Passam mais de 24 horas desde que o conhecido e corajoso activista dos direitos humanos e políticos, Joaquim Pachoneia, residente em Nampula, encontra-se desaparecido do seio familiar e profissional. Tudo porque, segundo apuramos foi “raptado” na sexta-feira (09.02) quando eram 10 horas, nas proximidades do Aeroporto Internacional de Nampula, por supostos agentes da Polícia da República de Moçambique (PRM), vestidos à paisana e que se faziam transportar numa viatura de marca Mahindra.
Em entrevista concedida à “Integrity”, Gamito dos Santos Carlos, Coordenador da Rede dos Defensores dos Direitos Humanos em Nampula explicou que tudo aconteceu na sexta-feira (09.02) no período da manhã, quando uma suposta cliente solicitou os serviços de táxi ao activista social Joaquim Pachoneia, alegado que tinha como destino o Aeroporto Internacional de Nampula. Sucede que chegando nas imediações do local combinado, uma viatura da PRM que transportava agentes à paisana ordenaram que o activista social saísse do veículo e efectua-se uma chamada para alguém da sua confiança para vir levar a sua viatura na 6ª esquadra que fica no recinto do Aeroporto Internacional de Nampula.
De acordo com Gamito dos Santos Carlos, desde ontem que procuram por Joaquim Pachoneia, mas até ao término da nossa entrevista ainda não havia qualquer sinal do activista social que nos últimos anos vem se destacando com suas intervenções contundentes e directas contra as injustiças governamentais em Nampula e no País. Gamito explicou que já circularam por quase todas as esquadras, mas nenhuma delas confirma qualquer detenção e o paradeiro de Joaquim Pachoneia.
A situação já está a agitar a comunidade dos defensores dos direitos humanos em todo País que através de vídeos e textos nas redes sociais vem apelando para o respeito à vida e a Constituição da República de Moçambique (PRM) que apregoa que no País não existe “pena de morte”. Entretanto, “Integrity” tentou colher a versão das autoridades através da Porta-voz do Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC) em Nampula, Enina Tsinine, mas sem sucesso, mesmo com as mensagens e chamadas efectuadas pela nossa reportagem não atendidas.
Sabe-se que até ao momento, é apontada a última opinião de Joaquim Pachoneia como a causa principal para que a “Gestapo moçambicana” o raptasse e o levasse para a parte incerta. No vídeo em alusão, o activista social aconselhava a “todos cabeças de listas que perderam as eleições fraudulentamente para que o procurassem porque ele conhece um curandeiro que pode provocar trombose aos edis eleitos indevidamente.”
No entanto, neste sábado (10.02) a PRM em Nampula, através de um convite à imprensa confirma à detenção do activista Joaquim Pachoneia e “convida todos os órgãos de comunicação social para uma conferência de imprensa à ser realizada no domingo (11.02), pelas 09H30 na 1ª esquadra, onde diz que irá apresentar os detalhes sobre a detenção de um indivíduo que responde pelo nome de Joaquim Pachoneia, conhecido por Jota.”
Joaquim [Jota] Pachoneia tem esposa e dois filhos, sendo um de sete anos de idade e outro de três anos. E actualmente para além do activismo crítico ao sistema é taxista. (O. Omar)
INTEGRITY – 10.02.2024