Saudades do Mano Correia, o Agricultor-mor!
Confesso que sou fã do ativismo político do Ministro Celso Correia. Isso, claro, sem prejuízo da minha condenação aos roubos eleitorais, à violência contra eleitores, à minha detenção no dia das eleições e seu silêncio covarde, aos alegados desvios de recursos para a campanha eleitoral, do alegado falecimento insustentável do Sustenta e do Fundo Afundado, e quiçá das alegadas “ambições” presidenciais, que até saúdo! Ou como dizemos em economia, ceteris paribus…!
Aqui e agora, falo apenas do ativismo político, ou seja, a forma de ser e estar na política de Celso Correia.
Confesso desde já, ao meu pároco, o Padre Sereneu, que de facto e de jure, pequei muitas vezes, por pensamentos e ações, atos e omissões… e que, por isso, “por minha culpa, tão grande culpa, rogo aos meus amigos e irmãos e colegas da (O)posição para que me perdoem por tamanha heresia…!
E que um dos meus pecados que cometi e que devidamente confesso e presumo, por isso, também devidamente perdoado, é o facto de ter sentido saudades, sinceramente falando, desse outro “Celso”, porque rigorosamente falando, não o via desde que assumiu as pastas “quase criminais” de Coordenador da Campanha Eleitoral para as autárquicas de 2023, onde, como todos sabemos, o Mano Celso, o Roque demissionário e a Frelimo “perderam” estrondosamente, diga-se de passagem, em 22 municípios, incluindo o de Quelimane (o Vaticano da Democracia em Moçambique). Aliás, foi em Quelimane que a carapuça do Nyusi e do sistema caiu. De facto, foi nesta urbe, designada Capital da Democracia pelo Diretor do Centro de Democracia e Desenvolvimento, o Prof. Nuvunga, que foi oficialmente dito pela “Dupla Nyusi-Lenço” que as eleições na Cidade de Quelimane foram “ganhas e ou perdidas” de acordo com o lado em que o leitor se encontra, na “Secretaria”, ou seja, no Gabinete…!
Uma proclamação que deveria ter produzido efeitos e consequências jurídicas.
Pela primeira vez na história de Moçambique tivemos um Chefe de Estado a dizer em público que neste país as eleições são e podem ser ganhas na “Secretaria/Gabinete”.
E isso dito pelo Mais Alto Magistrado da Nação, ante o silêncio cúmplice e ensurdecedor da Mana Bia e seu sequaz Jamal, que recebem o dinheiro dos nossos impostos para fazer valer e fiscalizar a legalidade!
Oxalá esse silêncio lhes valha uma renovação dos mandatos, pois o vizinho mesmo à frente da porta da PGR já renovou! Aqui ficam as minhas hossanas ao Venerando! Parabéns pela renovação. Nós, súbditos da Rainha, nos orgulhamos de si…!
Aliás, sobre este ponto, gostaria de convidar o meu Mano Nuvunga para também propor Quelimane (que esta semana foi “promovida” e citada pelo “The Economist” como “a cidade mais ativa do planeta em termos de Walking and Cycling”, batendo mesmo a mundialmente conhecida Holanda, e deixando a ex-capital do mundo do “Cycling and walking”, Utrecht, em terceiro ou quarto lugar: Habemus Campeão-Quelimane).
Dizia que também pedíamos ao Mano Nuvunga para incluir Quelimane e seu povo no “Guinness Book of Records” por ter sido a primeira cidade na história de Moçambique independente a fazer “whaamular” a Frelimo, uma capital provincial inteira, e, como se não bastasse, que o feito fosse pública e oficialmente reconhecido por um Chefe de Estado (em fim de mandato).
Ser cidade oficialmente “whaamulada” na secretaria não é para todos! Nem a nossa vizinha e inspiradora Beira, que ostentava prestígio semelhante, desta vez não se pode sentir tão honrada!
Juro sinceramente que se dependesse de mim, entregava hoje mesmo as chaves do município ao Mano Latifão e ia tratar da minha vida e dos meus…! Oxalá tal dia chegue rapidamente…
Quanta ironia? Quem diria que um Chefe de Estado em exercício faria tal confissão e homenagem em público? É que um partido da Oposição conseguir ganhar na secretaria concebida, montada, gerida, oleada, financiada e presidida pela Frelimo é obra…! Requiem…!
Voltando à vaca fria, confesso sinceramente que estava com saudades do Mano Celso, o agricultor! Há sensivelmente um ano que não o via abraçando sementes, transpirando por cima de um trator ou misturando adubos em Mutarara ou Machanga! Na verdade, não o via há meses plantando ramas de batata em Angónia, colhendo tabaco em Mwanza, ou piri-piri em Milange! Não o via há meses colhendo as folhas de chá do Gurué, o arroz do Nante, de Mucelo, Cerâmica, Ilalane ou mesmo de Mopeia! Ou colhendo tomate de Mocubela, feijão do Niassa ou amendoim de Namarroi…!
Será que o meu mano, durante esta ausência, tirando o dia da abertura da campanha agrícola algures na Zona Norte do País na companhia do Presidente Nyusi, ainda recebia e ou recebe como Ministro ou pediu férias sem vencimento durante o quase ano e meio para tomar conta da campanha?
E para que não me acusem de ser anti-Correia, vou levantar um pouco o véu para que todos possamos ver a “bunda” da virgem ou o “couso” do príncipe!
É que senão nos acusam de não sermos “generosamente” corretos no linguajar! Deus me livre…!
O país (tanto a Posição como a Oposição), a Sociedade Civil, os MASXs, CDDS, IESEs da vida, têm ideia de quanto se gasta em dois anos eleitorais consecutivos subsidiando partidos políticos e seus apparatchiks em mais de seis meses: em bilhetes de avião, em faltas e ausências ao serviço, em aulas não dadas, em reuniões improdutivamente partidárias, em chamadas telefônicas feitas por agentes partidários e pagas pelo estado, e pelo erário público, em combustível, em carros, em barcos, em financiamento a conferências partidárias, matabichos, almoços e jantares pagos pelo pacato bolso do cidadão, etc?
Será que aquela “comissãozinha” de que meu padrinho, Ismael Mussa, é porta-voz (outra forma de roubar honestamente ao Estado e ir ao bolso do pacato cidadão e aumentar despesas subsidiando os membros da Comissão em viagens, almoços, jantares) não poderia dedicar uma noite, já que de dia a agenda deve com certeza estar super ocupada com outros biscates, para (des)refletir sobre o assunto e poupar-nos algumas “coroas” juntando as eleições gerais, legislativas, as assembleias provinciais/governadores com as eleições locais?
E já agora, o padrinho e companhia limitada, quando é que ganham “tomates” e nos libertam dos famigerados e inúteis “tangalas” dos Secretários de Estado?
Sabem quanto pouparíamos ao pacato bolso do cidadão comum e ao erário público?
Custa assim tanto acertar o calendário e mandar a “reforma choruda” aos Secretários de Estado? É que em anos eleitorais só trabalhamos, sim, eu incluído, só trabalhamos efetivamente durante seis meses! Os outros seis meses o Estado “subsidia” os partidos políticos…!
Dear Donors, I meant to say “Parceiros de (sub)desenvolvimento, e participantes da recentemente terminada “Prawns-led Inhambane Political Dialogue…?” Can we afford? Is this sustainable in the long run? Or the long run does not exist?
Deus nos salve…
Manuel de Araujo
TXOPELA – 23.05.2024