Como era expectável, os grupos armados de inspiração islamita retomaram os ataques parcialmente interrompidos durante o mês sagrado de Ramadan que terminou esta quarta-feira, executando um ataque horas antes contra uma aldeia em Quissanga.
Efectivamente, os chamados “insurgentes” atacaram na tarde de terça-feira a aldeia de Namaluco, no distrito de Quissanga, onde raptaram “várias pessoas”, de acordo com as nossas fontes no local. O Redactor sabe que pelo menos uma pessoa foi baleada, mas sobreviveu e está a receber tratamento médico na vila de Macomia.
Na manhã desta quarta-feira, um “grupo considerável” de insurgentes foi avistado na aldeia de Cagembe, perto de Namaluco. Nas vésperas do início do Ramadan, os jihadistas efectuaram múltiplos e violentíssimos ataques que visaram fundamental zonas do litoral, centro e Sul de Cabo Delgado, designadamente (Quissanga, Mucojo, Ibo e Macomia), e, para além de óbitos, destruições e saques, geraram uma nova vaga de deslocados.
É entendimento de analistas militares habilitados que com o fim do Ramadan, assinalado esta quarta-feira, poderá se verificar uma nova intensificação de acções armadas do grupo jihadista que ataca diversas regiões de Cabo Delgado, Norte de Moçambique, desde Outubro de 2017.
Num esforço para acalmar os receios, o Governo moçambicano diz ter fé de que a retirada já em marcha das tropas da SAMIM – Missão Militar da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), a terminar a 15 de Julho próximo, será colmatada com efectivos mobilizados através do Serviço Militar Obrigatório.
Igualmente, está em curso um esforço de reequipamento gradual das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) financiado pelos parceiros internacionais, o papel auxiliar das “forças locais”, o apoio do Ruanda (Redactor N.° 6793, pág. 3) e a cooperação bilateral que poderão assegurar a neutralização da vaga jihadista.
O recurso a empresas militares privadas poderá voltar à ordem do dia com a saída da SAMIM, uma das condições impostas pela SADC para o envio de tropas para Cabo Delgado.
REDACTOR – 11.04.2024