EUREKA por Laurindos Macuácua
Cartas ao Presidente da República (179)
Hoje não tenho nada para lhe dizer, Presidente. Para ser inteiramente franco, de todas as vezes que lhe escrevo, não o faço tanto por acreditar que vá ter em V. Exa. qualquer efeito –todo o vosso comportamento, traindo, inescrupulosamente, todas as promessas feitas em campanha eleitoral, não convida à esperança numa reviravolta! – mas, antes, para ficar de bem com a minha consciência.
Que lhe vou eu dizer? Falar sobre Cabo Delgado? Em que é que isso vos interessa? A Comissão Política da Frelimo e o Conselho de Ministros estiveram esta semana reunidos. Nos comunicados de imprensa que distribuíram, não havia nenhuma menção a Cabo Delgado. Isto diz tudo!
A postura da Frelimo, na sequência da borrada de Cabo Delgado, tem sido inqualificável. O partido perdeu o respeito de todos; perdeu o respeito por todos e, ao que se topa, só não perdeu o respeito por si. Lá chegará!
O País deixou de avançar porque foi capturado maioritariamente por gente sem moral nem princípios, cuja óbvia preocupação se esgota no sucesso dos negócios a qualquer preço e por muitos que sofrem de defeitos congénitos na espinhal medula.
E o comportamento do Presidente parece encaixar na perfeição, neste último âmbito. E se calhar quem o empurrou para o actual cargo sabia isso plenamente. Bom: nego-me, pelo menos por hoje, a acrescentar mais uma observação.
Só mais uma coisinha: dizem que a Frelimo anda ocupadíssima à procura do seu sucessor, Presidente.
Isto faz-me confusão porque pensei que a vacatura nunca esteve preenchida, apesar dos supérfluos requisitos exigidos.
A olho desarmado, é possível achar, dentro da Frelimo, um candidato à altura do que o partido exige. Quase todos têm credenciais necessárias.
DN – 01.03.2024