Moçambique vai de mal a pior, principalmente com a onda de conflitos políticos registados nos últimos dias, desde 11 de Outubro de 2023, dia seleccionado para as eleições autárquicas que supostamente desta vez os moçambicanos comentavam que decidiram apostar em partidos da oposição, para, quiçá, ver o país e a vida dos moçambicanos melhorada.
Portanto, o que se percebe é que o partido no poder não aceita de forma alguma entregar o poder, pois como é que se justifica que num ano onde a maior parte da população reclama de forma gritante que já não quer ser governada pelo partido Frelimo o mesmo tenha ganho 64 autarquias das 65 em todo o país?
E não se justifica que a CNE, o órgão máximo eleitoral, não tenha todos os editais que comprovam a tal “vitória esmagadora” do partido Frelimo. Se a CNE não possui todos os editais com que base declarou que a Frelimo venceu estas eleições?
E se não fosse a população da Beira que vigiou todo o processo eleitoral, quem sabe teriam ganho todas as autarquias. É de duvidar esses resultados, principalmente num país que se intitula democrático e existem pessoas com pensamentos diferenciados.
Recentemente, anunciou-se, mais uma vez, que a Polícia disparou para matar aos que marchavam pacificamente em Angoche, na província nortenha de Nampula. Não se entende o comportamento dos agentes da Polícia que defendem interesses do partido e não do povo.
Este facto faz-me lembrar palavras que uma vez foram ditas pelo primeiro Presidente de Moçambique, Samora Moisés Machel: “Não sei se um ambicioso muda, mas a minha experiência prova que não, muda de táctica mas não elimina a ambição, um ambicioso é criminoso ao mesmo tempo, pode matar por causa da sua ambição, pode aliar-se facilmente ao imperialismo só por causa da sua ambição, do seu interesse individual e é capaz de tudo, vender a pátria, vender a revolução, destruir e impedir o progresso do país só por causa da sua ambição”.
Admira-me a forma como este senhor previu e conhecia o comportamento dos dirigentes actuais e hoje muitos percebem que ele estava totalmente certo no que dizia. As artimanhas dos que ambicionam o poder estão a custar vidas de pessoas inocentes.
A insatisfação popular gera incerteza da parte dos moçambicanos, mas, por outro lado, gera esperança que um dia as coisas irão mudar. Mas, pensando bem, poderiam poupar-nos muito trabalho.
Senhores, por que não decretam logo um estado monopartidário, e vamos nos conformar que temos de aceitar que o único partido que deve existir em Moçambique é o vosso, assim poupam-se recursos que seriam usados para a realização de eleições, e evitam-se mortes desnecessárias e conflitos políticos entre os partidos e o povo.
Porque as coisas não podem continuar assim como estão. Nós, moçambicanos, precisamos de mudanças e mudanças no verdadeiro sentido. Por que não se decreta um estado monopartidário logo?
NOÉMIA MENDES
REDACTOR – 23.11.2023