Por FATIMA MIMBIRE
A intentona deste fim-de-semana no DRCongo, mais do que revelar as fragilidades daquele país, mostrou como Moçambique é facilmente um corredor para criminosos de toda a espécie.
Há anos tinhamos um grande criminoso da drogas vivendo junto da nossa elite tranquilamente. Circulava como um jar 7 ala moz. Supostamente ninguém desconfiava. Será que não? Ou era protegido de alguém.
As revelações que emergem do golpe falhado no Congo vieram dar respostas a muitas perguntas desatendidas e fazem o puzzle de Cabo Delgado completar-se. Está a ficar claro como é facil alguem liderar a insurgência em Cabo Delgado e nunca ser descoberto.
Visitando o google e o FB é muito fácil perceber que o tal do CM Malanga era um insurgente. Postagens feitas por ele indiciam isso. Será que a assistência do General não conseguiu fazer uma pesquisa básica para ver quem é esse fulano? O crime organizado tem muito lobby, conexões e está visto e a nossa elite política gananciosa não analiza nada.
Estou aqui a perguntar-me, como é que um indivíduo consegue transportar armas e dinheiro sujo, tranquilamente; ter acesso a licenças mineiras, num país onde contam mais os contactos que se tem que as ideias?
Imagina o sujeito sendo interpelado no aeroporto com sua mala contendo coisas estranhas e ele diz que é convidado do General e que a mercadoria pertence a ele, mesmo que não seja?. Nem a Autoridade Tributária e sequer a guarda fronteira vão vasculhar a mala de um sujeito altamente conectado, que supostamente carrega mercadorias de um grande chefe, que manda no país. Sobretudo se entre os carregadores de mala estiver o "despachante" do General. Ao longo da viagem até ao delievery da mercadoria, em Cabo Delgado, mesmo em estradas altamente controladas, basta dizer que é mercadoria do General que vai passar. É isto que mata o nosso país. A nossa elite dirigista não aprende nada e nem está a aprender nada com esta triste associação do General com o líder de um grupo insurgente.
Depois de tudo que estamos a acompanhar, uma investigação séria deveria ser conduzida para aferir a ligação desse grupo e a insurgência em Cabo Delgado e a ligação que o General e outros possam ter com tudo isto, que nos desgraça.
Não podemos continuar a dormir como se näo tivéssemos visto que um individuo que de forma aberta estava a orquestrar um golpe ao seu país, afinal tem acesso facilitado a uma das pessoas mais influentes da economia e política do nosso país, e diga-se que esteve a governar o nosso país nos últimos 10 anos por via de interposta pessoa (quem conhece a história da Frelimo sabe bem do que falo).
A pergunta que não cala é: vamos continuar a tratar a questão do branqueamento de capitais e financiamento ao terrorismo perseguindo organizações da sociedade civil registadas e que operam na licitude e transparência, quando a realidade, teimosamente, nos mostra o que não queremos ver e aceitar que realmente financia o terrorismo e branqueia capitais, e quem facilita essas práticas?
Os inimigos de Moçambique são internos e passam a vida a dizer que outros o são para lavar a sua cara suja. A verdade é teimosa. Ela impõe-se.
E agora! Continuaremos a dormir tranquilamente, como se nada tivesse acontecido? Como se os Malangas desta vida não passeassem a sua classe a bel prazer na nossa pátria amada?