Por Afonso Almeida Brandão
Um dos grandes problemas de se estar maluco é não se saber que se está maluco! O mesmo se passa com os idiotas. Não sabem que são idiotas. Com a “desgraça” do nosso (des)Governo a coisa não corre de forma muito diferente — não existe a mínima noção dos problemas do País, nem a sua manifesta falta de capacidade para os resolver.
Estamos em finais de Junho e as temperaturas estão tão amenas quanto no meio da época primaveril, próximas dos 15 a 20 graus. Não fosse a copiosa chuva que sempre surgiu inesperadamente dos últimos dias e teríamos as explanadas a bombar enquanto o sol raiasse. Mesmo pela noitinha e no interior profundo as temperaturas têm andado acima de zero. Em sentido inverso, as Urgências estão à pinha, perto da ruptura, segundo os (nossos) meios de Comunicação Social e a nível do País, com particular destaque para Maputo e para as Capitais de Distrito.
Não sendo médico, nem tendo as equivalências de quem tutela o Ministério da Saúde em Moçambique, aponto uma série de motivos que me parecem determinantes, a começar pelo número de moçambicanos que não têm Médico de Família e, como tal, não têm um rastreio atempado e sério dos seus problemas e dos cuidados que devem ter para os minorar. De igual forma, aqueles que já sofriam de problemas viram-nos agravar durante o período pandémico, não obrigatoriamente por causa do vírus, mas pela não realização de exames complementares e de diagnóstico.
Hoje, com os salários e pensões que se praticam, é assustador o número de pessoas que tem que escolher qual a medicação que pode pagar — e já de si quase inexistente nas Farmácias —, prescindindo, sem critério, de outra e sem que veja, da parte do desta “desgraçada” (des)governação da FRELIMO que nem sequer tem um estudo que permita saber quantos são (os cidadãos em questão), quais os medicamentos mais que são preteridos nessa escolha e um plano para combater essa precaridade. Nada! Zero!
Contribui, também, o aumento brutal do custo de vida e a fome que o nosso “estimado” Ministro Celso Correia afirma não existir em Moçambique e que por esta razão a tem desvalorizado constatemente, inclusivé, no estrangfeiro (além de ser um aldrabão inqualificável e sem vergonha). Entre outras coisas, aquilo que estes comportamentos (de forma massiva e num grupo etário muito específico) nos dizem é que, para além das escolhas inexistente dos medicamentos, os nossos idosos têm que se expor ao risco e à vergonha de terem que muitas vezes que passar por fome para sobreviver.
Como é óbvio, com estas carências alimentares, encontram-se muito mais débeis e sujeitos a infecções e outras doenças. Uma outra realidade, para a qual ninguém parece olhar, é a quantidade dos denominados sem abrigos e de mendigos que vivem da caridade de terceiros, constituindo, também eles, grupos de risco. A agravar, pelo panorama de aumento geral das rendas e de outros encargos estupidamente mais caros, como é o caso da Internet no nosso País, são as rendas à habitação, que levam a que grande parte das pessoas aceitem viver em condições muito mais degradadas e, muitas vezes, quase desumanas, sobretudo nos grandes centros urbanos, porque o dinheiro não chega para tudo.
Chegados aqui temos de admitir que este é o retrato geral do pobre País em que vivemos, muito mais abrangente e preocupante na Saúde dos moçambicanos, ao invés de culpar as emissões de carbono, o Lixo que vemos amontuado por toda a cidade, a poluição urbana (onde temos de incluir os automóveis, as motas e os “chapas”) ou as alterações climáticas pelo aumento de doenças respiratórias.
Centrar as causas aqui é só ser-se idiota ou não ter a mínima ideia do problema. Aliás, estas servem, hoje, de fiel para tudo. E, por isso, convém que o problema seja este, que é de agenda, da moda e dá direito a tempo de antena, e não outro, estrutural e muito mais grave, o qual, para além de muito dinheiro implica uma Reforma profunda na forma como pensamos a nossa Sociedade já de si degradada e sem solução à vista.
Não querendo sermos mesquinhos e levantar falsas suposições, certo é que os idosos só são prioridades nos discursos eleitorais da Esquerda Frelimista de raíz «chuxa»Lista. Primeiro, são pensionistas e não contribuintes, pelo que na Balança do Estado representam um duplo custo. Segundo, são aqueles que mais usam e dependem da (tendencial) gratuitidade dos serviços públicos, aumentando, novamente, a despesa do Estado. Terceiro, pouco ou nada são considerados, seja para o que for e a sua vida útil é medida em função dos ciclos eleitorais. Por muito que o discurso seja outro, por muito que o politicamente correcto e as agendas ideológicas vociferem o contrário, o certo é que, para os Políticos em geral (e os de Esquerda em particular), os idosos são apenas “verbos de encher”, não beneficiando de qualquer medida efectiva e de monta durante os exercícios governativos (ou des)governativos, como queiram chamar...
À boa maneira Frelimista dita Socialista (e de «trazer por casa») criam-se comissões, serviços, pretensos estudos, replicam-se os modelos de um hospital para o outro e atiram-se mais uns tantos milhões de Meticais no Orçamento, num aparente esforço de resolução, sendo certo que nunca se olha para o elefante na sala. O problema na Saúde, em Moçambique, muito para lá do factor de gestão e orçamentação, é um problema de Saúde Pública, de hábitos alimentares e da falta das condições generalizada de vida.
Centralizar serviços, descurando os cuidados primários, maltratar Médicos e Enfermeiros, não pagar vencimentos minimamente condignos aos Coveiros, aos Agentes da PRM, aos Professores, aos Bombeiros e praticamente à maioria dos demais sectores de actividade profissional, existentes de Norte a Sul do nosso País, apenas por motivos ideológicos, tem consequências desastrosas para o Cidadão comum Moçambicano já de si sofredor e na sua grande parte vivendo no Limiar da Pobreza...
Bom exemplo disso são (a título de exemplo) as ambulâncias que por vezes têm que aguardar à porta dos hospitais duas e mais horas porque estes não têm macas, privando-as, durante esse período, de socorrerem situações urgentes. É só a mais pura das incompetências. Perguntamos: quantas macas se comprariam com o dinheiro que é “desviado” do Erário Público, das Comemorações do Cinquentenário da Independência de Moçambique ou das passeatas do nosso Presidente Filipe Nyuse e respectiva comitiva quando se desloca ao estrangeiro a “fingir” que negoceia tudo e mais alguma coisa e na volta não negoceia absolutamente nada...
Em Moçambique morre-se estúpido e devagarinho, com fome e na miséria, roubando um pouco por aqui, por ali, empunhando cartazes da FRELIMO e culpando um Passado Colonialista que há muito deveria estar enterrado…
Haja Deus! — comentava com amargura e apreensão, um conhecido Deputado da nossa Oposição Política.