Por Afonso Almeida Brandão
Não nego que possa haver alguns jovens licenciados com melhor formação do que no passado, mas, de acordo com a minha experiência, devem ser os que emigram. Porque em relação aos restantes tenho todas as razões para pensar o contrário, a começar pelas Grandes e Médias empresas que é o sector que conheço melhor. O número de falências das empresas cresce, em particular das pequenas que são mais de 90% do total, na maioria de indianos e de alguns africanos, o que não revela grande melhoria na qualidade da gestão. Quanto às Grandes empresas, do panorama geral aceito que exista melhor formação entre os jovens que ali consigam empregos e que não são muitos, porque se trata de um sector da economia, nomeadamente a indústria, em estagnação.
Entretanto, vejo sinais preocupantes em geral, na Economia e na Sociedade Moçambicana, de que os jovens que chegam ao mercado de trabalho têm enormes deficiências de formação e estão longe da tão apregoada Geração mais bem preparada. Desde logo a grande quantidade de jovens a que o Partido da FRELIMO e o Governo de Nyuse têm dado empregos, porque, apesar de geralmente bem pagos, os resultados da sua formação não são brilhantes e tem resultado em serem “paus mandados dos menos jovens” que chegaram antes deles, sem ideias diferentes e com uma enorme tentação de transformar as fantasias governativas em realidade virtual. Além de trazerem para a Vida Política e Económica a falta de exigência existente no Sistema de Ensino (além de outros sectores...)
Também na minha experiência como Jornalista profissional resultante do contacto diário com a Realidade que se vive no País (falamos naturalmente de Moçambique), o Estado, com os Bancos, Empresas de Telecomunicações, Órgãos de Comunicação Social da TV, Rádio e Jornais, na sua maioria incompetentes, Hospitais e Clínicas Privadas, serviços em geral, só vejo desorganização, péssimo serviço aos clientes e aos cidadãos, arrogância despropositada, incompetência e um grave desconhecimento das normais regras da boa educação. Nomeadamente as pessoas de uma certa idade como eu são tratados como incapazes e inúteis e basta telefonar para uma empresa de Telecomunicações para tentar resolver um qualquer problema, tratar do Passaporte, do Bilhete de Identidade ou para renovar o DIRE ou ir a uma das suas lojas, para se perceber do que estou a falar.
Pessoalmente não vou aos jogos de futebol, mas vejo televisão e não poucas vezes dou comigo a ver hordas de jovens e outros menos jovens, certamente muitos deles licenciados, a caminharem encurralados como animais entre os Agentes da “nossa” PRM e a comportarem-se nas mais diversas ocasiões como selvagens analfabetos, sem culpa para os que realmente o são por nascimento. Não sei contar quantos destes jovens pertencem à Geração mais bem formada dos últimos anos, mas alguns serão.
Vou frequentemente a cafés, pastelarias, restaurantes, supermercados, bem como a repartições públicas, e vejo alguns jovens entre os funcionários, que tento evitar porque, por experiência, prefiro o conhecimento e a atenção dos mais velhos relativamente à ignorância demonstrada por muitos jovens.
Penso, apesar de tudo, não ser um velho rabugento que não gosta da juventude; tenho netos que adoro e convivo com jovens a quem tento explicar os problemas da nossa Sociedade. Não poucas vezes, quando me pedem uma opinião sobre como encontrar uma futura carreira profissional, aconselho aos jovens e às suas famílias sempre a mesma receita: façam uma Licenciatura numa boa Universidade Europeia fora de Moçambique e que seja da vossa escolha e depois prossigam, se puderem pagar, o Mestrado numa Escola da especialidade escolhida no estrangeiro, porque se forem pelo menos alunos razoáveis os empregos chegarão até vós, bem pagos e sem grandes problemas. Trata-se, em princípio, de passar a ter uma melhor qualidade de vida, melhor salário, melhor sistema de Segurança Social, Reforma certa e filhos integrados em sociedades mais avançadas e mais justas.
Sempre gostei muito de Moçambique, até porque foi neste País que vivi e trabalhei, apesar de ter estudado em Portugal, na minha adolescência e juventude. Mas posso adiantar que foi na vida adulta que lutei modestamente pela Democracia e pela Justiça Social, dei algum contributo para o desenvolvimento da Economiano domínio da área profissional a que pertenço, adoro os cantos e recantos do nosso país (Moçambique), mas não sou estúpido e vejo com clareza cristalina que a (des)governação de grande parte dos últimos 50 anos nos condenou à pobreza e ao atraso no contexto dos países da CPLP e da União Europeia. Causa de muitos jovens, que também não são estúpidos, emigrarem.
Hoje a única contribuição que dou ao meu país (refiro-me a Moçambique) são os meus escritos, onde há muitos anos defendo um sistema de educação que privilegie as creches e o pré-escolar de qualidade com alimentação e transporte, com o objectivo de todas as crianças chegarem ao ensino oficial aos seis/sete anos com níveis de desenvolvimento semelhantes. Depois, é a pedagogia da exigência e do trabalho, a meias com os conhecimentos, os comportamentos e as competências que todo o sistema de ensino deve garantir, já que na maioria das Famílias mais pobres e mais ignorantes —, além daquelas que vivem no Limiar da Pobreza — isso não é provável. Não será culpa minha que os nossos (des)governantes destes ”Metralhas” do Partido FRELIMO que Filipe Nyuse “comanda” (ou finge comandar!) não compreendam nada dessa estratégia e prefiram “a fantasia” da (?) Geração mais bem preparada de sempre.
Tenham mas é juízo, Senhores Políticos de “Aviário”, já de si “caducos”, impróprios para consumo e no “poleiro” faz tempo demais... e deixem Governar quem possa levar Moçambique «a bom porto», para que o Povo Moçambicano, sem excepções, possa voltar a ter novamente a Esperança dos inícios de 1975 e volte a acreditar num Futuro risonho que já tarda.