checoslováquia recuperassem o controle do destino de suas Nações. No âmbito doméstico interno, empreendeu a democratização do País, cunhando dois lemas revolucionários: Glasnossti e Perestróica. Glassnosti queria dizer liberdade de expressão e Perestróica queria dizer restruturação dos sistemas políticos, económico e social.
[Mikhail Gorbatchev] - “pessoas perguntam o que é Perestróica. Bom…é trabalhar seriamente. Isso é, o que é a Perestróica. É ajudar os outros; é sentir o apoio dos outros. Isso é o Socialismo”.
[Grigry Yavlinsk: Economista Liberal-Autor do Programa dos 500 dias] - “Logo, que o Gorbatchev disse, agora vocês podem falar…, foi o fim…, depois disso não era mais possível parar ou voltar atrás. Era tarde demais. Tudo flui daí”.
No entanto, em 19[89] o resultado era tão duvidoso, mesmo que a sociedade soviética estivesse começando a respirar; mesmo que a censura a impressa tivesse sido abolida e que as liberdades individuais estivessem sendo mais respeitadas e que, as prisões arbitrárias tivessem desaparecido, a vida quotidiana dos soviéticos se deteriorava, foi quando a reunião de Malta teve lugar.
[Andrei Grachev: Porta-voz e assessor de Gorbatchev] - “Gorbatchev, chegou a reunião de cúpula em uma posição extremamente fragilizada. Gorbatchev, tinha uma meta crucial, obter dos Americanos o fim da escalada nuclear; por motivos morais, claro por motivos económicos. A redução drástica dos gastos militares o ajudaria a financiar sua famosa Perestróica e elevar o nível de vida seu povo”.
[Mikhail Gorbatchev] - “Não só os países Europeus; mas o mundo inteiro estava atolado nessa Guerra fria. Você, tem que perceber que…, União Soviética e os Estados Unidos, tinham enterrado muitos bilhões de dólares na corrida armamentista. Imagine o que poderia ter sido feito com esse dinheiro”.
[Stephan Cohen] - “No mês anterior da reunião, a Administração Bush esteve dividida. O Presidente Bush levou todo o seu Comando para Campo David, que é a Residência Presidencial de férias e…, convidou para fazer uma palestra, para todo seu Comando duas pessoas, que representavam visões académicas americanas diferentes a respeito de Gorbatchev. O Professor Richard Pfhaff, que não confiava em Gorbatchev e não acreditava nele e achava que a Perestróica era um truque e Steve Cohen. Cohen em 1989, tinha um bem conhecida visão de que, Gorbatchev representava para os EU, uma oportunidade histórica de terminar a Guerra fria. Depois que Pfhaff falou e eu falei, fizeram perguntas e imediatamente ficou claro que o Presidente já tinha planos decididos, que ele iria acabar com a Guerra fria com Gorbatchev em Malta naqueles navios”.
[Mikhail Gorbatchev] - “Bush falou a famosa frase: a União Soviética, não é mais nossa inimiga. Temos que nos livrar do conceito de que, somos inimigos comuns. E eu disse a mesma coisa. Nós nos apertamos as mãos; esse gesto e essa frase em comum simbolizaram o fim da Guerra fria, para todos nós foi uma grande conquista. Imediatamente nos veio a mente uma pergunta. Como devemos agir nesse novo ambiente. Era difícil de responder”.
Foi nesse novo contexto político, que Mikhail Gorbatchev visitou Vilnius na Lituânia, onde milhares de manifestantes exigiam a independência do País. Gorbatchev foi avaliar a situação que estava se tornando perigosa porque a Lituânia era uma parte integral US, tal como os outros dois Estados bálticos; Letónia e Estónia foram anexados a US, em 19[40]
[Algirdas Brazausks: Primeiro Sec. do Partido Comunista Lituano 19[88] -19[91] - “Quando Mikhail Gorbatchev veio aqui, eu o acompanhei a todos os lugares. Pelas ruas, nas praças e para conhecer os intelectuais. Ele sempre perguntava mesma coisa. Vocês querem mesmo sair da US? A resposta era sempre um unânime sim. O que mais eles poderiam responder a não ser; sim…era evidente”.
De volta a Moscovo, Gorbatchev mostrou outra conclusão de sua viagem a seus colegas de Partido.
[Edward Shavarndnadze: Ministro de Relações Exteriores de Gorbatchev 1985-1990] - “Quando Gorbatchev, voltou de Vilnius (Lituânia), ele discursou com entusiasmo, ele disse: está tudo bem; eles querem ficar com os russos e pertencerem a US. Não há problema. No entanto; dois meses depois, a Lituânia declarou a sua independência unilateralmente”.
