Novo ataque extremista, domingo (25), à tardinha, em Macomia, contra as forças armadas, com o registo de baixas na tropa. Numa primeira reacção, mobilizado reforço militar ido de Mueda, com o propósito de socorrer os colegas em desvantagem em Macomia.
A coluna partiu ainda no período da tarde de ontem, porém com alguma incerteza a reinar entre os jovens militares. “Não se sabe se irão chegar”, breve comentário da fonte militar que nos confidenciou a notícia. Em causa, o vazamento da informação classificada à favor do inimigo, que a usa para protagonizar emboscadas contra os militares.
Há “muita fuga de informação”, acentua a mesma fonte, que assegura que sem isso, o exército nacional é superior ao inimigo, do ponto de vista combativo. Na semana passada, milhares de pessoas indefesas abandonaram as suas aldeias, em Cabo Delgado, para lugares considerados seguros face ao avanço dos grupos extremistas, referência para Pemba, Chiúre e Eráti, Nampula, que nos últimos dias receberam deslocados famintos e sem assistência médica e medicamentosa.
Adriano Maleiane, primeiro-ministro, na reacção ao momento, fala numa arquitectura financeira de grande monta, para dar resposta à nova conjuntura originada pelo recrudescer da violência extrema na província. A iniciativa do executivo não descarta desvios de aplicação e recurso aos parceiros internacionais.
É que, sabe-se, a protecção civil – INGD – tem as contas já feitas que englobam essencialmente problemas originados pelas mudanças climáticas, sendo que neste momento decorre a época chuvosa e ciclónica, em Moçambique. Filipe Nyusi esteve, na semana passada, em Cabo Delgado, numa missão que entre outros objectivos foi para renovar a moral dos militares e fiscalizar a tropa, ele que tem sido copiosamente criticado por não convocar o Conselho Nacional da Defesa e Segurança para abordar especificamente a nova vaga extremista.
Nyusi faz ouvidos de mercador às críticas, justificando o ataquer ao distrito de Chiúre, Mazeze, como tentativa falhada de os extremistas recrutar jovens que aparentemente já estavam a aguardar o momento, acabando por abortar mercê da intervenção combinada do exército nacional e do Ruanda. Debaixo do drama humanitário provocado pela alta dos ataques extremistas, em Cabo Delgado, na praça pública é resgatada a pressão ao executivo, no sentido de negocial com o grupo.
Uma ideia desde o primeiro momento defendida pela Tanzânia, particularmente pela sua presidente, Samia Suluhu, entretanto liminarmente declinada pelo executivo de Nyusi. Na argumentação, Suluhu diz que em Cabo Delgado as pessoas estão fartas da injustiça social e económica, situação que precipitou a eclosão da revolta. Os recursos naturais, segundo a Tanzânia, são dos principais problemas que levaram à insurgência.
E isso não se combate mobilizando forças armadas da região ou do Ruanda, mas pelo estabelecimento de uma linha de diálogo negocial, com o beneplácito do executivo tanzaniano, na mediação. Até ao momento, o governo moçambicano tem feito ouvidos de mercador.
EXPRESSO DA TARDE – 26.02.2024