Os profissionais de saúde moçambicanos anunciaram a prolongação da greve por 30 dias face à falta de consensos nas negociações. Acusam o Governo de "intensificar as ameaças" à classe.
"Conversações estão a decorrer com o Governo, mas prevalece o braço de ferro, visto que este teima em não apresentar garantias concretas de que vai cumprir com os acordos de junho e agosto de 2023 firmados em sede de negociações", disse a secretária-geral da Associação dos Profissionais de Saúde Unidos e Solidários de Moçambique (APSUSM), Sheila Chuquela, em conferência de imprensa, em Maputo, esta segunda-feira (27.05).
Em causa está uma greve iniciada há quase um mês pela APSUSM, que abrange cerca de 65.000 profissionais de saúde de diferentes departamentos do Sistema Nacional de Saúde, exceto os médicos.
Chuquela afirmou que a classe quer que o Governo apresente prazos para o cumprimento dos acordos já alcançados em sede de negociações, sobretudo no que diz respeito à disponibilização de material médico-hospitalar e melhoria das condições do trabalhador.
A responsável voltou a acusar o Governo de intensificar as ameaças aos profissionais de saúde, recorrendo a transferências arbitrárias para unidades sanitárias mais distantes.
"Podemos provar a nossa desconfiança quanto à vontade do Governo de cumprir com os acordos com a APSUSM na medida em que continua seviciando o profissional com transferências arbitrárias para locais mais distantes da área do trabalho atual", afirmou.
Acusações de falta de seriedade
A secretária-geral da APSUSM acusou ainda o Governo de continuar a "negligenciar" a saúde dos moçambicanos, ao "usar estudantes totalmente despreparados" para atender os utentes que procuram pelos cuidados de saúde.
"Como se pode depreender, são manobras de quem não quer efetivamente solucionar os problemas existentes no sistema nacional de saúde e furta-se a levar com seriedade as questões apresentadas para não solucionar os problemas e cansar o profissional de saúde", acrescentou.
Mais de 50 mil profissionais de saúde aderiram à greve iniciada em 29 de abril, anunciou anteriormente a associação.
Entre outros aspetos, a APSUSM exige que o Governo providencie medicamentos aos hospitais, que têm, em alguns casos, de ser adquiridos pelos pacientes, a aquisição de camas hospitalares, a resolução do problema da "falta de alimentação", bem como o equipamento de ambulâncias com materiais de emergência e equipamentos de proteção individual não descartável, cuja falta vai "obrigando os funcionários a comprarem do seu próprio bolso".
LUSA – 27.05.2024