O Presidente guineense, Umaro Sissoco Embalo, afirma que os tiroteios do dia 1 de Dezembro constituem uma "tentativa de golpe de Estado” e prometeu “consequências graves para todos os implicados”. Domingos Simões Pereira exige verdade sobre os tiroteios e pagamento aos empresários
Sissoco Embaló falava este sábado, 02, no Aeroporto Internacional "Osvaldo Vieira", à sua chegada do Dubai, onde participou na COP 28.
O Presidente guineense disse que o Comandante da Guarda Nacional, Coronel Victor Tchongo, não agiu sozinho e que foi a mando de alguém retirar o Ministro das Finanças das celas da Polícia Judiciária (PJ).
“Falam sempre: 'vivemos em paz ou morremos todos'. É desta vez”, vincou Sissoco Embaló, tendo sublinhado que “Tchongo [Vitor] foi a mando de alguém". "Tchongo não é louco para arrombar portas das celas da Polícia Judiciária e retirar o Ministro das Finanças e o Secretário de Estado”, afirmou.
O chefe de Estado guineense sugeriu também que todos sabem quem são os responsáveis "deste golpe". "A casa de quem é que foi atacada a tiros, depois de receber informações sobre a situação?”, perguntou.
“(…) Falei com a Ministra do Interior [Adiato Djaló Nandingna] e ela disse-me que estava nas instalações da PJ e não sei o que foi lá fazer, mas podem perguntar-lhe. A Ministra disse-me que viu os agentes da Guarda Nacional a jogarem ponta pés na porta e a perguntarem por Suleimane [Seide]”, insistiu Umaro Sissoco Embaló.
O Presidente guineense considera que o país está a ser colocado em “colapso". “Se não temos o advogado do Estado [Procuradoria-Geral da República] nesta terra, vamos colocar este país em colapso”, concluiu Umaro Sissoco Embaló.
O Presidente da Assembleia Nacional Popular [Parlamento], Domingos Simões Pereira, exigiu o esclarecimento de “toda a verdade em relação aos pagamentos efetuados aos empresários”, assim como “os contornos que levaram aos tiroteios da [última] sexta-feira”.
Em conferência de imprensa, sábado, 2 dezembro, na sua residência, Simões Pereira notou que falava enquanto cidadão, por considerar que o seu silêncio “estava a dar azo as tentativas de o associar a várias situações”, que segundo ele, poderiam potenciar “más interpretações e apelo à violência”.
“Quem me conhece sabe que não me revejo na violência, não sou apologista de desrespeito a ordem constitucional”, replicou Domingos Simões Pereira, revelando, por outro lado, que, após as consultas com os membros do Governo, sobre o confronto na noite de quinta-feira, e ao retornar à sua residência, foi informado pelo seu corpo de segurança de que havia “indícios de presença de homens armados” perto da sua casa.
“(…) A minha casa parecia um campo de batalha com tiros por todo o lado, mas, primeiro, tive de tranquilizar a minha mãe com mais de 100 anos [de idade] e depois sair de casa”, acrescentou o líder do Parlamento guineense aos jornalistas.
Domingos Simões Pereira apelou ainda ao povo guineense para se manter “calmo e vigilante”, salientando, na ocasião, não compreender a decisão do Ministério Público que ordenou “a detenção preventiva” do Ministro da Economia e Finanças, Suleimane Seidi, e do Secretário de Estado do Tesouro, António Monteiro, facto que suscitou reações violentas entre o Batalhão da Presidência da República e a Guarda Nacional a 1 de Dezembro, depois de ambos terem sido retirados, à força, das celas da PJ pela Brigada de Intervenção Rápida (BIR).
VOA – 03.12.2023