Por Edwin Hounnou
As eleições autárquicas, de 11 de Outubro do ano em curso, deram um claro sinal de que a Frelimo já não é tão hegemónico como se pensava até há bem pouco tempo. Muitos julgavam que a Frelimo era invencível e intransponível devido à sua história de movimento como de libertação da pátria do jugo colonial, coesão e organização interna.
O mito da invencibilidade foi por terra abaixo quando, para se safar da copiosa derrota eleitoral, se socorreu de uma massiva e generalizada fraude, o que provou, de forma inequívoca, que, afinal, a Frelimo de democracia não tem nada nem de invencibilidade. O que restou da Frelimo é, apenas, uma gang de bandidos e ladrões, sem ética nem moral que se servem do Estado para interesses pessoais e do grupo.
É um partido antidemocrático que não respeitam a vontade do povo expressa nas urnas. O povo disse que desejava mudanças, mas, o partido Frelimo se recusou reconhecer esse direito através de roubo de voto, rasuras de editais e votações múltiplas. A Frelimo desprezou a vontade do povo e sobrepôs à lei, como todos os partidos ditatoriais.
Um caminho perigoso de grandes confrontações para o país, está aberto devido a fraudes eleitorais que a Frelimo acabou de protagonizou. O futuro do país está em mãos de bandidos e fraudulentos. A efectivação da justiça eleitoral deve ser uma realidade ou o país cai no precipício. A liberdade não se negocia nem a paz pode ser refém aos interesses econômicos de um grupo de indivíduos.
O império freminista caracterizava-se pelo domínio absoluto a Sul do Rio Save, quer dizer, nas províncias de Gaza, Inhambane, Maputo, Maputo-Cidade Capital do País e a província de Cabo Delgado. As restantes regiões Centro/Norte estavam sob forte influência da Oposição. Nestas eleições autárquicas, o cenário ficou alterado e mostrou que a Frelimo jâ não tem o domínio absoluto em nenhuma região do país o que ditou a sua copiosa derrota, no dia 11 de Outubro passado.
A ganância de continuar no poder sem legitimidade sempre ditou que a Frelimo tivesse que recorrer à fraude de uma magnitude monumental que deixou o povo furioso. A Frelimo lançou fogo sobre o país e o povo. Cavou a sua própria sepultura através de acções nefastas e prejudiciais à nação.
As manifestações de rua que temos vindo a assistir, com grade realce, nas grandes cidades como Maputo, Matola, Nampula e Quelimane, não são feitas apenas por militantes e simpatizantes dos partidos da oposição, mas do povo que a Frelimo vem ferindo, vigarizando, roubando ao longo dos anos que leva à frente dos destinos do país. É uma larga frente de resistência popular que não se revê no gangsterismo da Frelimo.
A repressão policial não vai resolver os problemas que afectam o país. Moçambique precisa de um grande remédio para sair do estado de coma em que se encontra. Precisa de novas ideias, novo pensamento, novas práticas na gestão dos grandes dossiers. Precisa de nova gente a frente do país. A Frelimo está cansada e sem ideias para o país. O povo acordou e já não quer ser entretido.
O domínio que a Frelimo tem sobre os órgãos eleitorais - a Comissão Nacional de Eleições e Secretariado Técnico de Administração Eleitoral - não permite que haja alternância significativa na administração do país. A Frelimo, no poder desde a independência, tem a maioria nos órgãos eleitorais e até no Conselho Constitucional que, por lei, delibera e proclama os resultados eleitorais.
Os presidentes das mesas de voto embora sejam conhecidos como da sociedade civil, porém, estão cooptados pelo partido no poder. A Frelimo tem o domínio total sobre os órgãos eleitorais, a todos os níveis, por isso, é impensável destroná-la através do voto. O povo na rua a exigir o fim da ditadura pode ser a única opção viável.
A contestação aos resultados eleitorais não se circunscreve à movimentação étnica de uma região para outra. Não se deve às deslocações da gente das etnias makuas, ki-mwanes, lomwes, ndaus, senas, tewes, shonas, nhungwes, ou de outra qualquer etnia para o Sul. Atribuir a derrota da Frelimo ao voto étnico não faz sentido. O que fez descarrilar a Frelimo é a sua arrogância na gestão da coisa pública.
É a corrupção nos serviços públicos como a saúde, educação e outros que a corroeu e deixou o país pobre. Os excessos na governação e a incompetência deixaram o povo zangado. O desemprego generalizado e a falta de perspectivas deixam os jovens desesperados. O subdesenvolvimento e a paralisação da produção agrícola e industrial fecham as portas para o amanhã. O badalado programa SUSTENTA é uma mentira.
A derrota da Frelimo provém das causas intrínsecas a si mesma e não ao movimento das população do Centro e Norte para o Sul. As populações do Sul, também, se mostram insatisfeitas com a governação da Frelimo. Nos movimentos das contestações aos resultados está a gente do Norte, Centro e Sul. O povo está a cobrar à Frelimo pelos "pecados" que andou a cometer contra o país.
A exigência pela transparência dos actos eleitorais está na sua fase inicial. Vai animar nos próximos tempos. As eleições gerais e presidenciais de 2024 poderão vir a sufocar os bandidos que sempre se julgavam donos de Moçambique e dos moçambicanos.
O sindicato de criminosos acelerou a velhice da Frelimo. A chama da luta para salvar o país ilumina a todos, incluindo as mentes de algumas mentes da gente da Frelimo. A sua sobrevivência política tem que ser assegurada por fraudes eleitorais.
O povo deixou de se identificar com a Frelimo por não satisfazer os interesses mais elementares. Frelimo virou um empecilho para o desenvolvimento do país. É urgente a sua substituição por outros com ideias da paz, reconciliação concórdia e desenvolvimento.
A fraude é uma velha prática. Joaquim Chissano ganhou com fraude. Armando Guebuza venceu através da fraude. Filipe Nyusi não fica atrás. É mestre em fraudes. A fraude tem sido a bengala sobre a qual a Frelimo sempre se apoiou.
A batota já não ajuda ao batoteiro. O chão está muito quente. A Frelimo salta e salta cada vez mais alto.
VISÃO ABERTA – 21.11.2023
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