Escrito por Damião Cumbane
Vendo de fora, acho que os problemas da Renamo não têm nada a ver com Venâncio Mondlane. O pai dos actuais problemas da Renamo é o seu Presidente, o Ossufo Momade que, sabendo que 2023 e 2024, eram anos eleitorais, cometeu o erro de não ter previsto nenhuma reunião relevante do partido, Congresso ou Conselho Nacional, para lidar com o período eleitoral e quiçá, chancelar as suas ambições de de manter na presidência da Renamo.
Ossufo Momade, rodeado de alguns dos seus sequazes, sentaram-sa à sombra da bananeira a resfalarem-se dos quase um milhão de dólares (se não me engano) que a Renamo recebe do Erário Público, não sei se é mensal ou anualmente, além das mordomias que Ossufo Momade, pessoalmente recebe do Estado, entre os que são declarados para nós povo e aquiles que giram pelos becos e corredores da política pois, dos acordos e encontros que Ossufo Momade tem tido com o Presidente da República, ele não poderá convencer ninguém se ele dissesse que não está a negociar nada para ele próprio. A forma dócil como ele tem lidado com os assuntos candentes da vida política do país pode ser sintomática das pitadas de mel que periodicamente passam dos lábios de Ossufo Momade e, sem dar conta disso, porque ninguém tem como falar enquanto lambe os lábios untados de mel, Ossufo Momade foi revelando isso nos eventos que marcaram profundamente as últimas eleições autárquicas cujos resultados, contestados por vários quadrantes, dentro e fora da própria Renamo, tiveram como contrapartida um Ossufo Momade dócil e mansinho que mal se distinguia de um cãozinho de estimação.
Em Nacala e Quelimane Raul Novinte e Manuel de Araújo lidaram sozinhos com o pós-eleições. Na Matola, António Muchanga lidou com o pós-eleições à moda como a FIFA tem atribuído às Bolas de Ouro nos últimos anos ou como agem as máfias das apostas desportivas pelo Mundo. De repente, viu-se um Muchanga murcho antes do tempo e, agindo astuciosamente, ciente de que os seus gritos e marchas, de nada valeriam, apressou-se a assinar um armistício do qual, não sendo maluco, não poderá convencer ninguém, se disser que saiu de braços vazios. Na Cidade de Maputo o filme foi o que mais perto de todos esteve e se viu e, nisso tudo, viu-se um Ossufo Momade pálido e outras vezes incolor outras ainda, inexistente.
Em certo momento das marchas do Venâncio Mondlane viu-se neste, um estado de frustração em relação ao seu presidente, o Ossufo Momade, de quem esperava mais apoio político e não necessariamente a sua participação numa única marcha.
O Ossufo Momade em todo o dilema eleitoral, mostrou-se um homem indeciso e isso, muita gente de dentro e fora da Renamo viu. De dentro da Renamo rapidamente fermentou um ambiente de desamor com o seu presidente cuja legitimidade sempre foi fraca, desde a sua indicação para liderar a Renamo e os que o rodeiam e, apesar de muitos terem visto um Ossufo Momade confinado no seu palácio, rodeado de seus capangas, malta Manteigas e C.ia Limitada, o que faltava era aparecer um atrevido para pôr o guizo ao gato e, é aqui onde emergiu o Venâncio Mondlane.
Ossufo Momade, no lugar de se antecipar ao Venâncio Mondlane, anunciando datas ou períodos para as reuniões magnas da Renamo, permitiu que uma data de "cachorros" fosse a praça pública tentar vilipendiar VM esquecendo que este, para chegar onde chegou, teve um suporte dentro da Renamo, do qual Ossufo Momade tem medo e, não é por acaso que o Congresso ou Conselho Nacional continuam vocábulos inexistentes nas hostes da Renamo.
Ossufo Momade e os seus sequazes não querem, nem Congresso, nem Conselho Nacional. Querem ir às eleições, assim como está formatada a cúria da Renamo pois, já tem o segundo lugar assegurado e, com ele, a manutenção das actuais mordomias.
Outra coisa certa e irrecusável é o facto de a acção atrevida de VM ter logrado libertar vozes-contra, que agora ousam falar, uns mais organizados e coerentes do que outros.
Se não tivesse sido a acção do VM, o Bissopo e tantos que agora falam, não ousariam abrir as bocas tal como o fazem agora.
Neste momento vive-se um cenário de pânico dentro da Renamo, tudo por falta de mestria de Ossufo Momade que, não querendo Congresso ou Conselho Nacional, não preparou qualquer plano B porque, se este existisse, o mesmo estaria em marcha, mas não se vê nada.
Depois da Audição de Sexta-feira, em sede do Contraditório Diferido à Providência Cautelar requerida por VM e decretada pelo Tribunal, Ossufo Momade e a sua cúria poderão estar a jogar tudo por tudo e, decerto que nos meandros da diplomacia judiciária, está-se vivendo um final de semana incomum, de altas rotações, com chamadas telefónicas para todos os lados, a espera da decisão do juiz.
Se este mantiver a Providência Cautelar decretada, é o fim irremediável de Ossufo Momade na Renamo se o juiz levantar a referida Providência igualmente poderá ser o game over de VM na Renamo.
No meio disso tudo, está um Yaqub Sibindy com uma metralhadora nas mãos, a disparar para todos os lados à moda de um gorila alcolizado.