Por Afonso Almeida Brandão
Os dados estão lançados e a evolução do pensamento dos Moçambicanos até Outubro próximo ditará o nosso Futuro colectivo, enquanto os Jornalistas e Analistas nas Televisões (vulgo, “comentadores” de ocasião!), e também na Imprensa Escrita tentem tudo para influenciar a cabeça dos eleitores, fazendo de conta que as eleições são democráticas. Os programas televisivos de comentário político e alguns artigos de opinião que lemos por aí, na maioria dos nossos jornais não passam duma praga, com alguns deles convencidos que sabem tudo, falam de tudo e nunca têm dúvidas, nunca se interrogam e nunca debatem as razões de Moçambique, ao longo dos últimos 50 anos e com um Regime Político da “Treta” que tem sido a FRELIMO e os seus (des)governantes, tão diferentes, a verdade é que não conseguem sair da «cepa torta» e da pobreza.
A propósito de pobreza, essa continua a aumentar segundo os seus índices , sendo uma maravilha ver e ouvir a grande Família frelimista «chuxa»Lista a enumerar os grandes feitos dos últimos oito anos, mas sem explicar porque cresce a pobreza. Infelizmente, todos sabemos que a Verdade e a Realidade raramente entram nos Partidos Políticos, sendo que a Mentira é já um estado natural na vida do Partido da FRELIMO a que nos habituamos. A naturalidade com que afirmam convictamente as coisas mais absurdas é merecedora de um Óscar para a melhor interpretação.
Como os Leitores já sabem, a minha forma de fazer comentário político é através de exemplos retirados da Realidade vivida e das estatísticas publicadas, procurando que a realidade fale por si. Assim:
Economia — teve um crescimento anémico ao longo dos últimos 25 anos, muito menor do que os parceiros da CPLP do nosso campeonato e a Inflação não tem conseguido equilibrar as finanças públicas, o que, por sua vez, tem permitido ao Adriano Maleiana enumerar um conjunto de programas assistencialistas, que, todavia, não chegam para evitar o crescimento da pobreza, o que é naturalmente escamoteado. Além de que sem crescimento económico digno do nome, não haverá forma de haver salários dignos, sendo que o crescimento da economia e a subida dos salários é a forma de melhorar sustentadamente a vida dos moçambicanos.
Dívida Pública — a criatividade da Família Frelimista inventou a ideia de que a dívida diminui, através da criação da sua relação com algumas das mentiras bem elaboradas, mas, de facto, não parou de aumentar. A dívida pública já atinge máximos assustadores de milhões de Meticais, ou seja, um disparate desde que a FRELIMO de Filipe Nyusi e Adriano Maleiane assumiram o “poleiro”. Este é muito do dinheiro distribuído pelo Governo, dinheiro que veio do crescimento da dívida e também, naturalmente, dos fundos recebidos da União Europeia e do FMI e não da economia produtiva. Sendo que ambas as origens são de futuro imprevisível.
Investimento — quer o investimento privado, quer o público atingiram níveis baixíssimos, o que compromete o Futuro da economia, facto escamoteado através de exemplos pontuais ou fantasiosos, do conhecimento de todos. Pior, o investimento na indústria, nomeadamente o investimento estrangeiro, desapareceu, o que é grave porque a Indústria é ainda o sector da Economia que pode fornecer melhores salários para os sectores da sociedade com menos habilitações.
Exportações — Adriano Maleiane anda muito contente porque as exportações nacionais atingiram alguns resultados insignificantes do PIB. Todavia, a realidade é bem diferente: (a) nenhum país da nossa dimensão com pequenos mercados internos pode sobreviver com exportações de menos de 70% a 100% do PIB, que é o que deviam exportar os países da nossa dimensão dos Países dos PALOP´s; (b) pior, o crescimento das nossas exportações deve-se ao normal crescimento de sectores da indústria, como o Algodão, o Carvão, e um pouco do sector Automóvel, cujos investimentos foram iniciados há 30 anos. Além do Turismo mais modernamente, mas este é um sector que por definição pratica baixos salários e não garante continuidade.
Transportes Públicos — constitui a maior mentira inventada pela FRELIMO para enganar os moçambicanos, enquanto constitui uma verdadeira traição ao interesse nacional, permitindo que os nossos transportes públicos vão de mal a pior e sem Autocarros em número suficiente, o que significa que bate todos os limites da ignorância humana. E os passageiros que se “amanhem”, pois claro e que andem a pé!...
Serviços públicos — o preenchimento da direcção dos serviços públicos por “boys” da FRELIMO inexperientes e imaturos, além de pouco dados a preocupações éticas, criou o caos organizativo e financeiro um pouco por todo o lado. As 40 horas semanais fizeram o resto. Como sequência lançou-se dinheiro sobre o problema, a Corrupção disparou, a Justiça entrou em pânico e organizaram-se máfias que estão a destruir os objectivos tradicionais de qualquer administração. O caso do Ministério da Defesa e das Finanças (a título de exemplo) são os modelos que podem servir de exemplo do ponto a que se chegou: a passagem da corrupção individual e familiar para a organização mafiosa. Basta olharmos para o caso vergonhoso das Dívidas Ocultas, que não deixa de ter contornos semelhantes...
Democracia — trata-se provavelmente da maior mentira da política moçambicana, porque apenas metade dos cidadãos moçambicanos vota, porque a participação política é muito baixa e na raiz do problema está o facto das falcatruas dos Votos Desviados e Falsos, para além dos representantes do Povo serem escolhidos pelos líderes partidários e não pelos eleitores, o que não acontece na esmagadora maioria das democracias africanas (e também europeias, temos que dizê-lo, com frontalidade). Além de que a maioria dos nossos Partidos Políticos recusam a Reforma das Leis Eleitorais, ou seja, recusa a democratização do Regime. Alguma dúvida?
Educação – trata-se do mais importante sector da governação —ou da (des)governação, como queiram chamar —, nomeadamente para combater a POBREZA e a IGNORÂNCIA que se perpetua no seio das famílias moçambicanas pobres, sem que os governos compreendam que é nas creches e no pré-escolar de qualidade que se pode combater esta tragédia e não no Ensino Superior, que sofre com isso. Governos que não compreendem a importância da qualidade da Alimentação (com um Ministro ignorante de “trazer por casa” à frente do sector, como é o caso do Celso Correia e a existência (ou a falta dela!) de Transporte. Em suma: a falta de exigência cruza negativamente todo o nosso Sistema de Ensino.
Talvez que estes exemplos cheguem, por agora, para se compreender que existe em Moçambique um problema de qualidade das lideranças, o que resulta de o processo não democrático da escolha ser feita pelos Partidos e não pelos Eleitores (repetimos). Como resultado, a má governação do país é escondida através do uso sistemático da mentira e da meia-verdade.
Será, pois, que a FRELIMO terá os dias contados a partir das próximas Eleições Presidenciais agendadas para Outubro próximo? A ver vamos.
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