Por Edwin Hounnou
No Conselho Consultivo número 33 do Ministério do Interior, realizado no dia 28 de Novembro de 2023, o Presidente da República República, Filipe Nyusi, na sua qualidade de Comandante-Chefe das Forças de Defesa e Segurança, fez um perigoso e vigoroso apelo à PRM (Polícia da República de Moçambique). Nyusi disse para as forças policiais garantirem o normal funcionamento das instituições.
Mais adiante, Nyusi alertou que o insulto e a violência não se enquadram nas liberdades dos cidadãos. Continuando, acrescentou que naturalmente que não se aproveite de uma coisa para se chamar de liberdade quando você insulta ou bate numa pessoa. O que significa garantir o funcionamento das instituições, num momento em que a polícia anda a matar os manifestantes que protestam contra a fraude eleitoral?
O Presidente da República, o também, presidente do Partido Frelimo, o beneficiário da fraude eleitoral, chamou a atenção à PRM dizendo que a vossa missão é contribuir para o normal funcionamento das instituições, enfatizando para continuarem focalizados e nada de desanimar. Fiquem focalizados, a vossa tarefa está muito clara. Vocês estão para segurança interna de todas as pessoas sem crença política, religiosa, raça ou tribo.
Assim falou Nyusi, o principal líder político interessado na fraude eleitoral que gerou graves problemas criados pelos órgãos eleitorais como STAE, CNE, e depois de carimbada pelo Conselho Constitucional, foi transformada em falsa vitória retumbante, sufocante e asfixiante que Frelimo reivindica.
As vítimas da polícia têm sido, de forma recorrente, os manifestações da Oposição, melhor dito, os integrantes das caravanas da Renamo.
Nenhum integrante das caravanas do partido governamental foi alvejado ou detido pela polícia. Nyusi, ao invés de lançar um veemente apelo à polícia para não matar pessoas indefesas, preferiu entreter o público com palavras vazias e vagas. As vítimas da polícia têm cor política. A política sabe contra quem pode disparar. Não dispara contra membro da Frelimo.
A polícia não dispara para qualquer um ou ao acaso mas aponta a arma contra quem protesta e repudia os fraudulentos resultados eleitorais.
Os alvos da polícia estão bem definidos que são aqueles que integram as caravanas da Renamo protestando contra os resultados eleitorais. Nyusi não se deve socorrer do cargo de Presidente da República que ocupa para tentar transmitir a aparência de tratamento igual para todos os cidadãos. Desde que a polícia começou a atirar contra manifestantes, Nyusi ainda não condenou os assassinatos que a polícia tem feito. Afinal, a polícia tem mandato para matar gente da oposição tal como vinham fazendo os esquadrões da morte?
Porquê não diz que à polícia que a manifestação é um direito constitucional, porém, limita-se a dizer que "a vossa missão está muito clara".Porquê não diz que atirar contra manifestantes pacíficos e indefesos é crime. Limitar-se a dizer que a vossa está muito clara, é, implicitamente, incitar à violencia. Um comandante experiente não é ambíguo.
Não fala de modo a deixar que as suas palavras sejam interpretadas de variadas maneiras. Nyusi não é claro e isso pode servir para deixar uma janela aberta a fim de a polícia atirar contra manifestantes pacíficos e indefesos.
Quando um soldado/polícia comete crime, o seu comandante, em última instância, é o culpado. De e ser, criminalmente, processado e responsabilizado. Ninguém está acima da lei.
Nyusi, na qualidade de Chefe de Estado, é o Comandante-Chefe das Forças de Defesa e Segurança, segundo reza a Constituição da República.Ele é o principal responsável pelos assassinatos que a polícia comete.
O comandante não é só para colher louvores, mas para arcar com as responsabilidades do que os seus homens andam a fazer de mal contra o povo.
Ao afirmar que "a vossa missão é muito clara", sem especificar nada, Nyusi está a incitar a polícia para continuar a atirar contra manifestantes pacíficos e indefesos.
A omissão é intencional, logo concluímos que Nyusi seja um comandante que fecha os olhos perante o mau comportamento dos seus polícias. O povo não exige nada a Bernardino Rafael, Comandante-Geral da PRM, todavia, pedir contas a Nyusi pelo facto das mortes dos barramentos da polícia.
As eleições de 11 de Outubro deste ano terminaram numa festa satânica por quem deveria velar pelo desenvolvimento, reconciliação nacional e harmonia do país. Com a gente que está a dirigir a Frelimo ao seu nível mais alto, não poderia ser diferente, aliás, se fosse de outro modo, seria mesmo de deixar todo todo o espantado.
No festival de fraude, até os vogais da Renamo no Conselho Constitucional preferiram alinhar com o diabo na arte de bem alterar e viciar os resultados eleitorais, traindo (será?) a confiança de quem os colocou naquele posto. Aceitaram que o órgão que integram chancelasse a manipulação, roubalheira de votos e a bandidagem dos assaltantes da esperança e sonho do povo de se ver livres do jugo, da opressão e da incompetência frelimista que pesam sobre os ombros do povo desde a independência.
Para mudancas no país, o povo deve descartar de contar com a equidistância e imparcialidade dos órgãos eleitorais por estarem, todos eles, viciados e infiltrados, basta reparar para a composição do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral, STAE, da Comissão Nacional de Eleições e Secretariado Técnico e do Conselho Constitucional, o protagonista da última linha, para se concluir de que pouco ou nada se pode esperar de bom.
Uma mangueira não produz laranjas nem uma laranjeira pode produz mangas. A lógica diz que o ladrão rouba, o corrupto corrompe ou se deixa corromper e o fraudulento faz fraudes e foi o que se viu - resultados eleitorais fraudulentos. Os fraudulentos que perfazem o STAE, a CNE e o Conselho Constitucional só poderiam produzir fraudes.
A Frelimo há quase 50 anos que vem pisoteando o futuro do nosso país. As portas vão-se fechando cada vez mais. Temos cada vez menos liberdade. O povo tem cada vez menos chance quando se descobre que anda "desalinhado" com o regime. O sistema multipartidário está de volta a passos galopantes com pingos de multipartidarismo.
VISÃO ABERTA - 05.12.2023