Pela primeira vez da história da US, uma de suas Repúblicas estava se separando era um assunto sério, porque provavelmente seria contagioso. Gorbatchev ganha tempo, segue as regras que ele mesmo se impôs ao subir ao poder.
[Andrei Grachev: Porta-voz e Assessor de Gorbatchev] - “O que importa para Gorbatchev, e que para mim é prova de suas qualidades excepcionais, é sua ligação a certos princípios morais, sua aversão pelo uso da força, sua formação. Ele era advogado e tinha grande consideração pela primazia da lei”.
[Gorbatchev] - “Juro solenemente servir ao povo do nosso País, agir estritamente de acordo com a Constituição”.
Para continuar suas reformas legalmente, Gorbatchev se fez eleger Presidente da US pelos Deputados do Congresso do povo e ao mesmo tempo aboliu o monopólio político do Partido Comunista introduzindo o sistema multipartidário na US.
[Alexander Yakovlev: Ideólogo da Perestróica] - “Tudo tinha que ser reformado radicalmente; eu tinha consciência disso. Mikhail Gorbatchev, também pensava assim. Mas, ele era mais a favor de fazer melhorias e consertos. Ele costumava-me dizer: cuidada Alexander, este Partido é um monstro, pode-se perder o controlo dele em um instante”.
[Mikhail Gorbatchev] - “Esse Sistema tinha chegado ao fim da linha; estava totalmente desactualizado. Era óbvio, pois seguia uma política autoritária. O Partido Comunista e o Sistema administrativo exerciam o controlo absoluto, como pode observar, todos os meus passos inovadores foram contrapostos pela nomenclatura. Era sempre a mesma coisa. Envés de governar os assuntos e implementar a Perestróica, o Partido Comunista começou a retardar todo processo”.
[Grigry Yavlinsk-Economista Liberal: Autor do Programa dos 500 dias] - “Certas pessoas, achavam que só seria possível acabar com o Sistema Comunista, desmantelando a US. Eu não entendia isso. Não podia aceitar. Pensei que era melhor construir uma União Autónoma, o estilo da União Europeia. Por isso preparei um novo plano económico, que deveria ser levado a cabo em 500 dias”.
[Vasily Starodubtsev: Membro do Partido e deputado Comunista] - “Tive que intervir nesse assunto durante os debates Parlamentares para criticar severamente a Yavlinsk e o próprio Gorbatchev. Eu lhes disse; como podemos mudar para uma economia de mercado em 500 dias? Se nem criamos uma teoria de liberdade de mercado? Como podemos resolver esse problema em 500 dias? É loucura!
Na verdade, (…) o presidente Gorbatchev enfrentava o velho eterno dilema o Marxismo e Capitalismo não são compatíveis. Em outras palavras; é possível organizar o mercado livre dentro de uma economia controlada? A Perestróica que deveria resolver isso não teve o efeito esperado. Abrir o mercado para competição foi um fracasso porque os preços continuaram fixos e os novos produtores independentes nãos estavam mais interessados em vender com perdas. O resultado foi uma queda na produção. Prateleiras vazias nas lojas e uma enorme escassez generalizada de produtos”.
[Valentim Pavlov: Secretário do Tesouro da URSS em 19[90] - “Dois meses antes da eleição Gorbatchev, já falava da necessidade de… liberar os preços dos artigos de primeira necessidade. Mas…quanto mais próximo chegava o momento de decidir mais sua caneta se distanciava do papel. (…) Gorbatchev postergou e finalmente desistiu do seu plano, mas…, era tarde demais. O dólar negociava de forma ilegal, tornou-se a moeda de referência. O rubro desmoronou, a inflação desparrou. Mendigos começaram a aparecer nas ruas de Moscovo; coisa nunca vista antes. Os salários e as pensões não eram mais pagos regularmente”.
Em retrospectiva [20] anos depois Gorbatchev critica aquele plano abortado para dar o impulso na mudança económica.
[Mikhail Gorbatchev] - “Na verdade foi um grande erro. É impossível fazer uma transição de um sistema económico ao outro em 500 dias. Fracassamos! Fracassamos mesmo!”
O fracasso foi tão extenso, que no dia primeiro de Maio de 19[90], pela primeira vez na história da US, o líder de um País foi obrigado a descer do pódio Oficial na [Praça Vermelha] pelas vaias da multidão.
