Como tem sido frequente, na época festiva do Natal e fim do ano, que coincide com as férias escolares e de muitos trabalhadores, a procura do transporte aéreo para chegar a vários destinos aumenta. Este ano, a nossa companhia de bandeira, as Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) estão a praticar preços proibitivos. Alertada pelos seus leitores, a nossa reportagem fez ao longo do fim de semana uma pesquisa e confirmou que, por exemplo, uma passagem entre Nampula e Maputo chega a custar 31.977,00 meticais.
Aliás, na mesma companhia, o bilhete de ida e volta entre Maputo e Lisboa está disponível a praticamente mesmo preço (pouco mais de 30 mil meticais) e os nossos leitores questionam o porquê desta disparidade de preços e chegam mesmo a chamar de especulação descontrolada.
“Será que não existe uma tarifa máxima, por exemplo, para o percurso entre Nampula e Maputo? Então porque subir o preço em função da procura. Os valores cobrados hoje por apenas uma ida, correspondem a muito mais que uma ida e volta em período morto do turismo doméstico”, comentou um passageiro.
Aliás, a nossa fonte questiona se a autoridade da aviação civil moçambicana tem algum controlo sobre este monopólio das LAM, que, ainda por cima, presta um serviço medíocre em termos de horários.
“Quando comprei o bilhete para o voo do dia 14 de Dezembro, entre Nampula e Maputo, a partida estava marcada para as 20.20h. Mas passei a noite no aeroporto por causa dos adiamentos de horários e só consegui embarcar na noite do dia 15”, disse um passageiro que optou pelo anonimato.
Aliás, os cidadãos que pretendem viajar entre várias cidades do país estão expostos aos constantes adiamentos e atrasos sem qualquer informação prévia e muito menos um pedido de desculpas.
“O passageiro tem que se sujeitar a eles e nunca o contrário, pois se cancelas a viagem tens que pagar uma taxa ao remarcar”, disse a nossa fonte.
Contactada as LAM, na pessoa do seu gestor de comunicação, Norberto Mucopa, começou por dizer que os passageiros estão a comprar os bilhetes tarde em relação a data que pretendem viajar.
“A diferença que nós moçambicanos temos com os europeus é que compramos a passagem tarde. Por exemplo, é normal os europeus a esta altura estarem a comprar bilhetes de passagem para viajarem em Agosto do próximo ano. Assim conseguem comprar as tarifas mais acessíveis. Posso fazer um desafio e simular uma reserva para essa época do próximo ano”, disse.
Para a fonte, o bilhete de avião não é como a de carro. O que determina o preço é a antecedência da compra e a disponibilidade de lugares. “Conforme vão acabando os lugares, os preços vão subindo”, rematou.
Perante a pergunta sobre os preços praticados por esta companhia, para voos com destino a Lisboa, que chegam a ser mais acessíveis que um percurso doméstico, Mucopa justificou que existe um referencial mínimo que, por exemplo, neste momento para aquele país europeu são 23 mil meticais.
“Ir a Portugal pode chegar a 300 mil ida e volta por exemplo se comprar na business ou demorar a comprar. Aqui a questão é demorar a comprar. No avião é assim. No mesmo avião, você pode ir no percurso Nampula – Maputo a pagar 12 mil e o seu passageiro ao lado pagar 22 mil”, disse.
Quanto aos atrasos e adiamentos de voos registados na semana passada, o gestor da LAM revelou que houve uma inconsistência que começou com a situação de um passageiro que agrediu a hospedeira e a comandante do voo decidiu retornar a Maputo.
“Não é simples regressar. O avião quando descola com certa quantidade de combustível não é a mesma com que aterra. Foi preciso libertar o combustível para aterrar o que leva o seu tempo e, depois de aterrar, houve procedimentos para tirar o passageiro entregar a polícia localizar a bagagem dentro do avião e retirar”, frisou.
A fonte diz que todos esses procedimentos incluindo o reabastecimento ditou que o avião saísse com cerca de 4 horas de atraso e por isso criou essa sucessão de atrasos para os voos seguintes já programados no horário.
“Mas conseguimos regularizar. Tomamos providencias com uma aeronave de reforço de um parceiro que veio reforçar a operação”, disse Mucopa enviando para o nosso repórter uma reserva de ida e volta entre Maputo e Nampula para Agosto de 2024, que custa pouco mais de 19 mil meticais.
WAMPHULA FAX - 19.12.2023