Dias atrás, da Zambézia o Venâncio Mondlane dizia-nos que iria avaliar com os seus colaboradores os passos seguintes. Isto acontece depois que foi inexplicavelmente excluído do congresso da Renamo apesar de ter sido eleito nas bases como delegado. Um congresso que ele levou a que fosse convocado contra a vontade daqueles que não queriam que o evento estatutário tivesse lugar e que receavam a sua candidatura à liderança daquele partido e subsequente (e inevitável) candidatura à presidência da república.
Horas depois, ao aterrar em Maputo no meio de uma recepção apoteótica jamais vista na história política de Moçambique, ele marcha com os seus apoiantes e os jornalistas perguntam-lhe o que fará e ele diz que fará o que o “povo” quiser.
Minutos depois, de cima de um veículo fala para a multidão e diz que amanhã (Terça-Feira, 21 de Maio de 2024) irá começar a solicitação e recolha de assinaturas para colocar uma candidatura independente para concorrer nas eleições presidenciais de 9 de Outubro de 2024.
Isto é uma crónica muito incompleta de acontecimentos verdadeiramente estonteantes que podem baralhar as mentes de muitos.
A questão que se coloca é: quando é que ele falou com o “povo” para ouvir o que lhe tinha a dizer? Não será que estamos em presença de um aventureiro que toma decisões emocionais na “quentura” do momento? Essas são suposições e questões que alguns legitimamente irão colocar. E imagino até que os detractores e adversários irão tentar explorar esse flanco para desvalorizar esta candidatura.
Não sendo eu um estratega ou analista político com ciência e método apropriado, mas sendo porém um observador bem informado, não tenho dúvidas absolutamente nenhumas de que não foi entre a sua partida da Zambézia e a sua aterragem apoteótica em Maputo que o Venâncio Mondlane tomou a decisão de se candidatar como independente à Presidência da República de Moçambique. Enganar-se-iam redondamente aqueles que assim pensassem.
O Venâncio Mondlane é um político maduro e responsável. E ele faz aquilo que um político com esse calibre deve fazer: ter um menu de estratégias que formam um quadro de cenários alternativos a accionar como curso de acção no momento adequado. Está continuamente a avaliar as circunstâncias e a medir as temperaturas. E elege o curso de acção que se apresenta o melhor cenário em cada momento, e executa-o com rapidez e perspicácia. A única agonia que tem relaciona-se com a escolha do momento adequado, mas não a ausência de alternativas. O Venâncio Mondlane tem uma capacidade extraordinária de planificação e execução estratégica e táctica.
Mas o dito acima não é o que justifica o meu apoio incondicional à candidatura independente de Venâncio Mondlane à Presidente da República. O meu apoio Venâncio Mondlane prende-se com o facto de que ele representa a aspiração de muitos moçambicanos, que eu me atrevo a dizer que são a maioria na qual me incluo, por uma sociedade verdadeiramente livre e justa, uma sociedade de oportunidades para todos e sobretudo para os mais desfavorecidos, uma sociedade de progresso, moderna, fundada na solidariedade, e união.
O meu apoio a Venâncio Mondlane justifica-se também pelo facto de que ele é um símbolo de um profundo sentido de patriotismo e cidadania para os jovens que se vêm e revêm nele, e querem romper com o passado e levar esta sociedade para a frente.
O meu apoio incondicional a Venâncio Mondlane também se deve ao facto de que ele deu prova mais que suficiente de compriomisso com os valores e aspirações acima mencionados, e ao facto de, não sendo tão jovem pela idade bilógica, ele ser tão jovem nos seus ideiais que a juventudo que é verdadeiramente o futuro deste país se une nele para realizar essa transformação histórica na condução dos destinos do nosso país.
Finalmente, o meu apoio ao Venâncio Mondlane se deve ao facto de que seria uma grande injustiça deixar que ele continue a carregar sozinho o fardo de lutar por todos nós: pois é isso, a luta que o Venâncio Mondlane tem travado extravasa os confins da política partidária. Os direitos pela reposição dos quais o Venâncio Mondlane se tem batido estão consagrados na Constituição da República de Moçambique e são direitos de todos os moçambicanos. Os Partidos políticos são veículos através dos quais os moçambicanos exercem o seu direito de participação na vida política e na governação que traça os seus destinos. Os partidos políticos são obrigados a praticar a democracia interna e o respeito a normas, para se garantir que eles serão agentes de promoção da democracia e legalidade na governação dos destinos do país. Tando a Renamo como a Frelimo deram mostras de movimento contrário a estes princípios.
O Venâncio Mondlane não é uma madeira esperando ser talhada por aqueles que traíram os ideais de progresso e liberdade neste país. Por analogia eu diria que o Venâncio Mondlane é de ferro e aço, forjado em grandes batalhas parlamentares, e naquelas que travou para transformar a Renamo num partido verdadeiramente democrático com compromisso de promover a democracia e o progresso económico e social em moçambique. E ele conquistou vitórias históricas nessas batalhas. Ele deu aos militantes da Renamo a oportunidade de verem os estatutos do seu partido a serem respeitados convocando-se o Congresso. Não será mesmo um exagero dizer que com as suas acções o Venâncio Mondlane convocou o Congresso da Renamo, contra a vontade de uma liderança com tiques profundos de ditadores que se acomoda nas mordomias criadas com recursos do Estado sem prestar trabalho político em contrapartida.
Mas uma candidatura independente não é necessariamente uma candidatura individual. Uma candidatura independente deve ser vista como uma força aglutinadora de todos os que querem quebrar com o ciclo vicioso que amarra e puxa o país ao passado em vez de um futuro de progresso. No fundo, ela deve ser vista e assumida como uma candidatura colectiva, aglutinada no Venâncio Mondlane.
O Venâncio Mondlane é um homem de fé. Do que conheço dele, eu tenho a certeza que ele se entregará a todos os sacrifícios a que a sua fé o empurra, com zelo, honestidade, e compromisso com bem. Mas seria injusto que o ónus seja deixado somente com ele de arcar com o esforço de trazer o bem para todos nós. Se assim fôr, ele não conseguirá.
Agora não é mais hora de dizer ao Venâncio o que deve fazer. Ele já decidiu. Não vai criar partido nenhum. Não vai se acoplar a partido nenhum. Vai ser o candidato de todos a Presidente de Moçambique, que vai aglutinar forças de partidos, organizações da sociedade civil, cidadãos independentes, todos aqueles que querem ver a mudança para o progresso de Moçambique. Como isto se vai estrutura ele vai comunicar na altura adequada, depois de ouvir o "povo".
Vamos sair das nossas poltronas e do nosso conforto e juntarmo-nos ao Venâncio Mondlane nessa luta. Só assim se garantirá a vitória do bem no nosso belo Moçambique.
Roberto Tibana