Por Afonso Almeida Brandão
Esta semana trazemos um desabafo sincero e sentido sobre tudo aquilo que vemos e ouvimos por aí no tocante aos processos e interrogações que surgem por parte de decisores políticos, dos mais diversos problemas sociais, da existência do Tráfico de Droga que persiste (e prolifera) a olhos vistos, além dos sectores da Saúde, da Educação, da Justiça, da falta de Segurança, dos Favoretismos e das Influências que “pairam na política” de «que uma mão lava a outra»...
Não é uma análise às consequências e aos efeitos que são visíveis por todos nós, mas sim às causas, tentando assim fazer lógica e entender tudo aquilo que tenho visto cada vez mais a degradar-se, com muita preocupação.
Antes de mais quero confessar que a minha estranheza advêm do facto de não saber se sempre assim foi, se fui eu que acordei só agora literalmente para a vida, ou se a Política, e mais concretamente a acção Governativa (ou antes (des)governativa, digamos assim) — tem vindo paulatinamente a corromper-se, ao ponto de hoje já só ser um logro de mentiras e falsidades, ou, como alguém diz, de inverdades e pessoas desonestas ou de má índole, que apenas pretendem aproveitar-se dos mais incautos para assim retirarem os seus dividendos políticos, num teatro degradante a que todos chamamos de Democracia. Sim, porque em nossa opinião não passa de uma pseuda-democracia!
Talvez, como disse, tenha sido sempre essa a regra e não a excepção e agora esteja a haver mais escrutínio, ou as pessoas tenham uma análise crítica mais acutilante que não permita mais que os vícios e estratagemas do Passado perdurem, e que, inclusive no Presente, já não os toleram (assim o esperamos), ou talvez tenhamos sido nós que fomos ficando mais velhos e desiludidos à medida que vimos que «toda a cartilha» (Chuxa)lista dos Frelimistas, que conhecemos bem de perto, ou qualquer outra mais ideo-lógica ou programática arvorada numa tecnocracia, ser cada vez mais esquecida e remetida para segundo plano por parte de quem a esgrima e exprime em comícios estéreis e, o que é pior, histéricos, fazendo com que o pensamento teórico e filosófico que deveria preceder a acção esteja, também ele, refém de um curto prazismo e de um oportunismo eleitoral premeditados, sendo cada problema resolvido — ou não — com base na potencial vantagem que é dada para este ou para aquele fim, tendo cada acção ou omissão feita um só intuito de facto — o de assumir poder e depois de o almejar, tudo fazer para mantê-lo, não importa os métodos que se usem.
Talvez a definição de Política de uma perspectiva teórica/científica ou ainda sociológica seja isso mesmo, e talvez sejamos nós que somos idealista demais, o que é facto é que sempre consideramos (e continuamos) a considerar que não vale tudo, na Vida e muito menos na Política, e que muito daquilo que este grande instrumento da acção humana deveria ser, o serviço ao outro e ao bem comum, está hoje esquecido. Ao invés disso é um lodo de mentiras, falsidades, hedonismo e culto de personalidades, tão fracas e frágeis que precisam constantemente de um séquito de bajuladores bem pagos para lhes massajarem o frágil ego, pois sem esses “Metralhas” lá estarem não aguentariam a sua própria existência, dado o ínfimo que são e que o sabem...
Salvo claras e raríssimas excepções, hoje a Política em Moçambique está pejada destes espécimes, os quais nem vale a pena particularizar.Todos sabemos quem são, entram-nos pela casa adentro todos os dias sem nos pedirem por vezes permissão, a alarvar disparates uns atrás de outros e dão continuidade à sua ostensiva presença no espaço público, convencidos que são omnipresentes e amparados por “um mediatismo imbecil” e proveniente de uns tantos pseudo-jornalistas e analistas políticos dos Órgãos de Comunicação Social da nossa praça, com um espírito crítico e questionador “abaixo de zero”, bem como uma subserviência que, embora compreensível (dado os parcos recursos e a excessiva dependência que têm dos primeiros), dá dó para quem está a observar. Enfim, não vale apenas continuarmos a “bater em inuteis” de trazer por casa!
A quem serviu o chapéu que se acuse, pois nós não estamos para lhes dar mais palco ou importância para além daquela que infelizmente já granjearam, para desgraça de todos os cidadãos moçambicanos que tiveram e continuam a ter que depender destes Frelimistas da “treta”... e dos seus (des)governantes de meia tigela...
Os exemplos são demasiados e nem 20 edições de um jornal como este (embora editado em “on line”) poderiam porventura referir todos os casos que parecem surgir numa cadência vertiginosa, encurtando a periodicidade com que escandalosamente são noticiados de ano para ano e envergonhando aqueles que pretendiam outra escolha.
