É uma situação extremamente preocupante e que nos últimos dias ganhou outros contornos com a divulgação de uma suposta carta escrita em português e inglês pelos terroristas informando que os motoristas que não forem da religião islâmica seriam assassinados, ou caso contrário, teriam que pagar determinadas somas para que continuem com suas viagens.
O caso mais gritante ocorreu ontem (11.02) nas proximidades de Muaguide, na via de Macomia, na província de Cabo Delgado, onde assassinaram um motorista e queimaram um carro, na ocasião, obrigaram a parar um outro veículo da companhia de transporte Nagi Investments donde arrancaram valores monetários aos passageiros e entregaram as duas cartas ao motorista e seus companheiros.
Na referida carta, entre vários aspectos mencionados, o grupo escreve que “os motoristas Muçulmanos devem contribuir para o vosso din no Islão. O motorista cristão e judeu deve aceitar ser muçulmano, se negar paga, caso não pague, queimamos o carro e levamos (…) devem pagar para passar livre e à vontade nesta estrada do Rovuma ao Maputo e do Zumbo ao Índico.”
Portanto, na senda deste aviso de intolerância religiosa lançado pelos terroristas, um motorista que foi interpelado pelo grupo, acabou sendo obrigado a ligar imediatamente para o proprietário do camião para que pagasse o resgate da sua viatura e do seu motorista num valor de 150 mil meticais, ou a mesma seria incendiada e o motorista assassinado. Fontes próximas ao empresário contaram à “Integrity” contaram que o caso acabou tendo um “desfecho impróprio”.
Na saga das incursões, o grupo terrorista assaltou mercearias em Chiúre, onde recolheram todos os produtos alimentares e dirigiram-se para as proximidades do rio Lúrio na companhia de certas mulheres, facto este que levou as autoridades policiais e militares a posicionar diferentes unidades nas bermas do rio com o objectivo de impedir combativamente qualquer tentativa de migração do grupo para Nampula ou outras regiões circunvizinhas de Cabo Delgado.
INTEGRITY – 12.02.2024