Em vida respondia pelo nome de Telvino Manuel Benedito, e era professor afecto à Escola Primária Muedamanga, no Distrito de Mocuba, na Província da Zambézia, foi encontrado sem vida no último final de semana.
O professor havia denunciado um suposto esquema de descontos salariais indevidos protagonizados pelo Coordenador da ZIP que na altura acabou refutando as acusações. Entretanto, nos áudios que a “Integrity” teve acesso de uma conversa supostamente tida com um defensor dos direitos humanos, o finado revelou que estava a receber ameaças por ter feito a denúncia.’
Na conversa gravada em áudio, o professor avançou que já havia ordens ilegais para o perder por alegadamente ter sujado o governo distrital de Mocuba. No diálogo, o professor pedia protecção, mas estranhamente apareceu morto, levantando revolta no seio dos colegas e familiares que na interação tida com a nossa reportagem afirmaram que “é uma situação bastante revoltante e chocante. Razão pela qual pedimos justiça”.
O caso já está a levantar vários questionamentos e acusações, uma vez que na altura o professor em questão revelou que desde fevereiro do presente alguns colegas seus, recebiam 2 a 35 meticais, devido a descontos indevidos alegadamente feitos pelo coordenador da ZIP, razão pela qual alguns professores que cansaram com a situação acabaram pedindo transferência para outras escolas.
“Integrity” procurou ouvir as autoridades policiais e do governo distrital em Mocuba, mas sem sucesso, uma vez que o finado disse que o Administrador do distrito o acusava de ter sujado o distrito.
Reagindo, a ANAPRO emitiu uma nota de pesar onde afirma que “é com enorme repúdio e revolta que a ANAPRO tomou conhecimento na tarde de domingo, 3 de dezembro, do assassinato macabro e criminoso do professor Telvino Manuel Benedito, afecto à Escola Primária Muedamanga, em Mocuba, Morte estranha, que acontece após a denúncia deste dos cortes dos salários de uma forma injustificável.”
A ANAPRO quer solidarizar-se com a família do professor e exige desde já a quem é de direito uma investigação séria, célere e responsável para a responsabilização dos criminosos que mataram o nosso colega.
Não há dúvidas que as denúncias por si feitas estão na origem deste crime. Essa situação ocorre num momento em que o MINEDH, na qualidade de representante do governo está na mesa de negociações com as associações para o esclarecimento de várias situações que afligem a classe docente, dentre as quais as horas extras que não vêm sendo pagas aos professores por um período superior a 12 meses, a ANAPRO, entende que esta situação poderá ser uma condicionante para as negociações.
INTEGRITY - 04.12.2023
NOTA: Em Moambique é assim: come e cala! Senão...
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE