Pela primeira vez, a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), o maior partido na oposição em Moçambique, especificou esta quarta-feira as autarquias em que alega ter saído vitoriosa nas eleições autárquicas de 11 de Outubro deste 2023, apesar de a Comissão Nacional de Eleições (CNE) ter dito que não ganhou nenhuma das 65 em disputa.
Mocímboa da Praia e Chiúre, na província de Cabo Delgado; Cuamba (Niassa), Nacala- -Porto, Ilha de Moçambique, Angoche e Nampula (Nampula); Quelimane e Maganja da Costa (Zambézia); Moatize e cidade de Tete (Tete), Marromeu e Nhamatanda (Sofala); Vilanculos e Massinga (Inhambane); Chokwé e Xai-Xai (Gaza); Marracuene, Manhiça e Matola (Maputo) e a capital moçambicana (cidade de Maputo) são os pontos que a Renamo diz ter ganho nas eleições autárquicas de 11 de Outubro passado, segundo Alfredo Tomás Magumisse, porta- -voz da Comissão Política Nacional da “perdiz”.
Magumisse falava esta quarta-feira em conferência de imprensa na sede da Renamo basicamente para partilhar com o público os resultados da XXVIII Sessão Ordinária da Comissão Política Nacional do seu partido realizada no dia 14 deste Novembro na capital de Moçambique.
Na mesma reunião, a Renamo decidiu saudar e encorajar “a determinação dos moçambicanos, em geral, e, de modo particular, a juventude que de forma incansável vai à rua todos os dias em marchas pacíficas nas diferentes autarquias do país em protesto para a reposição da justiça eleitoral”. A cúpula da Renamo decidiu ainda pelo prosseguimento das manifestações à escala nacional e o boicote das actividades da Assembleia da República (Parlamento Nacional), assembleias provinciais e municipais como forma de luta política.
Adicionalmente, a Renamo expressou o seu repúdio e condenação “com veemência ao comportamento e atitude da Polícia da República de Moçambique (PRM) que de forma claramente partidária hostiliza, sevicia e prende” os seus membros “que participam nas marchas democráticas”. O partido hoje liderado por Ossufo Momade denuncia ainda as “extorsões” alegadamente praticadas por “alguns juízes” que soltam os membros da Renamo detidos durante as manifestações a troco de “altas somas de dinheiro para o pagamento de multas e ou cauções” que, por exemplo, em Nampula são cobrados, em média/por cabeça, 200.000,00Mt e em Chiúre 300.000,00Mt.
“A Comissão Política Nacional da Renamo repudia e condena as intimidações e ameaças de mortes aos concidadãos por exercerem o seu direito democrático, de expressão e defesa da verdade, tendo esta Comissão concluído que o incitamento à violência tem ADN do regime e é operacionalizado pela PRM”, diz, a dado passo, a resolução deste órgão do segundo maior partido de Moçambique.
A Renamo insta ainda às autoridades da justiça para que “esclareçam com transparência a todos os moçambicanos a proveniência dos boletins de voto encontrados com uma senhora da OMM [Organização da Mulher Moçambicana – braço feminino do partido Frelimo] e um jovem da OJM [Organização da Juventude Moçambicana – braço juvenil] na cidade de Quelimane, entre muitos casos em todas as autarquias do país”.
Mais adiante, a Renamo apela ao “concidadão e compatriota Filipe Jacinto Nyusi, que brevemente vai à reforma, para que deixe o país em paz e em democracia, preparando-se também para os seus bons momentos de lazer são e seguro”.
“Finalmente, endereçar, o maior apreço às organizações da sociedade civil, confissões religiosas e organizações profissionais pelo contributo e companheirismo na luta pela democracia em Moçambique, dando as suas contribuições para a reposição da verdade eleitoral”, conclui a nota da Renamo.
Segundo a CNE, o partido Frelimo ganhou no pleito eleitoral de 11 de Outubro deste 2023 em 64 das 65 autarquias que foram a votos, sendo que o Movimento Democrático de Moçambique (MDM) ganhou uma, cidade da Beira, na província central de Sofala, resultados que enfureceram a Renamo que desde o anúncio dos resultados intercalares tem movido manifestações repudiando esses resultados, que ainda carecem da última palavra do Conselho Constitucional.
REDACTOR – 16.11.2023