Por Edwin Hounnou
A LAM (Linhas Aéreas de Moçambique), a chamada empresa aérea de bandeira nacional, está a saque. Se tudo dependesse apenas dos seus actuais gestores, a LAM estaria, hoje, à venda na sucata. As manobras para que a LAM deixe de existir se multiplicam por cada dia que passa.
A intenção do governo para reverter a situação foi respondida pelas mais diversas de curvas e contrs-curvas que vão desde a introdução de POS's estranhos à LAM nos balcões da venda de bilhetes de passagens aéreas e outros serviços como pagamentos empolados de combustíveis para as aeronaves.
Quando os actuais gestores da LAM se aperceberam da contratação da FMA (Fly Modern Ark) pelo governo para a restruturação da LAM e retirá-lá da lama em que se encontra, correram para aumentar os seus salários em 100 mil meticais, contra toda a corrente de uma gestão aceitável e razoável da coisa pública. Relativamente à esta atitude, o IGEPE (Instituto de Gestão de Participações do Estado) não fugiu nem fugiu. Quer dizer, fechou os olhos e não viu nisso um gesto de um galopante oportunismo.
O IGEPE consentiu o golpe da comissão executiva da LAM e até se pode dizer que isso foi feito com o apadrinhamento de quem deveria conter despesas desnecessárias.
Sérgio Matos, gestor do projecto de restruturação da LAM, disse que "há duas semanas, iniciamos uma operação para sabermos para onde está indo o dinheiro. Estamos a vender mais, porém, a LAM não está a ter todo o dinheiro". Continuando, disse que "fizemos um trabalho com a segurança interna da LAM e recolhemos 81 POS's e desse número 20 eram estranhos estranhos à empresa e ninguém sabe dizer quem os proprietarios e porquê aqueles POS's estavam nas lojas da LAM". Está claro que se trata de uma táctica para drenar dinheiros da LAM para outras instituições e pessoas.
Um outro truque para roubar consiste em abastecer uma aeronave com capacidade de 80 toneladas de combustível e passar um bordereau) com 95 toneladas. Com quem ficaram as 15 toneladas e quem paga? A LAM paga 15 toneladas a mais pelo combustível que não utilizou.
Esta é mais uma frente do saque dos fundos da LAM que está a ocorrer para levar a empresa à banca rota. Os autores desses roubos podem ser identificados. Os gatunos pretendem enterrar a LAM. A ganância que transportam está acima dos interesses da LAM e isso dita a conduta desses salteadores do bem público. Se nada for feito no sentido de travar a marcha da gatunagem, a LAM vai à falência.
Quem pode explicar a razão que levou a comissão executiva da LAM a abrir uma conta bancária no Malawi em que já depositaram 1.500.000U$D? A LAM deve cerca de 3.000.000 U$D às gasolineiras só referente ao mês de Dezembro de 2023. Deve 70 milhões de dólares às empresas que abastecem de combustível às suas aeronaves e ainda esconde dinheiro no estrangeiro? O IGEPE sabe disso e a PGR está a sonecar.
A LAM vem sofrendo golpes faz muito tempo e ninguém se mostra com vontade de parar com o festival. Porquê o IGEPE não age? É por falta de conhecimento do que está a acontecer ou é por cumplicidade? O IGEPE, em todas as empresas públicas, serve de porta de entrada para os saqueadores entrarem.
Todas as empresas tuteladas pelo IGEPE caiem na cilada. Umas murcham e se tornam raquíticas. Outras fecham as portas e morrem. A Mabor, CIFEL, Vidreira, Cometal-Mometal, Correios de Moçambique morreram devido à incúria e ao apadrinhamento do IGEPE. A Mcel, TDM, CFM e os três corredores de desenvolvimento - Maputo, Beira e de Nacala - estão em agonia, incluindo a LAM e as empresas de transporte público.
A PGR (Procuradoria Geral da República) nunca se importou com delapidação das empresas públicas. A PGR fica na bancada-sombra a assistir a roubos protagonizados por indivíduos conhecidos e a falência de empresas públicas.
A PGR nunca se preocupou em saber como a LAM vem transportando a gente do partido no poder que vai a congressos e às cessões do Comité Central sem pagar nada. Viajam "mahala".
Todos os cidadãos têm a obrigação de financiar as actividades políticas do partido no governo? A PGR investiga por temer de perder pão e anda mais preocupada com pilha-galinhas, saqueadores de carteiras e não se importa com roubos pesados. A impunidade reinante explica, em boa medida, o caos em que se encontra a economia.
Os gatunos que emagrecem a LAM pretendem desacreditar o ministro dos Transportes e Comunicações, Mateus Magala, que quer alavancar a LAM; demonstrar que a FMA seja irrelevante na restruturação da LAM e, por fim, deseja continuar a roubar à vontade, a construir suas mansões e palacetes sem chatice.
Podemos concluir de que há gente bem colocada que come com uma colher grande às custas do sofrimento do povo.
CANAL DE MOÇAMBIQUE – 21.02.2024