(Desde 1975 que a FRELIMO tem mantido Moçambique no «Fio da Navalha»)
Por Afonso Almeida Brandão
Na obra prima do escritor britânico W. Somerset Maugham, o personagem principal (Larry), fruto de um episódio marcante na sua vida, procura respostas para as suas dúvidas existenciais, o que o conduz num rumo aparentemente sem sentido e sem lógica.
Anseia por algo que lhe aporte uma mais-valia para a sua vida frustrada, num permanente desafio intrapessoal para encontrar um caminho que lhe faça sentido.
Moçambique de há muito que se encontra na mesma situação do personagem de Somerset Maugham.
O País vive numa permanente incerteza do seu Futuro, o caminho que tem sido trilhado é deveras criticável pela sua inocuidade e improdutividade, consubstanciadas na ausência de um Amanhã mais promissor e risonho para os seus cidadãos.
Mas ao invés de Larry, que incessantemente procurava uma resposta para as suas dúvidas existenciais e um caminho novo, em Moçambique tal não ocorre.
Os políticos estão plenos de certezas e desde que os fundos de da União Europeia, do FMI ou dos EUA continuem a jorrar dinheiro, quando uma boa parte destes valores ”desaparecem” misteriosamente quando chegam ao Banco de Moçambique — sim, que sentido faz procurar um destino próprio e autónomo para o País nestas condições pouco ortodoxas?
As Eleições Autarquicas, recentemnte realizadas entre nós, a nível do País, foi a vergonha que foi, com a FRELIMO a roubar e a aldrabar milhares de Boletins de Votos falsos, com a conivência descarada da CNE que acabaria por justificar resultados “inventados”, logo forjados, para que os Partidos da RENAMO e MDM — como principais Opositores — não pudessem vir a conquistar nenhuma Edilitade, de Norte a Sul de Moçambique. Mas a verdade dos factos é que ganharam em algumas Distrais do País e em diversas Localidades, e a confusão acabaria por se instalar até hoje, tudo supostamente por idicação do Presidente da República, Filipe Nyuse e dos seus “Metralhas” do Governo e ainda pelos menos “comparsas” do STAE.
Mas o ainda (e porquê?) Presidente da República, longe de possuir a persistência e os valores humanos de Larry, aproveitou o ensejo que lhe foi proporcionado pelas Eleições Autárquicas e dos diversos “amigalhaços” com a “Operação Falsificar” e deixou o País numa crise e confusão ainda maior do que a que ele próprio tinha criado no decurso dos seus oito anos de “governação”. Um país com um Serviço Nacional de Saúde de rastos e em conflito aberto com a tutela, um sistema de Ensino desorganizado, com uma Ministra “faz de conta”, sem exigência e desmotivador para os seus diferentes actores, em particular os Professores, um País de onde os cidadãos de valor fogem e são substituídos, sem qualquer crivo ou exigência, por uma Imigração já significativa, indiferenciada e na sua maioria clandestina, um País com salários dos mais baixos da África Austral, designadamente, dos PALOP´s, mas com um custo de vida dos mais altos, onde ter uma habitação condigna passou a ser um luxo, devido à ausência de políticas atempadas e apropriadas e com Greves sucessivas alusivas aos profissionais dos sectores Liberais (tais como Médicos, Advogados, Artistas da Cultura e outras áreas!). Enfim, um descalabro confrangedor...
Filipe Nyusse e o (des)Governo «Chuxa-Lista» da FRELIMO deixou bem clara a sua marca em Moçambique, uma marca de total não conformidade com padrões mínimos de exigência de qualidade de vida dos cidadãos, apostando num assistencialismo bacoco e miserabilista ao invés de avançar com as inúmeras reformas estruturais de que o nosso País tanto necessita.
O putativo substituto destas Eleições Autárquicas, que foram realizadas recentemente em Moçambique, deu a Vitória à RENAMO em várias Edilidades do País, de Norte a Sul, entre as quais a de Maputo, ao actual cabeça de Lista pela Câmara Municial da Capital, o Deputado Venâncio Mondlane —, e nas localidades da Matola, de Quelimane, de Nampula e em Nacala.
E qual o caminho que procura Venâncio Mondlane para Maputo, caso esta “embrulhada” venha a ser reposta? Quais são as suas dúvidas e como procura dar-lhes resposta? Que visão existe no seu interior e de que forma a pretende consubstanciar na prática?
Para já comporta-se de modo aleatório e quando citou os seus anetecessores — “Este é o momento para fazer o que ainda não foi feito” — só que faltou-lhe elencar o que falta e quer fazer se for eleito Presidente da Edilidade da Capital — como esperamos que venha a ser.
Venâncio Mondlane encarna bem Larry quando admite estar consciente que as pessoas esperam mais dele do que aquilo que tem evidenciado e aproveita para fazer uma espécie de auto-análise, admitindo que tenta ser sempre o mais justo possível, honesto, solidário e humano.
Venâncio tem, pois, algumas dúvidas sobre si mesmo e não tem ainda um caminho bem definido para a cidade de Maputo e, mais grave, caiu na habitual armadilha de fazer promessas eleitorais de ordem Fiscal, Laboral, Social e tantos outros Projectos, ao longo das suas intervenões públicas. Mais do mesmo na Política à Moçambicana, sempre oca de ideias e reformas.
Como se já não bastasse este estado de difusa existência do País, eis que também o Primeiro Ministro, Adriano Maleiane e o Presidente Nyuse, deram ambos mais um contributo para que os Moçambicanos experienciem as dúvidas existenciais de Larry, isto é, sintam a necessidade urgente de um caminho, mas sem conseguirem vê-lo.
No caso das “aldrabices” e Votos forjados, divulgado, e muito bem, pelas diversos Canais de Televisão, à excepção da “Voz do Dono”, a TVM, na pessoa dos “pivôs” habituais, Nyuse e Maleiane são sempre culpados e deviam de ter apresentado de imediato a sua resignação aos cargo de Presidente da República de Moçambique e de Primeiro-Ministro — o que não aconteceu.
E tal não remete para questões Legais, mas tão só Morais e Éticas.
No primeiro cenário possível, o Nyuse poder ter metido o “bedelho” directamente aos actuais Membros do Governo para que as os Boletins de Votos falsificados fossem introduzidos na totalidade das Urnas, a nível do País, tratadas com aldrabices existentes que já vem sendo habitualmente normal pelos “Metralhas” FRELIMISTAS — e também para outros casos similares —, é inquestionável a demissão destas duas Figuras de topo, pois quer um ou outro não podem darem-se ao luxo de abrir o flanco desta maneira. E foram influentes em todo este Processo Eleitoral, não tenhamos dúvida. Aliás, é do conhecimento geral...
Estamos perante um assunto complexo e inoportuno, a dirimir pelo Ministério Público e não só, mas para já sem qualquer garantia de um esclarecimento e decisão justos. E O QUE MAIS NOS SURPREENDE É A PASSAVIDADE DA COMUNIDADE INTERNACIONAL e das Embaixadas Estrangeiras Representadas no nosso País nada terem feito perante esta situação inaceitável.
Com a época Natalícia a aproximar-se rapidamente, propícia à festa, mas também à reflexão sobre a vida, Moçambique, o Povo Moçambicano, eternamente prejudicado, vivem no fio da navalha, com uma cada vez maior acentuação das suas dúvidas existenciais sobre o seu Futuro e o dos seus descendentes, além de continuarem sempre na Pobreza absoluta.
Para quando um caminho? ■