Manuel de Araújo, presidente reeleito do Conselho Autarquico de Quelimane, centro de Moçambique, capital da província da Zambézia, Manuel de Araújo, atacou sábado Mirko Manzoni, representante pessoal em Moçambique do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, pelo seu silêncio face ao uso da força pela Polícia contra os manifestantes que repudiavam os resultados das eleições municipais de 11 de Outubro, que consideraram fraudulentos.
Manzoni foi uma figura chave na desmobilização e desarmamento da milícia do principal partido da oposição de Moçambique, a Renamo, no âmbito do acordo de paz assinado entre o Presidente Filipe Nyusi e o líder da Renamo, Ossufo Momade, em 2019. Araújo disse que, pela primeira vez, a Renamo compareceu às eleições desarmada, mas afirmou que o Partido Frelimo, no poder, mantém uma força armada – aparentemente se referindo à Polícia.
“A partir de hoje”, declarou, “as nossas marchas serão pelo desmantelamento da Frelimo armada, e contra aquele homem da Suíça, Mirko Manzoni, porque ele nos fez entregar as nossas armas. Ele continua a devorar o dinheiro das Nações Unidas e não abre a boca. Ele está a comer o nosso dinheiro, à custa do sangue dos moçambicanos”.
Acrescentou que enviou uma mensagem a Guterres, pedindo-lhe que demitisse Manzoni. Araújo afirmou que Manzoni “não é honesto e não promove nem a paz nem a democracia". Um homem como este não merece ser conselheiro do Secretário-Geral da ONU”. Apelou ainda à destituição do presidente da Comissão Nacional de Eleições (CNE), bispo anglicano Carlos Matsinhe, e de Lolo Correia, director-geral do órgão executivo da CNE, o Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE).
Mas elogiou os juízes do Conselho Constitucional, o órgão máximo do país em questões de direito constitucional e eleitoral, e o Presidente Nyusi por supostamente se recusar a aceitar a pressão de altos funcionários da Frelimo na Zambézia que queriam uma vitória da Frelimo em Quelimane.
Afirmou que o primeiro secretário provincial da Frelimo na Zambézia, Paulino Lenco, e o governador provincial, Pio Matos, tinham ido a Maputo para persuadir Nyusi a ordenar ao Conselho Constitucional que mantivesse os resultados preliminares, segundo os quais a Frelimo tinha vencido. Mas Nyusi não prestou atenção e na sexta-feira o Conselho anunciou os resultados definitivos, segundo os quais a Renamo venceu em Quelimane e Araújo garantiu um novo mandato como presidente da Câmara.
AIM - 26.11.2023