Por Afonso Almeida Brandão
Não é a primeira vez que abordo este tema e não será, porventura, a última. Num dos artigos que publiquei neste mesmo espaço, falei nas dificuldades (imensas) que Moçambique tem atravessado — e continua a atravessar — e a verdade é que o assunto continua a ser determinante para o Futuro do nosso País e dos moçambicanos. Resumindo a questão: qual a estratégia que nos pode conduzir ao Progresso e ao Desenvolvimento? Presentemente, o Partido FRELIMO tem apenas uma estratégia conhecida: manter o poder até 2025 e tentar ganhar as próximas Eleições Presidenciais. O importante para estes “metralhas” e mantar o “poleiro” por mais uns anitos para continuarem a roubar o Erário Público “à fartazana”. Independentemente da actual e das futuras lideranças, esta é a estratégia de todos os Fremimistas da “treta”, não obstante as suas várias tendências e “artimanhas”, pois o objectivo é continuar a manter a Grande Família (chuxa)lista à frente dos Destinos da Nação e por excelentes razões: preservar o seu Poder “com unhas e garras” sobre a máquina do Estado e sobre os empregos e “as mordomias” que o Estado comporta. Alguém tem dúvidas disso?
Que Sistema de Educação, que Sistema Nacional de Saúde, que Sistema de Justiça, que Sistema para PRM, que Estratégia para o Território, que Modelo Energético, que Logística, são tudo buracos negros cujas opções ninguém conhece e onde a prática é contraditória.
Na Economia, se baseada, como agora, em mais de 90% de pequenas empresas, a maioria comerciais e de baixa produtividade — sobretudo nas mãos dos indianos —, ou uma economia com base em meia dúzia de grandes empresas industriais, comerciais ou de serviços, ninguém sabe; se a preferência vai para o Investimento Nacional ou Internacional, é um segredo bem guardado; se a aposta será uma Logística Nacional ou Internacional ao serviço de um Mercado Interno ou Externo, temos apenas a escolha oficial da “bitola” de alguns dos países da CPLP na questão de alguns “itens” que indicia uma política proteccionista, se válida ou não para todo o resto da Economia, não sabemos; sabemos, contudo, que o Governo de Filipe Nyuse aprecia o Turismo, mas não sabemos se a nossa “companhia de bandeira” (dizem eles) que é a LAM e a EN-1 que não ata nem desata, é suficiente ou não, se precisamos ou não de melhorar novas infraestruturas e recuperar outras estradas, avenidas e ruas, e dotar o actual Aeroporto mais activo e apelativo aos olhos de quem nos visita; também ninguém sabe o que fazer com os novos hotéis, restaurantes e afins quando chegar uma crise do Turismo, ainda que se saiba pela evidência histórica que acabará por acontecer, só não se sabe quando...
A grande evidência Nacional em relação a tudo isto é que ainda não pensámos em nada do que aqui descrevo, como sabemos que Filipe Nyuse e o seu (des)Governo trabalham afanosamente na propaganda de que tudo vai no “melhor dos mundos” e que a FRELIMO nos vai levar ao (?) Progresso e ao (?) Desenvolvimento, só também não sabemos quando. Que a evidência dos últimos (quase) nove anos a verdade é que parece que não tem grande importância, o Governo desdobra-se pelo País inteiro em reuniões, conferências e simpósios a anunciar a “boa nova” de que no Futuro «tudo o que não foi feito será agora feito» e que os milhões que Moçambique tem recebido dos Duadores Internacionais e também da União Europeia vão dar para tudo o que é preciso. Melhor produtividade? Melhores rendimentos para as famílias como na Irlanda (país que conhecemos bem), ou nos antigos países da Cortina de Ferro? Não são temas que interessem aos moçambicanos, aos PALOP´s nem ao Continente Africano, preocupados que estão com a inflação e o “cabaz de compras” praticamente inexistente do horizonte da maioria da nossa população. Quando a inflação chegar a eventuais números famosos, teremos de encontrar algo mais que entretenha o nosso bom povo. E em relação ao conflito que está para durar em Cabo Delgado digamos que é assunto que parece não interessar muito a Filipe Nyuse e nem aos seus “comparsas” do (des)Governo.