Foi então, que um homem que esteve [desfavorecido] durante anos passou ao primeiro plano. Boris Yeltsin. Ele era um [alto Oficial], apreciado pela sua eficiência e franqueza, que havia sido primeiro Secretário do Partido em Moscovo antes de ser transferido por Gorbatchev por ter criticado o progresso lento da Perestróica.
[Mikhail Gorbatchev] - “Devo admitir que, a nomeação de Yeltsin foi um erro conjunto do Partido. Discutimos exaustivamente se devíamos ou não aceitá-lo entre nós. Me disseram; Mikhail Sergueivictchi Gorbatchev ele é confiável deveria estar na nossa equipe. Ele não irá hesitar tomará decisões. Então, o aceitamos. E como tudo isso acabou!... Bom!...Isso você sabe!”.
Deputado do povo eleito afrente dos [reformistas Comunistas], Boris Yeltsin nunca perdeu uma oportunidade de mostrar sua hostilidade contra Gorbatchev. Regularmente, ele o atacava no Parlamento.
[Boris Yeltsin] - “Chegou a hora de dar a sociedade uma imagem objectiva da situação; isso é o que Mikhail Sergeievitch Gorbatchev, deveria ter feito. Ele proclamou a Perestróica e claro tem responsabilidade primordial na crise actual”.
A política externa de Gorbatchev foi tão [criticada] quanto aos fracassados da Perestróica. Ele foi acusado de ter [sucumbido] aos poderes do Ocidente. Não apenas por não ter negociado seriamente a partida das tropas Soviéticas da Alemanha oriental mas também por um assunto muito mais importante.
[Stephen Cohen: Estudioso Liberal da US] - “Bush, a Administração Bush disse a Gorbatchev. Todos concordamos, que a Alemanha deve ser reunificada esse assunto não pode ser adiado, tem que acontecer é justiça histórica. Mas… o que fazer com a Alemanha unificada; onde você irá coloca-la? Uma solução era colocar a Alemanha na OTAN, para que pudesse ser controlada, mas…Gorbatchev não gostou da ideia, seria uma capitulação grande demais, uma concessão excessiva.
(…) Então, disseram ao Gorbatchev, ou ele pediu não sei bem que…se Alemanha entrasse na OTAN, a OTAN nunca iria para o Leste. Em outras palavras, a OTAN terminaria; pararia na Alemanha. Gorbatchev teve essa promessa, mas…ele cometeu um erro; confiou nos Americanos. Era óbvio que os poloneses, os húngaros, os checos fariam qualquer coisa para entrar na OTAN, forçando os limites da organização até as fronteiras da US. Cada vez mais enfraquecido, Gorbatchev, no entanto; teve uma vitória quando foi designado em Julho de 1990 com ampla vantagem como Secretária-geral pelo XXVIII Congresso do Partido. Os conservadores ficaram em minoria, mas numa jogada espectacular Yeltsin, puxou o tapete do Partido. Ninguém além de mim”.
[Gennady Brurbulls: Assessor de Yeltsin] - “Ninguém além de mim o vi naquele estado. Ele estava lívido. Profundamente aborrecido, ele que tinha sugado o leite da mãe Comunismo, ele que devia toda sua vida ao Comunismo tinha que deixar tudo aquilo. Lembro daquela hora na sala do Congresso do Kremlin, ele é visto de costa andando pelo corredor, ele que tinha sido tão poderoso e implacável agora estava
destruído. Na verdade; andando desse modo ele estava indo para o novo poder impotencial”.
[Alexnader Yakovlev: Ideólogo da Perestróica] - “No outono de 19[90] a situação era a seguinte: Os Democratas tinham derrubado o Gorbatchev depois que ele tinha abandonado o plano de 500 dias. E os Comunistas também lhe viraram as costas, alegando; para quê você nos serviria depois de tudo que você nos fez. Então; ele foi deixado em suspenso”.
Nesse vácuo o Presidente Gorbatchev foi forçado a escolher; como ele não poderia se entender com Yeltsin tanto política quanto pessoalmente ele recorreu aos [Comunistas] apesar deles o terem culpado de quebrar o monopólio do Partido. No outono ele organizou uma nova equipa determinada. No meio, Boris Polgo como Ministro do Interior, Dmitri Yiezof como Ministro da Defesa e Vládimir Krietsov como Chefe do KGB. E fez novas concessões para os da linha dura nomeando Guenady Anayef como Vice-presidente, Valentim Pavlov como Primeiro-ministro.
Essa mudança de direcção, foi tão surpreendente que o seu mais fiel companheiro de armas Edward Shavarndnadze renunciou.
(Continua)