(Os “Metralhas” o a Síndrome do Pequeno Poder...)
. por Afonso Almeida Brandão
Mal a crise tinha acabado de rebentar — na manhã daquele estranhíssimo dia 7 de Novembro e que culminou com o pedido de demissão do “metralha” Primeiro-Ministro António Costa, formalmente entregue ao Presidente da República em momento imediatamente anterior à declaração que dirigiu aos portugueses, a partir da residência oficial, no Palácio de São Bento, em Lisboa, logo ao início da tarde, cujo motivo se fundamentou na confirmação, pela Procuradora Geral da República, de que “no decurso das investigações surgiu, além do mais, o conhecimento da invocação por suspeitos do nome e da autoridade do primeiro-ministro e da sua intervenção para desbloquear procedimentos no contexto supra referido e que tais referências serão autonomamente analisadas no âmbito de inquérito instaurado no Supremo Tribunal de Justiça, por ser esse o foro competente” —, referi junto do meu círculo pessoal, familiar e profissional mais restrito, que aquela situação que estávamos a assistir tinha qualquer coisa de estranho, soando a algo artificial e mal contado. Sobretudo, por neste caso não ter havido o envolvimento da Polícia Judiciária (mas sim da PSP), enquanto órgão de polícia criminal que coadjuva o MP na investigação, em fase de Inquérito, o que é absolutamente inverosímil.
Pelo que — ainda que em tom de brincadeira — sublinhei que não deveríamos excluir nenhuma das hipóteses possíveis a fornecer uma resposta, fundamentada em critérios estritamente racionais, que nos pudessem explicar, com razoável probabilidade, o que estava ali a acontecer. Mesmo aquelas que, à primeira vista, nos pudessem parecer escabrosas e maquiavélicas. Aliás, principalmente essas, ou não fosse o “metralha” António Costa a personificação do “Príncipe” de Maquiavel.
Entretanto, mais de 50 dias passados sobre o dia em que o Governo ruiu, com tudo o que de lá para cá sobre o processo criminal conexo se desenvolveu, e também sobre as mexidas ocorridas no Governo Demissionário, designadamente com a ecológica exoneração do “metralha” Ministro da “treta” Galamba, cujos efeitos produzidos logo se fizeram sentir por um aumento assinalável da qualidade ambiental do Governo. De resto, ambiente esse, agradavelmente mais arejado e respirável, só não se estendeu às demais instituições democráticas porque, infelizmente, tal activo tóxico eleito pelo PS resolveu assumir o seu lugar de deputado na Assembleia da República. Isto, pese embora, o Parlamento se encontre em processo dissolvente em curso.
O Partido Socialista, como se percebe e constata, é o Partido Político Português mais organizado e profissional — e isto não é um elogio, é sim uma evidência de decorre dos muitos e muitos anos que leva de exercício do Poder. Aliás, de forma quase total e ininterrupta em 30 anos. Pelo que, rápidamente, tratou da sua situação interna relativa à sucessão do “metralha” António Costa, marcando a data da realização das eleições internas, fazendo a respectiva campanha que pôs em confronto os dois principais “metralhas” e candidatos: José Luís Carneiro e Pedro Nuno Santos e um terceiro figurante.
Sem surpresas, os Socialistas escolheram Pedro Nuno Santos como seu novo líder. Em consonância com todas as previsões veiculadas pelos arautos do submundo mediático da Comunicação Social, com especial profundidade no poço intelectual em que os quatro canais noticiosos de Televisão portugueses se tornaram. Ou seja, uma inequívoca indústria de influência processada, 24 horas por dia, 7 dias por semana — qual neo-evangelização tecnológica de comunicação e difusão da palavra socialista —, para o qual, relembro as mentes mais distraídas, receberam milhões de euros do Estado durante a pandemia, i.e., através do dinheiro extorquido aos Contribuintes em geral e, com violência e requintes de malvadez, às classes médias em especial, por sucessivas cargas fiscais recorde que todos os anos são as maiores de sempre.
Como vimos e temos visto, estes “influencers” da TV apostaram tudo na vitória de Pedro Nuno Santos, a quem reconhecem grandes atributos de personalidade, capacidade e características políticas, tidas como essenciais para um bom desempenho de liderança.
Não obstante, no que concerne à manifestação desses critérios, requisitos ou características do perfil psicotécnico do “metralha” Pedro Nuno Santos, confundem, deliberadamente, postura comportamental com inteligência emocional. Arrogância com assertividade. Demagogia com racionalidade. Inconsciência com audácia. Irresponsabilidade com determinação. Sabendo, porém, que tudo aquilo não passa de uma gigantesca fraude racional, diria, pré-intelectual do ora candidato a Primeiro-Ministro.
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