Agora é oficial: Bassirou Diomaye Faye venceu as eleições presidenciais no Senegal à primeira volta. O candidato da oposição recolheu 54,28% dos votos, enquanto o candidato governamental Amadou Ba se ficou pelos 35,79%.
A vitória de Bassirou Diomaye Faye era já um dado adquirido após a publicação dos resultados parciais. Os números anunciados no Tribunal de Dakar pelo presidente da Comissão Nacional de Eleições (CNE), Amady Diouf, confirmaram a dimensão da vitória.
Diouf destacou os resultados transparentes: "Cada eleitor pôde exprimir-se através do seu voto. Por isso, queremos agradecer por este trabalho e este sentido de sacrifício pessoal, que nos mostra que garantiram resultados sinceros e uma eleição sincera e transparente."
Na quarta-feira (27.03), o Presidente dos EUA, Joe Biden, felicitou Faye e "o povo senegalês, que demonstrou que o direito de voto - e o facto de este voto ser tido em conta - continua a ser o limiar da liberdade numa democracia".
A vitória do candidato antissistema, que dez dias antes da votação cumpria uma pena de prisão, deve agora ser validada pelo Conselho Constitucional, o que poderá acontecer dentro de alguns dias, dependendo de eventuais recursos.
Na ausência de contestação, "o Conselho proclamará imediatamente os resultados definitivos do escrutínio", como prevê a Constituição. Em caso de qualquer reclamação, o Conselho tem, teoricamente, cinco dias para se pronunciar.
Como irá Faye governar?
Bassirou Diomaye Faye, de 44 anos, prepara-se agora para suceder a Macky Sall, cujo mandato termina a 2 de abril. Será o quinto e o mais jovem Presidente da República do país com 18 milhões de habitantes.
Muitos senegaleses interrogam-se sobre como é que o futuro chefe de Estado vai governar e implementar o seu programa quando não tem maioria na Assembleia Nacional.
Nina Penda, jornalista e analista política, membro da sociedade civil senegalesa, acredita que a Assembleia Nacional deverá ser dissolvida.
"De facto, haverá dificuldades se alguma vez for necessário aprovar leis na Assembleia Nacional, uma vez que a coligação da oposição Yéwwi Askan Wi não conseguirá formar uma maioria. O mais provável é que a Assembleia Nacional seja dissolvida", diz.
De acordo com a lei senegalesa, que também prevê que o país seja governado por decreto, isso poderá acontecer em setembro.
Alimou Barro, advogado e membro fundador da Pastef, adverte, referindo-se às declarações de Ousmane Sonko no último comício eleitoral de Bassirou Diomaye Faye, em Dakar, que nenhuma aliança ou reunião de partidos políticos ou dirigentes na coligação "Diomaye Presidente" lhes dará direito a qualquer forma de partilha do poder.
"Há muitos partidos e movimentos políticos, dissemos-lhes claramente que estamos no controlo, que o Presidente está no controlo. Eles não estão à espera de nada. Não é uma questão de partilhar o bolo", sublinha.
"No entanto, precisamos de competências. Onde quer que haja um senegalês que possa fazer avançar um setor, iremos procurá-lo, seja ele partidário ou não, desde que seja senegalês, capaz e competente", acrescenta o advogado.
A Bassirou Diomaye Faye juntou-se, antes da primeira volta das eleições presidenciais de 24 de março, o Partido Democrático Senegalês, de Karim Wade, que continua exilado no Qatar. A ele juntaram-se igualmente dois outros candidatos presidenciais. Para já, nada indica que o Presidente eleito vá recorrer aos partidos que o apoiaram para dirigir o país.
DW – 28.04.2024