Por Edwin Hounnou
O Secretário-Geral da OJM (Organização da Juventude Moçambicana, braço juvenil sem ideias próprias da Frelimo), Silva Livone (SL), respondeu, quando interrogado sobre o perfil do futuro presidente do seu partido e, provável da República de Moçambique, que a sua organização desejaria. SL respondeu que a OJM desejaria um líder com o perfil de Filipe Nyusi (FN), actual presidente da Frelimo e da República.
Esse pronunciamento indica que SL e a sua organização estão desprovidos de ideias. É uma atitude de puxa-saquismo que enferma muitas organizações de quase todos os partidos da nossa praça política.
O lambebotismo é uma doença que afecta os fracos que gravitam à volta dos decisores políticos débeis. SL e seus comparsas desejam no poder um líder com práticas nocivas como as de FN, para continuarem a comer.
Moçambique precisa de políticos apostados no desenvolvimento do país. Moçambique deseja ver um presidente que respeite a liberdade de expressão, de manifestação e de reunião, de um dirigente que não solta os seus esquadrões da morte para perseguirem e assassinarem alguém pelo facto de pensar diferente. Que luta para encontrar caminhos da paz para Cabo Delgado que se encontra em chamas desde 2017.
Ninguém quer um presidente que permita o saque aos recursos naturais como rubis, ouro, grafite e outros, como hoje acontece.
Quem desejaria um presidente comprometido com as dívidas ocultas que afundaram a economia nacional? - Nenhum moçambicanos sério. Ninguém quer um presidente que manda assassinar seus adversários políticos, nem quem manda fazer emboscadas e cerca-las nas suas casas.
Moçambique deseja um presidente capaz de pôr o país a produzir milho, batata, tomate, feijões, etc., para que as importações de produtos alimentares sejam reduzidas.
Nada pode justificar que, com 36 milhões de terra arável e mais de 66 rios com curso permanente de água, o país continue a importar o mais básico para se alimentar.
Somos ultrapassados por países com poucos recursos como Botswana, Malawi e Eswathini para onde vamos comprar carne de vaca, de aves, ovos, manteigas e queijo. O nosso país pode produzir tudo isso desde que apostemos em gente séria.
Moçambique produzia, no tempo colonial, alimentos bastantes. Ninguém atravessava a fronteira para ir comprar batata nem cebola.
Não era permitida a importação de fardos de roupa usada que a nossa indústria produzia roupa para todos. Estamos no fundo do poço e a culpa não é do colonialismo nem do imperialismo.
A culpa é do povo que aceita ser diriglido por corruptos. Os moçambicanos toleram que um partido tome de assalto as Instituições públicas e comande os Órgãos Eleitorais e a polícia.
Os moçambicanos têm culpa por admitirem que o Estado seja feito uma simples sucursal de um partido político e ninguém protesta.
Em democracia, o Estado é um bem público e não um instrumento para satisfazer os apetites de um grupo de indivíduos.
Moçambique só será salvo por moçambicanos comprometidos com os anseios do povo, batalhadores pelo bem-comum. Um presidente faz-de-conta, ao serviço de um bando de saqueadores.
O povo quer um líder que arrasta pelo bom exemplo. Capaz de levantar o país. Um presidente que nao se farta de percorrer aldeias, localidades e distritos a cortar fitas de inauguracões de pontecas, residências milionárias de administradores, postos de transformação de energia eléctrica, pedaços de estradas, etc.
O povo quer um presidente que pensa nas grandes linhas de desenvolvimento socioeconómico do país.
O presidente FN durante os 10 anos provou que está muito abaixo das expectativas que se criaram à volta da sua pessoa. Mandou matar, mandou fazer emboscadas e mandou cercar seus adversários. Escancarou as portas para que as multinacionais roubem os nossos recursos. Um como FN não se adequa aos interesses do país
Seria uma hecatombe, um naufrágio.
Em Estado de Direito Democrático, a corrupção é um crime punível. Entre nós, ela é tolerável por enriquecer a indivíduos ligados ao poder político. O calote é estimulado e seus autores se proclamam empresários de sucesso que, com o dinheiro roubado, constroem suas mansões.
O país vem sendo empobrecido desde que chegou à independência devido às nefastas políticas públicas seguidas pela Frelimo.
A intolerância, política que se caracteriza pela rejeição de quem pensa diferente, tem precipitado o país em situações de guerra. As guerras por que o país passa têm a sua origem na exclusão no desprezo de quem esteja politicamente "desalinhado".
O exponencial surgimento de pobres e da burguesia predadora de fundos públicos e distribuição restrita de oportunidades de negócios continua sendo um perigo para o pais e funciona como uma bomba-relógio que pode rebentar a qualquer momento.
Um presidente com perfil igual ao de FN, chumbaria, aos olhos do povo, com a nota mais baixa possível, por não ser nenhuma solução para os problemas do país.
O partido Frelimo está demasiado envelhecido e desprovido de ideias profícua para merecer confiança do povo.
CANAL DE MOÇAMBIQUE – 10.04.2024