Por Damião Cumbana
São somente 4, os finalistas. O Conselho Constitucional expurgar o "lixo" que só criaria trapalhadas no Boletim de Voto.
Tal como eu escrevia há meses, para as eleições deste ano, desenhei 2 cenários, sendo um com Venâncio Mondlane, pela Renamo e outro sem ele.
Sem ele, eu dizia que as eleições não passariam de uma passeata para o candidato da Frelimo e eu aconselhava que, se assim fosse, Daniel Tchapo deveria se ocupar com outras agendas e não pela campanha eleitoral.
O segundo cenário, com Venâncio Mondlane, eu dizia que as eleições teriam outro tipo de animação e exigências.
O terceiro cenário ainda não se vislumbrava, o de Venâncio Mondlane depois de ter sido ostracizado pela Renamo, ter de partir para outros desafios, com outras forças políticas.
Muitos, incluindo comentadores políticos que desfilavam nas televisões e nas Redes Sociais, diziam que Venâncio Mondlane era sol de pouca dura, era tipo espuma de sabão, cerveja ou refrigerante que desaparece sozinha dentro do recipiente ou copo.
Outros diziam que Venâncio Mondlane estava restrito a um punhado ligado às Redes Sociais, tais como Facebook e WhatsApp.
Ainda me recordo dum debate no qual o jornalista Francisco Mandlhate da STV chamavava atenção ao impacto das Redes Sociais no suporte às ambições de VM mas os outros comentadores, que eu os julguei de desinformados, minimizavam alegando que as Redes Sociais abrangiam muito pouca gente, do universo populacional nacional.
Quando VM decide avançar pela CAD, alguns não vislumbravam a seriedade e a ameaça que essa candidatura representava para os partidos acoitados na Assembleia da República.
Numa das minhas publicações sobre a parvoíce em que as pessoas que aprisionam o líder da Renamo tinham enveredando, ao terem tentado reduzir VM à insignificância, um amigo meu, muito próximo ou no topo das esferas do partido Frelimo, ligou-me para comentar o meu texto e nessa conversa, em jeito de avaliação e provocação eu disse-lhe que se VM decidisse aliar-se ou criar uma força política, ele haveria de provocar muitos estragos à Renamo....
Para o meu espanto, o meu interlocutor cortou-me a palavra gritando...." a nós também..." ou seja, o meu amigo e interlocutor pretendeu dizer-me que os estragos que VM haveria de causar, não seria somente à Renamo mas aos demais partidos políticos, começando pela sua própria Frelimo, a Renamo e o MDM, que todos iriam sentir o custo de uma factura chamada VM.
Tendo VM optado pala aliança com a CAD, de repente deu a está desconhecida coligação de pequenos partidos uma grande visibilidade e empuxo político.
Aquitambém, não tenhamos ilusões: é a CAD que saiu a ganhar ou seja, a CAD vai apanhar uma boleia nunca vista, por impulso de VM e prevejo que venha a estar bem representada na AR.
Chegados aqui, o terceiro cenário, o de ter Daniel Tchapo, Ossufo Momade e Venâncio Mondlane, vai conferir interesse e espectacularidade as próximas eleições.
Nisto de eleições, prevejo a Renamo a abdicar de lutar pelo poder com a Frelimo e recuar para lutar com a CAD, para não perder o segundo lugar. É que Ossufo Momade pode não vir a ser o presidente do segundo partido mais votado. A luta pelo poder presidencial, estranhamente, pode vir a ser entre Daniel Tchapo e Venâncio Mondlane, num ringue onde Ossufo Momade seria o vendedor dos bilhetes ou simples porteiro.
Nas eleições deste ano, que não tenhamos dúvidas: VM vai forçar certos recuos em muitas frentes e em muitas abordagens no seio do Partido Frelimo e Renamo, para dar lugar a novos discursos e tomadas de novas posições.
VM diferentemente de Ossufo Momade e Lutero Simango, estuda e estuda muito bem os dossiers referentes ao Estado Moçambicano. VM não fala à toa como fazem muitos dos nossos políticos. Ele estuda os dossiers antes de abrir a boca.
Este ano, vai-se correr como nunca....
Depois das eleições de 1999, em Joaquim Chissano e a Frelimo estiveram quase a serem arredados do poder por Afonso Dlhakama e pela Renamo, onde foi necessário recorrer a soluções mágicas para não entregarem o poder, as eleições deste ano as prevejo como aquelas que poderão beliscar seriamente a balança do poder presidencial e parlamentar.
No meio das previsíveis disputas políticas, vai ganhar a Democracia e a Nação.
Oxalá os órgãos de administração e gestão eleitoral, o STAE, a CNE saibam deixar as eleições correrem conforme a vontade dos eleitores, sem aquele seu envolvimento pernicioso e batoteiro como já nos habituaram. A PRM que não estenda aquele seu dia a dia, que faz com que em cada crime haja um ou mais polícias envolvidos. Polícia não é para ser actor principal em processos eleitorais.
Aos Tribunais, Procuradoria e ao Conselho Constitucional, que saibam ocupar o seu papel de equidistância perante as contendas que lhes vão ser levadas a conhecer.
Que o Conselho Constituconal nos poupe da vergonha com que nos brindou nas últimas eleições autárquicas de 2023.