Por Afonso Almeida Brandão
Esta percepção de Democracia, de bem comum, de sentido de Estado é, no mínimo, preocupante e respalda uma de duas ideias
— ou o Partido da FRELIMO e da RENAMO, por um lado, e o povo Moçambicano por outro (pelo menos aqueles que já estão FARTOS desta situação) é completamente néscio e desprovido de cultura política, democrática e social;
— ou o status quo é tão mau e as perspectivas futuras tão pessimistas, que entrámos em modo de sobrevivência e nem sequer vale a pena olhar para as Gerações Vindouras, mas antes salvar a própria pele hoje, já que o amanhã é incerto e pode nem chegar.
A alternativa a estas hipóteses roça o humor negro o está tão habituado a mentir, a viver de esquemas e a olhar para os exemplos dos restantes Partidos e dos políticos das últimas décadas, que, por defeito, também andam a leste de tudo e de todos…
Qualquer um dos cenários equacionados radica nas políticas da FRELIMO e também da RENAMO que, paulatina e (in)conscientemente, viemos concedendo. Começando no politicamente correcto, passando pela classificação e apodo dos que defendem os valores (mais) tradicionais e terminando na defesa acérrima dos direitos das minorias que fizemos por impor a toda a Sociedade, fomos criando nas pessoas uma ideia de detentores de direitos. Cada indivíduo passou a ser um centro de direitos, pessoalizados, individualizados e exclusivos, que os pode opor, em qualquer circunstância, aos demais e, sobretudo, ao Estado. Esse Filipe Nyuse não percebeu as asneiras que tem cometido nestes dois Mandatos, está “agarrado ao poleiro” como o “mexilhão à rocha” com o fito de continuar a manter o “Poleiro” do Poder a todo o custo, cada um à sua maneiara — assim como o «Metralha» do General da treta da RENANO que já devia ter deixado as funções que vem usurpando desde o dia 17 de Janeiro a esta parte... e sempre convencido que os restantes Membros de ambos os Partidos são ignorantes e que andam a dormir na forma... e que estes Senhores poderiam equilibrar a balança. Enganaram-se. Abriram a Caixa de Pandora e jamais terão capacidade de a fecharem…
Poderíamos olhar para outros exemplos africanos e europeus (e começam a ser já a maioria!) e perceber que o caminho não é esse. Mas, por cá, em Moçambique, este Maravilhoso País à Beira-Índico Banhado, tardamos em perceber as coisas e confiamos sempre que apesar de a fórmula ser a mesma, os resultados serão diferentes. Só assim se percebe que uma parte dos Membros do Partido FRELIMO e da RENAMO, de uma forma diferente, aceitem “aturar” o Nyuse e o Momade que já trasandam....
Em tempos e circunstâncias normais, Filipe Nyuse e o General Momade teriam dificuldade para ficar o rprimeiro com o lugar de Porteiro na Assembleia da República e o segundo na Sede do Partido RENAMO...
Mas há muito que os frelimistas e a “malta” da RENAMO deixaram de olhar para Moçambique como uma Nação, encarando-o apenas como Estado, a quem cabe gerir não a identidade de um POVO, não os valores de uma Sociedade, mas apenas efectuar uma gestão distributiva dos recursos de acordo com as vozes que se vão levantando e a sua repercussão na curva das sondagens. Os problemas endémicos e estruturais não carecem de medidas, apenas os situacionais que fazem capas de jornal. Não há uma reforma, digna desse nome, nos anos da (des)governação frelimista e do Partido da RENAMO. Apenas roubo, aldrabice, apoios extraordinários, “compadrio e favoretismo” aos “amigos especiais e dedicados”, abonos e todo um rol de despesa pública para aplacar a contestação social. E a distribuir dinheiro, a FRELIMO parece o Pai Natal…
Mas a verdade é que, apesar de precisarmos de pais, todos preferimos, a determinada altura, a companhia dos avós. Não nos berram, não nos chamam à atenção, permitem-nos tudo, desculpam-nos as asneiras, afrontam os pais e ainda nos dão uns Meticais às escondidas ou nos enchem de doces ou chocolates quando os pais há muito proibiram. Para os avós, a única regra que verdadeiramente importa é que as crianças estejam felizes, até porque… são crianças… Mas acontece que os Jovens de hoje são crescidos e sabem bem o que querem para o seu País “a saque”...
O exemplo do Deputado Venâncio Mondlane tem, pois, aqui, — e aqueles que estão eventualmente do seu lado —, um papel ingrato. E só podemos dizer que estamos incondicionalmente do seu lado. E a de convencer os meninos que, afinal, a sopa é melhor que os doces, os legumes mais saudáveis que os chocolates e a sesta mais retemperadora que horas de Playstation. A de convencer os adultos que para distribuir riqueza é preciso produzi-la, primeiro, que a melhor forma de ganhar dinheiro é trabalhando, que cada um de nós tem que gerir os seus recursos, que o Estado não tem meios ilimitados e que todos somos responsáveis pelas nossas acções…
Seja por ideologia, seja por mera aritmética política, ainda há pessoas lúcidas como Venâncio Mondlane que estão do «outro lado da barricada» e por isso é que o querem silenciar. E é por isso que o admiramos e estamos com ele. E dentro da FRELIMO também há gente que discorda com o que os seus colegas de Partido estão a fazer no Governo.
E já nem falo nos restantes Partidos sem expressão nem assento na Assembleia da República, com excepção do MDM.
Filipe Nyuse e o General Momade cavalgarão a todo o custo sob a bandeira da continuação do “poleiro”, dos extremismos, das perseguições de quem não está comigo “está contra mim”, como se estes dois fossem, eles mesmo, uns moderados. Os que estão no Governo vão continuar a (des)governar, a prometer mais apoios, mais subsídios, mais oportunidades, mais igualdade, mais médicos, mais professores, mais tudo. Não tocará nos Impostos, nem na Segurança Social — se é que ela alguma vez funcionou como deve ser....
Mas afinal, quantos meninos ou Jovens, ou Adultos, (ainda) acreditam no Pai Natal...?!