Venâncio Mondlane diz que submeteu duas novas providências cautelares contra a direção da RENAMO. Acusa o líder Ossufo Momade de violar o acordo que tinham, mas garante que se mantém de pedra e cal no partido.
O assessor jurídico de Venâncio Mondlane diz que são falsas as informações postas a circular nas redes sociais sobre uma alegada intenção do deputado da RENAMO se candidatar à Presidência da República no âmbito de uma coligação entre o Movimento Democrático de Moçambique (MDM) e partidos extraparlamentares.
Elvino Dias garante, em declarações à DW, que o seu assessorado continua a ser membro da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) e já se prepara para o congresso do partido em maio.
"A informação que foi posta a circular nas redes sociais não passa de um simples boato. Em nenhum momento o Venâncio conversou com qualquer partido. Ele é membro da RENAMO e toda a sua luta é dentro da RENAMO", referiu.
Convocação seletiva para beneficiar Momade?
O mesmo texto posto a circular nas redes sociais faz menção a um perfil político do candidato à presidência da RENAMO que teria sido aprovado pelo partido numa reunião em Maputo, na segunda-feira (08.04). E terá sido isso que levou Mondlane a submeter, hoje, duas novas providências cautelares no Tribunal Judicial da Cidade de Maputo.
O político contesta uma das supostas deliberações dessa reunião, que teria sido a convocação seletiva dos membros que participarão na reunião do Conselho Nacional, marcada para domingo sem o aviso prévio de 12 dias, como está definido nos estatutos do partido.
"Nós submetemos uma providência cautelar no sentido de o tribunal instar o partido, na pessoa do presidente Ossufo Momade, a respeitar integralmente os estatutos e garantir que todos os 120 membros do Conselho Nacional sejam convidados, garantido a deslocação, hospedagem e participação deles no Conselho Nacional em igualdade de circunstâncias logísticas, materiais e financeiras", afirmou.
Venâncio Mondlane acusa o presidente do partido, Ossufo Momade, de violar um acordo por eles assinado no âmbito dos preparativos do congresso, onde se espera que seja eleito o novo líder da RENAMO. O acordo estipulava o respeito rigoroso pelos estatutos.
Ingenuidade de Mondlane?
O analista político Ernesto Júnior entende que Venâncio Mondlane terá falhado ao não prever a possibilidade da convocação seletiva de membros para o Conselho Nacional.
"Quem está na direção é quem convoca os membros. Os membros são convidados", explica Ernesto Júnior. "Há várias formas para contornar os outros membros. Pode-se alegar, por exemplo, a falta de fundos, convocando aqueles membros que lhes são próximos e que vão garantir a vitória de Ossufo Momade e da sua direção."
Antes de submeter as novas providências cautelares, esta quarta-feira, Venâncio Mondlane terá apresentado uma contestação ao conselho jurisdicional da RENAMO. O analista Ernesto Júnior considera que isso pode ser um sinal de falta de confiança para com os órgãos do partido.
"Quando se recorre aos tribunais, isso significa que a questão da mediação dentro do partido se esgotou ou não há muita confiança. Claro que, no cenário político nacional, não é comum um membro demandar o seu partido, mas Venâncio fê-lo porque não tinha outra saída", diz Ernesto Júnior.
Dentro da RENAMO, "todos os membros e todos os órgãos se subordinam a Ossufo Momade", remata.
A RENAMO convocou para domingo a reunião do Conselho Nacional. Neste encontro, a formação política poderá aprovar o perfil do candidato à presidência do partido.
A DW contactou a direção da RENAMO, mas não foi possível obter uma reação ao anúncio de Venâncio Mondlane.
DW – 11.04.2024