Pouco tempo depois de Filipe Nyusi ter chegado à Presidência da República e do Partido FRELIMO, e após ter sido possível verificar o seu estilo pessoal e as suas primeiras ideias políticas, publiquei uma crónica com o título de O Erro de Filipe Nyusi, onde tentei explicar que se o “Camarada da Treta” não mudasse de programa e de estilo, acabaria por ser mandado de volta a mero Membro do Partido ao qual está ligado. Felizmente, não me enganei, pois «os seus dias estão contados»...
A FRELIMO terá provavelmente um novo Presidente, Daniel Chapo, que é muito diferente dos três anteriores Presidentes da República, quer no estilo, quer nas ideias políticas, mas também não vejo que esteja a remar na direcção certa e pergunto-me se o problema é nosso, do País, ou da FRELIMO. De facto, não sei a resposta, mas nestas coisas da actividade política o melhor seria esperar para ver, todavia esperar não se dá bem com os meus hábitos de alguma impaciência, razão porque prefiro arriscar, não sem que antes tenha ido rever uma Crónica de Opinião que escrevi em 2013, argumentando que o então Governo da FRELIMO teria possibilidades com o facto de melhorar a vida dos Moçambicanos para um Estado Melhor, que considerava (e continuo a considerar) o ser uma questão central para o Futuro da FRELIMO (ou de qualquer outro Partido Político que seja).
Ao tempo, considerei que o artigo era um prognóstico bom na direcção certa, pelo que aqui reproduzo um parágrafo, cuja leitura aconselho ao “Camarada” Daniel Chapo e que diz o seguinte: “(...) é igualmente evidente que, para atingir objectivos plurianuais que têm objectivos de monitorização da CPLP e da SADC, Moçambique precisa de pensar não apenas no “numerador — o défice — mas também no denominador — o produto. Os programas de ajustamento devem ter adesão aos factos Económicos e, por isso, compreender os factos da Economia Real. De lá para cá a verdade é que Moçambique continua em recessão e que o nosso País continua com graves problemas de sair do ciclo recessivo, dada a persistência da (des)governação que continua a manter. As previsões de crescimento para 2014 apontam para uma recuperação excessivamente vagarosa, a inexistência de eventuais indicadores de confiança, (des)tabilização do Desemprego e um quase vazio em termos de contributo no capítulo das Exportações. O factor crítico continua a ser o Investimento, essencial para a criação de Emprego. É isso que justifica a opção prioritária para uma Reforma honesta que possa vir a colocar o nosso País entre os mais competitivos da CPLP e da SADC” (...).
Do meu ponto de vista, o eventual (e novo “suposto” líder da FRELIMO, o “Camarada” CHAPO — que é também um dos concorrentes ao “trono” da Presidência da República de Moçambique — tem feito uma “guerra desonesta” aos demais Partidos da Oposição e aos seus concorrentes Candidatos ao “poleiro”, embora um nada distinta do seu “Camarada” Filipe Nyusi fez à época, que foi mais agressiva e mais presente, mas num estilo excessivo de campanha presidencial, e que agora com Daniel Chapo se afasta da racionalidade e da necessidade dos moçambicanos saberem qual o projecto político actual da FRELIMO. E seria bom que se explicasse, claro!
Escolhi este passagem da crónica com dez anos para mostrar aquilo de que estou a falar e relacionado com a FRELIMO. De facto, como é dito, a política “deve ter adesão aos factos económicos e, por isso, compreender os factos da economia real”. Sendo que também me agrada a ideia de a Política ter a ver com o numerador e o denominador, conforme bem explicado na referida crónica de opinião. Ou seja, salvo melhor opinião, ou Daniel Chapo encontra um estilo e alguns objectivos programáticos semelhantes aos deste texto de 2013, de forma a conseguir explicar, com a pedagogia necessária, o conteúdo das suas ideias aos moçambicanos, ou o seu “destino” será semelhante ao de Filipe Nyuse, (que neste momento está praticamente de «malas aviadas para casa» ou para a Prisão, onde já devia estar há muito tempo...)
Moçambique precisa hoje como de pão para a boca de ter uma estratégia clara com alguns, poucos, objectivos a atingir que compensem o vazio de ideias em que estamos a viver. A simples crítica, ainda que justa, não substitui o pensamento criador. Pela minha parte, escolhi a Educação, a Industrialização e a Pobreza como os três grandes objectivos Nacionais, que tento explicar até à exaustão, mas, infelizmente, ainda não sei quais são as escolhas do “Camarada” Daniel Chapo (neste momento de visita a Angola) — e também dos restantes três candidatos.
