Enviado Especial do Secretário Geral da ONU volta a ter sua credibilidade contestada
A Renam Democrática não reivindica vitória em nenhum dos 65 municípios, mas não tem dúvidas de que as VI Eleições Autárquicas não foram livres, justas e transparentes. O líder do partido político fundado por antigos membros da Renamo, que pretende organizar uma marcha pacífica em todo território nacional para contestar os anunciados pela Comissão Nacional de Eleições, avisa que Ossufo Momade corre perigo e, por isso, deve abandonar urgentemente a protecção policial destacada pelo Governo. Por outro lado, denunciou que os ex-guerrilheiros da Renamo abrangidos pelo processo de DDR estão a receber um subsídio de 1200 meticais e acusou o enviado especial do Secretário Geral das Nações Unidas em Moçambique, Mirko Manzoni, de estar metido em esquemas de enriquecimento ilícito para favorecer o Governo.
A Comissão Nacional de Eleições validou os resultados intermediários que foram tornados públicos pelas Comissões Distritais de Eleições e legitimou a vitória da Frelimo em 64 das 65 autarquias mesmo com as reclamações dos partidos da oposição, organizações da sociedade e comunidade internacional.
A Renam Democrática reconhece a derrota no pleito eleitoral, mas aponta que as VI Eleições foram um golpe ao Estado de Direito Democrático e convida aos moçambicanos, sobretudo os jovens, para juntarem as forças e lutar pela democracia. Mas não pára por aí, denuncia a cumplicidade da comunidade internacional e até de organizações multilaterais como a ONU.
Singano, que é uma das vozes que se erguem em defesa da dignidade dos ex-guerrilheiros da Renamo, teceu duras críticas ao enviado especial das Nações Unidas em Moçambique e, ao mesmo tempo, chefe do Grupo de Contacto, Mirko Manzoni, por abraçar o silêncio perante as irregularidades que se registam no processo que culminou com o encerramento das bases da Renamo e agora as irregularidades registadas nas eleições que ameaçam colocar em causa os esforços que culminaram com o DDR e o estabelecimento da paz.
Entre as irregularidades, destaca o facto de ex-guerrilheiros da Renamo estarem a receber um subsídio mensal de 1200 meticais numa altura em que o salário mínimo em Moçambique está fixado nos 7,800 meticais.
“O representante das Nações Unidas, Mirko Manzoni, e os da União Europeia são os piores bandidos e corruptos dessa nação. Devem abandonar o nosso país porque estes estão em Moçambique para o enriquecimento ilícito, para defender a dívidas ocultas e para construir suas riquezas nas suas terras. Chegou a hora, meus irmãos, para todo o moçambicano assumir de forma individual e colectiva a missão difícil. Irmãos, estou a vos falar, é triste quando numa nação onde se paga 7,800,00mt de salário mínimo, se fixe a pensão de 1,200,00 para um guerreiro que lutou toda a vida, a universidade desse guerreiro, a escola primária, o mestrado desse guerreiro foi disparado pelo canhão Ak47. Onde vai estudar?”, denunciou.
Vitano Singano também acusa o partido no poder de querer empurrar Moçambique para o abismo e para a guerra.
“Hoje, estamos em 2023, em pleno século 21, onde, na República de Moçambique, o Presidente traz inúmeros problemas, e um deles é a história do terceiro mandato. Não tendo conseguido o terceiro mandato está a encurralar e vestir fardamento aos moçambicanos para nova guerra. Os moçambicanos não estão para guerra, os moçambicanos estão para a paz, democracia e convivência de multipartidarismo nesse país”, desabafou.
EVIDÊNCIAS – 02.11.2023