Aparentemente, a maioria dos moçambicanos também não se preocupam com a Dívida do Estado que continua a crescer a olhos vistos na ordem dos milhões de Dólares USD desde 2020 — nem mesmo que estejam a ser enganados com a percentagem da dívida sobre o PIB que desce, esquecendo que o valor a pagar é sempre maior. Ou seja, menos recursos para a Saúde, para a Educação e para os Reformados que continuam a receber uma vergonha. O exemplo é o de uma pessoa que vê o seu ordenado crescer e, ao mesmo tempo faz mais dívidas. Ou seja, é a história de alguém que espera que depois de morrer os filhos paguem o que, mais tarde ou mais cedo, terá de ser pago. Se é que alguma vez irá ser pago. Deixamos aqui a dúvida...
Esta é há nove anos a filosofia do Partido da FRELIMO e da dupla Filipe Nyuse e Adriano Maleiane, uma história de contentamento de quem se sente feliz com cada vez maior Poder para distribuir pela Grande Família «Chuxa-lista» em mais cargos e mais empregos, com licença para mais casos de corrupção, lavagem de dinheiro, negociatas de drogas (quase) a céu aberto um pouco por todo o País e que cresce a olhos vistos, e maior autoridade para evitar os malefícios democráticos das reais verdades e dos implicados no caso das Dívidas Ocultas — cujos implicados ainda não estão na totalidade apurados nem presos — ou para limitar as críticas, as quais, em qualquer caso, não alteram a convicção de que isso não é nada que uma boa dose de propaganda não resolva. Ou a política da tal «mão que lava a outra», muito em voga entre nós, não acabasse por resolver o assunto a contento... como se sabe.
Voltando à questão inicial da estratégia, ou mais exactamente à sua inexistência, nada é mais claro que os diversos Plano de que este (des)governo fala e promete. Um deles trata-se de «um plano de navegação à vista» em que o objectivo é o de distribuir dinheiro, muito dinheiro, o mais depressa possível, e depois logo se verá o que acontece. Pessoalmente, desde já posso garantir aos Leitores que não acontecerá nada, pelo menos que se pareça com uma mudança de rumo na direcção do desenvolvimento.
Infelizmente, também ninguém na Oposição da RENAMO, do MDM ou da ND anuncia uma qualquer estratégia global e coerente no Panorama Económico e Social Moçambicano, como ninguém se atreve a procurar medir os efeitos negativos de tanta coisa má que temos por aí e que já é uma boa indicação de que nada de relevante irá acontecer. A definição de uma linha estratégica para Moçambique não existe, apesar dos (des)governantes falarem de “estratégia” por tudo e por nada. A estratégia para combater a Inflação, a estratégia para encontrar mais médicos para os Hospitais, a estratégia para a Água, a estratégia de combate ao Tráfico de Droga, e aos “amigalhaços”, às influências, a lavagem de dinheiro, à política de que «uma mão lava a outra», de facto não faltam a Filipe Nyuse estratégias. O que revela que no nosso País apenas os militares sabem, porque aprenderam como parte da sua formação, do que se fala quando se fala de uma estratégia para Moçambique. O resto é ignorância pura e dura.
Aliás, o que não falta aos Governos do “metralha” Filipe Nyuse é ignorância, razão para o contínuo dos erros praticados, dos «casos e casinhos que foram criados» e da evidente inexperiência em tudo o que cheire a organização, medição de resultados, ou previsão sobre o que vai acontecendo.
O percurso político destes senhores, os empregos distribuídos pelo Estado aos “amigalhaços” acabados de sair da Universidade (ou não, isso pouco importa!) e a ausência de critérios de exigência, selecciona para o serviço público quem lá não deveria estar por ausência das Qualificações necessárias. Não poucas vezes a falta da mais fundamental das qualificações, a Seriedade e a Ética. Podíamos citar inúmeros nomes, a título de exemplo, mas para evitar mais confusão — pois esta crónica já está quente o suficiente — o melhor mesmo é ficarmos por aqui.
Até porque o Povo sabe de quem se trata e onde pára “essa” gente...