Senão, vejamos. Há para todos os gostos Ministros, Directores Provinciais e Distrais, Presidentes de Câmara, Directores e Grandes Empresários e Assessores de Administração arguidos em processos de favorecimento; ex-Ministros que assumem posições de regulação de órgãos sem o mínimo de isenção para o cargo que estão a assumir e carregados de conflitos de interesse; troca de favores entre políticos e empresas; pessoas que assumem cargos de alguns Ministérios do Estado que não têm o mínimo de habilitações literárias para lá estarem; Ministros (e também algumas Ministras) que chegam ao lugar não por mérito, mas por serem aparentadas de aposentados Ministros. Falando disso, ainda políticos que nem acabaram o curso e inventam teses; favorecimentos ilícitos em concursos; negócios e recebimento de comissões onde os mesmos estão a representar o Estado, empresas familiares com acesso a fundos públicos usando a informação privilegiada que por vezes detém; absolvição ou arquivamento de processos, de que o “vergonhoso caso” das Dívidas Ocultas (e outros que tais são exemplo flagrante); promessas nunca cumpridas e sempre adiadas de construção de novas Estradas, Mercados, Escolas dignas, Empresas ou de outras infra-estruturas, a nível do País, tais como Hospitais; gafes monumentais e atestados de incompetência; anúncios de ajudas que nunca chegam; Escolas que não abrem com as vagas todas, dizendo-se, e passo a citar o eufemismo, não há horários atribuídos. Pelo menos é o que dizem por aí...
Suspeitas de abuso de Poder em vários Ministérios e não só; destruição de serviços públicos de qualidade; quadros e obras de arte que apareceram em casas de titulares de cargos públicos, roubadas ao Erário Público, bem como de cortinados de veludo que desapareceram da Câmara Municipal da Capital; intromissões em processos de índole económica por parte de Chefes de Estado (e de outros responsáveis governantes); favorecimentos em concursos públicos de várias ordens; colocação de pessoas da confiança política para controlo de funções vitais do Estado; contratações de pessoas para cargos fictícios; contratações de “especialistas” sem a mínima capacidade ou sequer experiência profissional com ordenados que rebentam a tabela remuneratória; maridos de Ministras com consultorias milionárias ao Estado. Há de tudo um pouco, convenhamos...
Incompetências crassas que inclusive ja originaram a morte (ou a desgraça) de pessoas, favorecimentos e arranjos entre outros Partidos Políticos para manutenção dos seus cargos e poder, ajustes directos em concursos públicos, aquisição de imóveis abaixo dos preços de mercado, e a lista, embora desmoralizadora e extensa para quem tem ainda alguma FÉ na humanidade, continuaria e para cada exemplo sucedem-se as instâncias e réplicas mudando apenas as personagens, como se de um “script” de um filme pré-formatado se tratasse, sendo que já são tantas que demos por nós no processo de elencagem a desvalorizar grande parte delas, até mesmo a pôr em causa o nosso próprio juízo que fazemos das mesmas. Dito de outro modo, relativizar a sua gravidade, dado que já fazem parte da normalidade e do nosso quotidiano moçambicano...
Ainda assim há que perguntar se queremos pautar e alicerçar o construto teórico da política nestes exemplos ou se, por outro lado, desejamos censurar estas práticas e reprimi-las ao máximo, para que definhem até desaparecerem por completo! Por isso mesmo, urge criar um novo entendimento da política, que tenha em linha de conta não mais o que é dito e as bonitas palavras, mas sim o que é feito e que a acção ou inacção tenham as suas necessárias consequências, sendo igualmente as pessoas consequentes consigo mesmo e com as suas decisões. Sem isto damos por nós sempre a desculpar o indesculpável a defender o indefensável, sem que façamos um verdadeiro exame colectivo enquanto sociedade e perguntemos de uma vez por todas se é este o exemplo que queremos de pessoas a representar-nos, quer aqui, quer lá fora. E dos “barões” da Droga que temos por cá e da “raia miúda” que estão ligados a eles, de que Maputo, Beira, Nacala e Nampula são exemplo flagrante.
Chegados aqui resta-nos perguntar se por acaso há por aí alguém que nos possa dar algumas respostas e se é esta a imagem que os Moçambicanos e sobretudo os nossos responsáveis do Governo e dos principais Partidos Políticos do País tem de nós próprios e aquilo que queremos mostrar ao Mundo?!
Alguém nos pode adiantar alguma coisa em relação a todas estas questões?!... Ou seja o que Deus quiser e amanhã logo se vê?!?