Por Edwin Hounnou
Está em curso uma acção de uma verdadeira sabotagem na LAM (Linhas Aéreas de Moçambique), a companhia de bandeira. Os antigos gestores não largam e estão a fazer de tudo para demonstrarem que, sem eles no leme, a empresa não tem como andar progredir.
Eles querem provar que as medidas tomadas de restruturação da empresa são ineficazes, inadequadas que não podem produzir os efeitos preconizados.
Os meios a que se socorrem os gatunos infiltrados na LAM são dos mais diversos, como não pagar combustíveis para acumular dívidas e levarem a empresa à falência. Instalam nas lojas da LAM POS's de outras instituições, de outras empresas como casas de venda de bebidas, de piri-piri, etc.
Os valores pagos na compra de bilhetes de passagem e no pagamento de serviços caiem em bolsos estranhos. O desvio de dinheiro através de POS's de empresas estranhas nas lojas da LAM faz parte da grande estratégia de saque.
Nunca antes tinha havido uma acção tão gigantesca quanto banditesca de sabotagem de uma empresa como a que está a decorrer contra a LAM. Os sectores que protagonizam esses actos de sabotagem e de roubalheira continuam impunes. A PGR (Procuradoria Geral da República) não faz nada. Está a encobrir os bandidos e ladrões que delapidam a LAM. Os bandidos estão de vento em pompa na destruição da LAM.
Não é só contra a LAM ou FMA (Fly Modern Ark) que se batem os ladrões. É contra a transparência que o ministro Mateus Magala pretende impor na LAM para que a empresa possa crescer e se desenvolver.
Os gatunos estão a travar uma luta satânica contra a presença da FMA, empresa sul-africana contratada pelo governo para repor a LAM nos carris do desenvolvimento e deixe de ser saco azul que financia actividades político-partidárias da Frelimo e construções de mansões e proporcionam vida de petrodolares de alguns. A presença da FMA na LAM está a atrapalhar as boladas.
Os gatunos que operam na LAM estão a fazer de tudo para que a FMA se vá embora e, assim, o festival continue sem percalços.
A restruturação em curso na LAM visa fechar as torneiras que jorram leite e mel e isso incomoda os grandes ratos da LAM e outros que se beneficiam dos fundos das empresas públicas, designadamente, o partido no poder. Não é novidade que o partido Frelimo tem sacado fundos das empresas públicas para financiar as suas actividades políticas e isso lhe perturba bastante.
Conhecemos directores que cessaram funções por não terem sido "flexíveis" na cedência a saques pelo partido Frelimo.
Uma empresa organizada com a contabilidade organizada, não tem como sacar fundos para alimentar o banditismo. Não sabemos quem vencerá a batalha contra o roubo e destruição de empresas públicas.
A entidade mais interessada no contínuo saque de fundos públicos é o partido no poder. Como os órgãos de justiça estão acorrentados ao partido governamental, eles assistem, também, ao festival da roubalheira a partir da bancada sombra, como qualquer cidadão comum.
A PGR é o defensor do Estado, o promotor da acção penal mas não tem feito nada para interromper a sangria de fundos nas empresas públicas. Foi por essa inércia que todas as empresas públicas tais como os Correios de Moçambique, Telecomunicações de Moçambique, Mcel, CFM, EDM, Mabor, CIFEL, Vidreira, etc., não se desenvolveram e algumas sucumbiram. Empresas robustas murcharam e fecharam as portas.
A Mcel, a primeira empresa de telefonia móvel, não resistiu à mais pequena concorrência e, hoje, anda às moscas. A LAM, apesar de todo o proteccionismo do Estado de que goza, não sai do raquitismo a que se encontra condenada. Nenhuma companhia aérea resistiu aos obstáculos que se fazem. A Air Corredor, tentou e "desconseguiu". A Ethiopian Airlines "desaguentaram".
Neste ambiente de negócios, só pode operar sem chatices a empresa que tenha as portas abertas à roubalheira. As empresas públicas não têm como blindar as suas portas, por isso, estão condenadas ao fracasso.
O IGEPE (Instituto de Gestão das Participações do Estado) serve de porta de entrada para saques. A doença que mata as empresas públicas entra pelo IGEPE. Enquanto esta entidade persistir, nenhuma empresa pública pode progredir.
O IGEPE, ainda que seja uma entidade pública, é a janela por onde a Frelimo enfia a mão para sacar fundos das empresas tuteladas ou comparticipadas pelo Estado, para financiar as suas campanhas.
Esperamos que o Ministério Público nos venha dizer a quem pertencem os POS's, para além do botle store que recebia dinheiros de pagamentos dos bilhetes de passagens aéreas. A PGR não vai dizer nada por saber que, por detrás, desses botles stores, há gente graúda.
No passado, tivemos a Crown Agents, uma empresa britânica, que reorganizou as nossas alfândegas, que operavam como uma agência de saque. Quando a Crown Agents chegou, a direcção das Alfândegas de Moçambique passou a desempenhar um papel secundário até às Alfândegas se organizarem e os roubos terem sido estancados. A corrupção, nas alfândegas, continua mas não nas proporções alarmantes do passado.
Daí, as receitas subiram. A Autoridade Tributária tem desempenhado um importante papel na economia nacional. O que antes, cada um levava para casa o que conseguia colectar nos postos fronteiriços, na via pública e retiravam de casa em casa.
As alfândegas eram um cancro. Hoje, as coisas melhoraram, mas, o tumor maligno ainda prevalece, não com tanta violência como era noutros tempos. Hoje, ser funcionário das Alfândegas é uma bênção, é ter caminho aberto para o enriquecimento sem causa.
Os que se beneficiam dos roubos não são todos os funcionários da LAM, mas apenas um grupo restrito, os tais 'comediantes' que aumentaram seus salários em 100 mil meticais quando se aperceberam da chegada da FMA e hoje andam a dizer que a FMA não partilhou com eles as suas constatações sobre golpes de baú ora em curso.
O peso da lei está a demorar a chegar à LAM para que os botles stores e outros truques deixem de sugar fundos da LAM e sejam desmantelados para sempre! As acusações levantadas pela FMA são tão graves que não devem morrer no silêncio da justiça.
VISÃO ABERTA – 20.02.2024