EUREKA por Laurindos Macuácua
Cartas ao Presidente da República (166)
Sabe, Presidente, as vezes tenho vergonha da minha impotência, da minha falta de garra, das minhas desilusões e do meu cansaço. E o facto é que não tenho para onde ir, pois amo este meu chão, vibro- embora possa parecer estranho- ao percorrer estas estradas esburacadas, ao andar no “My Love”, ao ver as senhoras que vendem badjias nas principais artérias da cidade- em que parte do mundo pode-se ver tanta “vibração”?
Contudo, ao lado da vergonha de mim, tenho tanta pena do povo moçambicano. Este povo não fala, não é ouvido, não reclama, não é atendido, não protesta e é agredido. Temos sido pisoteados por essa classe inútil de políticos por nós próprios eleitos. Somos cidadãos desrespeitados e desconsiderados. Os ganhos do País não são do povo, de gente trabalhadora e operante que leva nas costas este Moçambique.
A infeliz e inconveniente conclusão a que somos forçados a admitir é que o País ainda é dirigido pelos políticos, e não pelos legítimos interesses do povo. Todas as políticas públicas estão estagnadas. Enfim, ao fazer um balanço geral somos levados a constatar que pouco foi feito em nosso merecido e justo benefício.
A Frelimo tem uma dívida impagável, sem prazo de vencimento para com este povo. Os sucessivos governos da Frelimo foram inclementes e implacáveis com este povo. Governos iníquos sucessivos se aproveitaram da bondade e ingenuidade deste pacato povo, tirando tudo dele, até mesmo as suas vidas tão sofridas. Dá até náusea comentar sobre os nossos políticos.
É este vergonhoso Moçambique que se vai construindo em quase 50 anos. Um País onde os políticos são, na sua totalidade, agro-negociantes. Quando não se servem do curral eleitoral , refugiam-se no curral da impunidade. São como animais carniceiros comendo a nossa carcaça, enquanto não restarem apenas os nossos ossos não largarão a mamata!
DN – 01.12.2023