E não nos podemos esquecer que o número de POBRES no nosso País aumentou de 46,1% para 65% no “reinado” de Nyuse E que ainda não terminou — de acordo com a Estratégia Nacional de Desenvolvimento 2025-2044, aprovada, recentemente, em Conselho de Ministros, referente ao numero de pessoas que VIVEM ABAIXO DO LIMIAR DA POBREZA.
Ou seja: aumentou exponencialmente em Moçambique em consequência da irresponsabilidade vergonhosa e REFORÇADA nos dois ciclo da (des)governação do “camarada” Filipe Jacinto Nyuse pelos 10 anos desastrosos da sua liderança no “poleiro” à frente dos Destinos do País.
Talvez fosse útil voltar ao artigo que escrevemos em 2013 para encontrar uma “Estratégia para o Crescimento, Emprego e Fomento Industrial (2013-2020)” e reforçar o que ali foi mencionado, isto é, de aumentar o potencial do PIB, as Exportações e reforçar o peso da Indústria, além de melhorar a posição de Moçambique no “ranking” de países da CPLP e da SADC no seu todo, como amigos do Investimento. Para os meus ouvidos estas são palavras justas, e que não voltei a escrever há bastante tempo.
Também, salvo melhor opinião, não vejo que seja possível vencer “a máquina de propaganda” da FRELIMO e todas as fantasias nela contidas sem um banho de realidade, ou apenas com outras palavras semelhantes habituais no léxico da Política Partidária Moçambicana. Mesmo sabendo que o Partido «Chuxa»-Listas da FRELIMO muito tem feito nas últimas semanas, para já não falar nos últimos (quase) 50 anos, para destruir qualquer sintoma de credibilidade da sua (?) governação, é necessário afirmar um projecto político alternativo, apresentado com Seriedade, Honestidade, Competência e cujas ideias e propostas sejam claras e não se limitem à crítica avulsa. Podemos estar enganados, mas muitos moçambicanos já estão fartos de ataques políticos e de debates inúteis e precisam, isso sim, de novas ideias e de propostas que possam ir para além da conjuntura. O Partido da FRELIMO vive e sobrevive no mundo das palavras e longe da Realidade e penso que todos os Moçambicanos, já estarão FINALMENTE prontos para valorizar as alternativas que acrescentem alguma pedagogia, racionalidade e realidade ao discurso político e, sabendo que nunca poderemos estar todos de acordo em tudo, tentemos então construir um acordo baseado no essencial.
O novo Presidente da República que venha a ser eleito, em Outubro próximo, seja ele Lutero Simango (MDM), Ossufo Momade (RENAMO), Venâncio Mondlane (CAD) ou Daniel Chapo (FRELIMO), em nossa opinião tem essa responsabilidade, porque apesar do panorama partidário Moçambicano ter estagnado há muito, acredito que os restantes três Partido da Oposição continuam a ter condições de alargar a sua base de apoio através do primado das ideias e menos de palavras com pouco sentido que enchem o nosso espaço público.
É neste contexto que temos a obrigação de saber que a FRELIMO, com a sua ausência de coerência e de projecto político tem sido um fracasso em termos de governação, mas também, por isso mesmo, a alternativa só pode ser a apresentação de um outro projecto político claro, coerente e compreensível, alternativo ao vazio de ideias das ideologias que caracterizam actualmente o panorama generalizado da Político Nacional entre nós.
Acresce que os quatro candidatos às Eleições Presidenciais tem ainda um capital humano com grande experiência como Deputados e responsáveis, que, infelizmente, tem desperdiçado ao longo dos anos, o que porventura se deve a um falso conceito de Modernidade, o qual poderá estar na origem de algum do seu esvaziamento político. E esta observação aplicamo-la a Venâncio Mondlane que desperdiçou tempo demais na RENAMO “a aturar” o general de “Aviário” Ossufo Momade (convenhamos).
A ver vamos, entretanto, como é que as coisas vão correr daqui para a frente, até Outubro próximo. Como sabemos, o VOTO dos Eleitores Moçambicanos é Soberano, Sagrado e Decisivo.
A nossa Juventude e a inovação das ideias são necessárias, úteis e positivas, mas devem possuir também a segurança dada pela experiência que contribua para a confiança dos Eleitores.
A Política em Moçambique vive há demasiado tempo num clima de excesso de ideologia, sendo por isso necessária e urgente uma cura de realidade, que as pessoas compreendam e se disponham a construir, independentemente de quem venha a ser eleito Presidente da República ou não. E por aqui ficamos.